Cerca de 30 pessoas reuniram-se ao final da tarde de hoje, 14 de outubro, cerca das 17h30, em frente ao Consulado Geral de Angola, em Faro, para uma vigília pacífica de apoio ao rapper e ativista Luaty Beirão, que está em greve de fome desde 21 de setembro, pela renovação política daquele país africano. A capital algarvia juntou-se assim ao protesto que decorria simultaneamente em Lisboa.
Já restava pouca cera nas velas acesas pela liberdade dos 15 jovens detidos desde junho, em Luanda. Luzes ténues, mas bastante simbólicas, colocadas em cima da escultura do antílope de metal que assinala as instalações do Consulado Geral de Faro, na Avenida Calouste Gulbenkian, uma das mais movimentadas de Faro.
Mesmo com pouca experiência nas redes sociais, Maria Helena Freire convocou a vigília, ao exemplo da que decorria em Lisboa, à mesma hora.
«Estamos aqui para apresentar o nosso protesto contra estas prisões», sublinhou Maria Alice Brandão em declarações ao «barlavento».
«Trata-se de uma injustiça! Como é que estes jovens, que não têm acesso a armamento, nem a qualquer apoio monetário, nem nada, podem ser acusados de tentativa de golpe de estado?»
«A única coisa que eles têm são livros, papel, canetas e música. O Luaty é um rapper e muitas das suas canções são a favor da liberdade. Já por várias vezes, ele e outros ativistas foram ameaçados e detidos», embora desta vez, o que se está a passar «é muito grave».
Os presentes confirmaram que o próprio diplomata, identificado pelos manifestantes, passou pela vigília, de carro, «mais de uma vez».
«Fizemos-lhe adeus, mas ele não parou, não quis falar connosco».
O protesto foi seguido de perto por várias pessoas, alegadamente próximas do Consulado, que tiraram fotografias aos protestantes ao longe, como aliás, o «barlavento» teve oportunidade de constatar no local.
Maria Alice Brandão frisou que esta iniciativa não se tratou de uma manifestação, mas sim, de uma vigília pacífica, que contou com o apoio dos muitos condutores que viram os cartazes com o slogan «Liberdade já!» e buzinaram num coro espontâneo.
Brandão sublinhou que Portugal concede na sua Constituição, o direito à manifestação, ao contrário do que acontece hoje em Angola.
«Pela liberdade de expressão tudo se faz. Sem ela, não há democracia».
«Esperamos que o Luaty amanhã, que será o seu 24º dia em greve de fome, já possa comer», concluíram.
Luaty Beirão foi detido há mais de três meses, então sem mandato judicial, está agora acusado, com 14 outros jovens, de uma obscura conspiração contra o Estado angolano.
Perante a prisão infundamentada e depois a acusação absurda, Luaty Beirão entrou em greve de fome exigindo que todos os detidos aguardem o julgamento em liberdade.
De referir que o padre da Igreja de São Domingos, em Luanda, divulgou na passada terça-feira, dia 13, um vídeo condenando a repressão e apelando à libertação dos jovens, criticando a posição do governo de Angola.