A jogar em casa, a secretária de Estado Adjunta e da Saúde
Jamila Madeira anunciou «investimentos críticos» de 2,8 milhões de euros e tranquilizou os ânimos em relação à gestão do Coronavírus no Algarve.
Um novo TAC de 64 cortes «que não só faz a redundância, como aumenta e amplifica toda a capacidade de diagnóstico dos profissionais» que trabalham na unidade de Faro do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), assim como a remodelação da cardiologia, intervenções na urgência e na central de esterilização, foram alguns dos investimentos que Jamila Madeira, secretária de Estado Adjunta e da Saúde, anunciou segunda-feira, dia 2 de março.
governante teve uma reunião de trabalho com o concelho de administração do hospital, cujas funções cessaram no final de 2019, e apesar da insistência dos jornalistas, não deu novidades em relação à tomada de posse de uma nova equipa de gestão.
«Os mandatos têm um início e um fim. Esse início e fim é conhecido e neste caso aconteceu a 31 de dezembro de 2019. A todo o momento, todas as decisões são passíveis de ser tomadas», sendo que a ministra da Saúde, Marta Temido, está a avaliar cenários.
«Será uma solução que sirva bem os interesses dos utentes que vêm ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) do Algarve e que naturalmente venham ao CHUA. Essa é a preocupação que o Ministério da Saúde tem presente e que oportunamente, quando a senhora ministra assim o entender, será dado conhecimento» disse.
Mas, até lá, «não perderemos um segundo, um minuto, uma hora que seja das nossas vidas à espera para que venha alguém a seguir como uma espécie de Sebastianismo de resolução dos problemas».
Questionada em relação ao tão falado novo hospital central para o Algarve, a governante usou uma metáfora.
«Esse é um dossier que está em cima da mesa. Não é um origami que o governo se ponha a fazer dobrinhas e saia de um dia para o outro. Está a ser trabalhado todos os dias e precisa de ser acautelado, porque não só todas as dinâmicas de construção de novos hospitais são delicadas, como as deste em particular são muito delicadas».
«Quando avançar será um processo a breve trecho para acautelar as necessidades dos profissionais, dos utentes e da resposta que é preciso dar a uma região como a do Algarve neste âmbito. Neste momento, o origami ainda não está construído, nem será por essa via que será construído, mas essa é uma preocupação do governo», reiterou.

Em relação à pandemia do Covid-19 que marca a atualidade internacional, Jamila Madeira explicou que «o Hospital de Faro, assim como todas as unidades do país, estão preparadas com salas de pressão negativa e com soluções dentro do quadro do plano de contingência que foi elaborado pelo Direção-Geral de Saúde para dar resposta e encaminhamento adequado aos cidadãos. O plano de contingência está salvaguardado. Todas as dinâmicas e de reforço que eram necessárias, o hospital já as planeou e está a implementar», garantiu.
Sobre o buraco nas escalas na cirurgia do Hospital de Faro, a secretária de Estado pouco ou nada avançou. «Há uma reunião prevista e esse é um dos temas na agenda. Natural e oportunamente essa questão poderá ter desenvolvimentos. Neste momento não consigo dar. Há uma alteração legislativa a ser estudada e em curso e que poderá ajudar a acomodar uma solução. Mas não me cabe a mim responder sobre essa matéria».
Jamila Madeira disse ainda que «tem havido um reforço muito substancial de profissionais, seja médicos, seja enfermeiros, aqui no CHUA, durante toda a anterior legislatura. Temos cerca de 40 e muitos médicos reforçados, mais de 100 enfermeiros e portanto temos números muito expressivos de reforço de capital humano. Sabemos que abrimos muitos concursos, alguns ficaram com vagas não ocupadas, abrimos vagas carenciadas e ainda assim algumas ficaram não ocupadas. É um problema que se coloca em muitos pontos do país e não só no Algarve».
PSD Algarve preocupado com atitude «leviana e irresponsável» do governo
No seguimento desta visita, o deputado social democrata Rui Cristina considera que «não basta dizer que o Hospital de Faro está preparadíssimo para responder a casos de infeção, como ouvimos a secretária Adjunta da Saúde Jamila Madeira afirmar. O que precisamos é de ter a certeza que o Laboratório Regional de Saúde Dr.ª Laura Ayres já tem kits em número suficiente para proceder às análises e contra análises dos infetados pelo Coronavírus. Não é com inverdades por parte do governo quanto às condições existentes nas unidades públicas de saúde do Algarve que se vai prevenir, confirmar e isolar casos de doentes infetados com o COVID 19», sublinha o parlamentar em nota enviada às redações, na terça-feira, dia 3 de março.
O deputado afirma ainda que no fim de semana em que Jamila Madeira afirmava «estar tudo preparado, estavam internados no Serviço de Observação das Urgências do Hospital de Faro cerca de 50 doentes, numa sala confinada e sem ventilação, cuja lotação não deveria ultrapassar as 20 camas».
Rui Cristina diz ter obtido junto dos responsáveis do serviço «a confirmação das deficientes condições de trabalho dos profissionais e do risco para estes e para os utentes. É intolerável não existirem medidas imediatas e de acordo com a situação porque um hospital que já está no grau vermelho da contingência hospitalar, não está certamente capaz de uma resposta adequada».
Aliás, o PSD Algarve manifesta, «extrema preocupação pela forma leviana e irresponsável do governo, perante o alto nível de risco do Algarve, tanto para os residentes como para os visitantes, por se tratar de uma região turística e com grande mobilidade de pessoas».
Por outro lado, o deputado lembra que a Administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHUA) «está a ser contestada pelos chefes de serviço e restantes clínicos, que subscreveram um abaixo-assinado pedindo a sua substituição, enquanto dois dos vogais já manifestaram a sua indisponibilidade para se manterem em funções, dado que o mandato do organismo de gestão do CHUA terminou em dezembro e até hoje não houve decisão por parte da ministra da Saúde quanto à sua continuidade».
Rui Cristina questiona ainda como vai ser cumprida a recomendação de isolamento de doentes, «quando apenas existem quatro quartos a isso destinados, sendo que um deles está na pediatria e dois deles já estão ocupados por casos de pneumonia».
Por fim, o parlamentar lamenta ainda a «a demagogia e as falsas promessas no que concerne ao anúncio de investimento de 2,8 milhões de euros, quando diminuiu cerca de 30 por cento a verba consignada no OE 2020 para o funcionamento do CHUA. É inaceitável que se anuncie a aquisição de um aparelho de tomografia computadorizada (TAC) quando o mesmo já foi comprado em 2019 e permanece dentro das embalagens por não haver espaço para o seu funcionamento».