Processo pouco transparente coloca Património Agrícola em risco, diz deputado do PSD.
O Centro de Experimentação Agrária de Tavira onde se salvaguardam as espécies genéticas do Algarve está em risco de destruição, devido à construção de uma estrada.
«A obra é da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal que, no entanto não assume a escolha do traçado e alega ser da responsabilidade da Câmara Municipal local, este atentado ao património agrícola da região», alerta o deputado Rui Cristina.
Para o parlamentar, «é inconcebível assistir à destruição de um repositório único, sem que os cidadãos de Tavira e do Algarve tenham sido consultados e estejam a assistir a este espetáculo degradante do jogo do empurra entre um organismo central e uma autarquia, alijando ambos responsabilidades».
Rui Cristina considera que «a Infraestruturas de Portugal dizer que optou pela alternativa da localização da estrada recomendada pela autarquia e por sua vez a presidente da Câmara alegar que nada sabia, é um exemplo da má gestão socialista, associada a uma falta de transparência condenável».
Os eleitos do PSD em Tavira não foram consultados, os cidadãos foram ignorados e até a Direção Regional de Agricultura do Algarve, pela voz do seu diretor, lamenta publicamente em entrevista a um jornal regional esta decisão, sublinha o deputado.
Dado que a empreitada para a construção de um estrada de 20 metros de largura e 806 metros de comprimento, está incluída no processo de eletrificação da Linha do Algarve, no troço entre Faro e Vila Real de Santo António, em que será necessário suprimir a passagem de nível de Tavira, junto à estação ferroviária e definir um percurso alternativo para o trânsito automóvel entrar na cidade, Rui Cristina considera que «ainda se vai a tempo de salvaguardar o Centro Agrário de Tavira», um equipamento essencial para o desenvolvimento agrícola da região pelo trabalho de recolha, conservação e ulterior caraterização de variedades tradicionais de fruteiras algarvias (alfarrobeiras, amendoeiras, figueiras, nespereiras, romãzeiras, macieiras) e ainda de prospeção e caraterização da variabilidade genética de castas de videiras autóctones.
«Importa saber quem tomou a decisão e exigir dessa identidade a correção do traçado, pois este processo pouco transparente não pode ser irreversível», exige o parlamentar.
Neste contexto, os deputados do PSD eleitos pelo Algarve Rui Cristina, Cristóvão Norte e Ofélia Ramos vão questionar a Ministra da Agricultura que tutela a Estação Agrária de Tavira e o Ministro do Planeamento e das Infraestruturas que tutela a Infraestruturas de Portugal, sobre as soluções que possam ser implementadas.
A Estação contém um repositório único para 120 variedades de amendoeiras, 44 variedades de alfarrobeiras, 97 de figueiras, 19 de nespereiras, 26 de macieiras (incluindo o Pêro de Monchique) e 78 de romãzeiras.
Além das coleções de árvores de fruto tradicionais, que são mais de um milhar, o Centro de Experimentação Agrária de Tavira tem 11 variedades de oliveiras (adaptadas a consumo em fresco ou conserva ou dupla aptidão), uma vinha com 98 castas de vinho branco, 84 de vinho tinto, 56 de uva de mesa tinta e 52 de uva de mesa branca que têm sido preservadas para não desaparecem. Algumas corriam mesmo o risco de extinção.