PS debate alterações climáticas em Faro mas sem António Costa

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Auditório da Biblioteca Municipal de Faro foi «pequeno demais» para acolher a segunda de quatro convenções temáticas que o Partido Socialista está a organizar no país. Secretário-geral acabou por ficar em Lisboa mas apresentou-se em direto por videoconferência.

Uma casa cheia de autarcas, militantes e simpatizantes do Partido Socialista (PS) que responderam ao mote «Todos decidem». Mas apesar da plateia lotada, os socialistas acabaram por não ver o seu Secretário-geral ao vivo em Faro, mas em direto, a partir do Largo do Rato, numa apresentação multimédia.

O presidente da Federação do Algarve do Partido Socialista, Luís Graça, «um pouco emocionado», deixou, contudo, ainda que de forma subtil, antever a ausência do também Primeiro-ministro, no discurso de boas-vindas.

«Se António Costa nos está a ouvir, vai relembrar-se que foi na Biblioteca Municipal de Faro que começamos há cinco anos, que arrancamos para este projeto que nos trouxe até aqui. Foi o primeiro momento da sua candidatura a Secretário-geral do PS», recordou Luís Graça, nas primeiras palavras com que abriu a conferência.

«Não havia melhor escolha para fazer este debate sobre as alterações climáticas, que não fosse o Algarve. O país e o mundo tem pela frente um grande desafio. Mas no Algarve, estamos também a defender o nosso modelo económico», disse.

«Sem as nossas praias, sem o combate à erosão costeira, é a nossa economia que está em risco», sublinhou Luís Graça.

Eduardo Cabrita, Ministro da Administração Interna também esteve na plateia.

«O Algarve, que depende muito do turismo precisa de ser uma região ambientalmente de excelência. Precisamos de continuar a apostar nas energias renováveis. Temos entre nós, o segundo maior investimento energia solar no nordeste algarvio, em Alcoutim. Temos um construtor naval que ainda na semana passada lançou para a água um catamarã 100 por cento elétrico. Temos inovação e conhecimento na região», lembrou o presidente da Federação do Algarve do PS, agradecendo a participação da Universidade do Algarve no debate que decorre até ao final da manhã de hoje.

«O Algarve está verdadeiramente empenhado nas alterações climáticas e em preparar-se para enfrentar os próximos anos. Os autarcas, onde o PS tem 10 municípios, aprovaram recentemente um plano de combate às alterações climáticas. A CCDR chumbou dois projetos pela sua densidade urbanística que já não se coadunam com a realidade que queremos para o futuro. Há um novo Algarve que está aqui a nascer, preocupado com o ambiente, com a sua estabilidade e e o futuro».

«Ainda há pouco também, por iniciativa dos deputados do PS, saiu uma missiva parlamentar para preservar as nossas pequenas zonas húmidas, em Lagos, Lagoa, Silves, Loulé e Albufeira sejam classificadas. Preservar a nossa biodiversidade vai dar-nos vantagens, para a vida, e em termos de competitividade económica enquanto destino turístico de excelência», rematou.

João Tiago Silveira, da Direção do Gabinete de Estudos do PS, disse a ideia de trazer esta conferência à capital algarvia surgiu numa reunião anterior em Castro Marim, onde se «sentiu efetivamente a vontade do Algarve em discutir estes problemas das alterações climáticas».

João Tiago Silveira, da Direção do Gabinete de Estudos do PS
João Tiago Silveira, da Direção do Gabinete de Estudos do PS.

«Estamos hoje aqui a fazer algo que os outros partidos ainda não fizeram, mas que eu espero que façam, que é colocar o programa eleitoral a debate público», lembrou.

António Costa em direto a partir da sede nacional do PS, no Largo do Rato, em Lisboa, lembrou que o PS tem definidos «quatro objetivos de boa governação, transversais. Chegar ao final da próxima legislatura com a dívida pública abaixo de 6 por cento do PIB. Investir na qualidade dos serviços públicos, com menos burocracia e ter uma administração pública mais motivada e próxima das pessoas».

José Apolinário.
José Apolinário, Secretário de Estado das Pescas.

Ao longo da sua intervenção, António Costa chamou também ao palco José Apolinário, secretário de Estado das Pescas, para traçar um ponto de situação em relação à aquacultura no país, e ainda Jorge Botelho, na qualidade de presidente da AMAL-CI, que se pronunciou sobre a estratégia para a mobilidade da região.

«Nenhuma localidade com mais de 40 habitantes deixará de ser servida por transporte público. O concurso público foi publicado antes de ontem, no valor de 85 milhões de euros, a cinco anos, e não prevê subsídios à exploração das entidades a quem vamos concessionar. Será seguramente inovação e melhoria substancial para a vida das pessoas» e que vai em linha com o objetivo de reduzir as emissões de CO2.

Jorge Botelho, presidente da AMAL-CI e autarca de Tavira.

Botelho lembrou ainda que a aprovação recente do Plano Intermunicipal de Combate às Alterações Climáticas, matéria em que o Algarve tem dado «passos significativos».

Os resultados dos vários painéis de debate deverão estar disponíveis para consulta pública a partir de quarta-feira, 26 de junho, após o tratamento pelo Gabinete de Estudos do PS.

O início do ciclo de quatro convenções temáticas teve lugar em Viseu, a 15 de junho, onde foi debatido o temas das desigualdades.

Depois de Faro, será a vez de Portalegre debater a demografia, dia 29 de junho.

Braga acolhe a última convenção, dia 6 de julho, dedicada à sociedade digital.