Auditório da Biblioteca Municipal de Faro foi «pequeno demais» para acolher a segunda de quatro convenções temáticas que o Partido Socialista está a organizar no país. Secretário-geral acabou por ficar em Lisboa mas apresentou-se em direto por videoconferência.
Uma casa cheia de autarcas, militantes e simpatizantes do Partido Socialista (PS) que responderam ao mote «Todos decidem». Mas apesar da plateia lotada, os socialistas acabaram por não ver o seu Secretário-geral ao vivo em Faro, mas em direto, a partir do Largo do Rato, numa apresentação multimédia.
O presidente da Federação do Algarve do Partido Socialista, Luís Graça, «um pouco emocionado», deixou, contudo, ainda que de forma subtil, antever a ausência do também Primeiro-ministro, no discurso de boas-vindas.

«Se António Costa nos está a ouvir, vai relembrar-se que foi na Biblioteca Municipal de Faro que começamos há cinco anos, que arrancamos para este projeto que nos trouxe até aqui. Foi o primeiro momento da sua candidatura a Secretário-geral do PS», recordou Luís Graça, nas primeiras palavras com que abriu a conferência.
«Não havia melhor escolha para fazer este debate sobre as alterações climáticas, que não fosse o Algarve. O país e o mundo tem pela frente um grande desafio. Mas no Algarve, estamos também a defender o nosso modelo económico», disse.
«Sem as nossas praias, sem o combate à erosão costeira, é a nossa economia que está em risco», sublinhou Luís Graça.

«O Algarve, que depende muito do turismo precisa de ser uma região ambientalmente de excelência. Precisamos de continuar a apostar nas energias renováveis. Temos entre nós, o segundo maior investimento energia solar no nordeste algarvio, em Alcoutim. Temos um construtor naval que ainda na semana passada lançou para a água um catamarã 100 por cento elétrico. Temos inovação e conhecimento na região», lembrou o presidente da Federação do Algarve do PS, agradecendo a participação da Universidade do Algarve no debate que decorre até ao final da manhã de hoje.

«O Algarve está verdadeiramente empenhado nas alterações climáticas e em preparar-se para enfrentar os próximos anos. Os autarcas, onde o PS tem 10 municípios, aprovaram recentemente um plano de combate às alterações climáticas. A CCDR chumbou dois projetos pela sua densidade urbanística que já não se coadunam com a realidade que queremos para o futuro. Há um novo Algarve que está aqui a nascer, preocupado com o ambiente, com a sua estabilidade e e o futuro».
«Ainda há pouco também, por iniciativa dos deputados do PS, saiu uma missiva parlamentar para preservar as nossas pequenas zonas húmidas, em Lagos, Lagoa, Silves, Loulé e Albufeira sejam classificadas. Preservar a nossa biodiversidade vai dar-nos vantagens, para a vida, e em termos de competitividade económica enquanto destino turístico de excelência», rematou.
João Tiago Silveira, da Direção do Gabinete de Estudos do PS, disse a ideia de trazer esta conferência à capital algarvia surgiu numa reunião anterior em Castro Marim, onde se «sentiu efetivamente a vontade do Algarve em discutir estes problemas das alterações climáticas».

«Estamos hoje aqui a fazer algo que os outros partidos ainda não fizeram, mas que eu espero que façam, que é colocar o programa eleitoral a debate público», lembrou.
António Costa em direto a partir da sede nacional do PS, no Largo do Rato, em Lisboa, lembrou que o PS tem definidos «quatro objetivos de boa governação, transversais. Chegar ao final da próxima legislatura com a dívida pública abaixo de 6 por cento do PIB. Investir na qualidade dos serviços públicos, com menos burocracia e ter uma administração pública mais motivada e próxima das pessoas».

Ao longo da sua intervenção, António Costa chamou também ao palco José Apolinário, secretário de Estado das Pescas, para traçar um ponto de situação em relação à aquacultura no país, e ainda Jorge Botelho, na qualidade de presidente da AMAL-CI, que se pronunciou sobre a estratégia para a mobilidade da região.
«Nenhuma localidade com mais de 40 habitantes deixará de ser servida por transporte público. O concurso público foi publicado antes de ontem, no valor de 85 milhões de euros, a cinco anos, e não prevê subsídios à exploração das entidades a quem vamos concessionar. Será seguramente inovação e melhoria substancial para a vida das pessoas» e que vai em linha com o objetivo de reduzir as emissões de CO2.

Botelho lembrou ainda que a aprovação recente do Plano Intermunicipal de Combate às Alterações Climáticas, matéria em que o Algarve tem dado «passos significativos».
Os resultados dos vários painéis de debate deverão estar disponíveis para consulta pública a partir de quarta-feira, 26 de junho, após o tratamento pelo Gabinete de Estudos do PS.
O início do ciclo de quatro convenções temáticas teve lugar em Viseu, a 15 de junho, onde foi debatido o temas das desigualdades.
Depois de Faro, será a vez de Portalegre debater a demografia, dia 29 de junho.
Braga acolhe a última convenção, dia 6 de julho, dedicada à sociedade digital.