A Direção da Organização Regional do Algarve (DORAL) do Partido Comunista Português (PCP) explica as «consequências» das legislativas.
O resultado obtido pela Coligação Democrática Unitária (CDU) nas eleições legislativas antecipadas, 4,4 por cento dos votos e seis deputados no plano nacional e 4,81 por cento (9.379 votos) no Algarve «traduz uma quebra eleitoral com uma significativa perda de deputados no plano nacional e a não eleição de um deputado da CDU na região».
Um resultado que, «ficando aquém do trabalho que realizou e do determinante contributo que deu para os avanços e conquistas conseguidos nos últimos seis anos, do valor das soluções que apresentou para os problemas do Algarve e de Portugal e da ampla campanha de esclarecimento e mobilização para o voto que realizou, representa um elemento negativo na vida do Algarve e do país», considera a DORAL do PCP em comunicado.
Por outro lado, «a maioria absoluta alcançada pelo Partido Socialista (PS) com cinco deputados na região, alcançada no seguimento da chantagem que precipitou a realização de eleições, beneficiou do cenário de bipolarização e de dramatização do perigo da direita, construído ao longo das últimas semanas».
Já o resultado do Partido Social Democrata (PSD) com três deputados na região, aquém dos objetivos e expectativas adiantados, bem como a não eleição de qualquer deputado pelo CDS (no plano nacional), são indissociáveis da memória da ação do governo PSD/CDS. Os seus sucedâneos, Iniciativa Liberal (IL) e Chega, que elegeu um deputado na região, têm um aumento da expressão eleitoral, influenciado pela promoção feita ao longo dos últimos anos alimentando as suas concepções reacionárias».
Também o «Bloco de Esquerda perde uma parte importante da sua expressão eleitoral (incluindo o deputado no Algarve), mesmo num contexto de grande visibilidade mediática que não deixou de se verificar».
Assim, o secretariado da DORAL do PCP considera que, «independentemente de insuficiências que precisam de ser superadas, os resultados das eleições legislativas são inseparáveis de um conjunto de fatores, designadamente: a operação levada a cabo a partir da dissolução da Assembleia da República para favorecer a construção de um bloco central, estimulando uma dinâmica de bipolarização, acentuada pelas sondagens e por outros meios; a insistente mentira de responsabilização do PCP pela realização de eleições, a propósito da não aprovação da Proposta do Orçamento do Estado para 2022; a abusiva apropriação pelo PS dos avanços alcançados nos últimos seis anos, que resultaram sempre da ação determinada da CDU; a promoção e favorecimento de outras forças políticas, nomeadamente de forças reacionárias, convergindo com a desvalorização e discriminação da CDU; a realização das eleições em situação de epidemia e de agigantamento e instrumentalização do medo, que afetou relacionamentos sociais e prejudicou um trabalho de proximidade e contacto tão característico da CDU».
O secretariado da DORAL «saúda a notável intervenção dos candidatos e ativistas da CDU, do PCP, do PEV, da ID e de muitas pessoas sem filiação partidária que, com uma extraordinária dedicação, assumiram o trabalho de mobilização e esclarecimento para o voto na CDU, realizando nos 16 concelhos do Algarve uma campanha eleitoral de massas que se pautou pela seriedade, prestação de contas, identificação de problemas e afirmação de propostas e soluções para o Algarve e para o país. E saúda igualmente, todos eleitores que depositaram na CDU a sua confiança e, particularmente, os que o fizeram pela primeira vez, assegurando que esse apoio e esse voto se prolongam para lá do dia das eleições na defesa dos seus direitos».
A realização das eleições, contudo, «não iludiu no entanto os problemas e dificuldades que estão colocados aos trabalhadores e às populações algarvias. A evolução da situação do País impunha que se procurassem soluções para os problemas nacionais, para a vida dos trabalhadores e do povo, mas, em vez disso, o PS, ambicionando uma maioria absoluta, em convergência com o Presidente da República, precipitou a realização de eleições».
O secretariado da DORAL do PCP «chama a atenção de que a maioria absoluta que agora se registou, em vez de responder aos problemas do país, deixa o PS com condições de levar mais longe o seu compromisso com a política de direita, com as opções de subordinação aos interesses do grande capital e às imposições da União Europeia, e por isso, mais distante da resposta que se exige aos problemas da região e do país».
«Uma resposta que continua a reclamar, entre outros aspectos: o aumento geral dos salários; a valorização das pensões; medidas para salvar o SNS e a valorização dos serviços públicos; resposta na habitação; garantia dos direitos dos pais e das crianças; aumento do investimento público na região e no país; diversificação da atividade económica; justiça fiscal; eliminação das portagens; regionalização», acrescenta a direção.
Por fim, «os trabalhadores e o povo podem contar com o PCP e a sua intervenção decisiva na defesa e afirmação dos seus direitos num quadro de uma maioria absoluta do PS e para o combate aos projetos reacionários e antidemocráticos».