Militantes da CDU aplaudiram Tiago Raposo no ato público em Faro

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Encontro serviu para fazer um balanço político dos últimos oito anos e dar a palavra ao candidato que substituirá Paulo Sá nas Legislativas de outubro. Militantes e simpatizantes aplaudiram, apesar da evidente inexperiência de Tiago Raposo nestas lides.

Um final de tarde cheio de sol à beira da Ria Formosa, aliás, um dos principais locais de batalha para os comunistas nos últimos anos, brindou as dezenas de militantes e simpatizantes que assistiram ao ato público da CDU, na sexta-feira, 12 de julho, no cais da porta nova, em Faro.

A iniciativa, que contou com a presença do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, por Rosa Palma, presidente da Câmara Municipal de Silves e conterrânea do cabeça de lista Tiago Raposo.

Em jeito de passagem de testemunho, Paulo Sá, encorajou o seu sucessor e deixou palavras de despedida. «Saio com uma grande tranquilidade, porque a CDU tem um excelente primeiro candidato no Algarve, o camarada Tiago Raposo. Um camarada jovem, dedicado, bem preparado, conhecedor da realidade algarvia, que reúne todas as condições para exercer com grande qualidade as funções de deputado na Assembleia da República e ser aí uma voz ativa e empenhada em defesa do Algarve e dos algarvios», disse Paulo Sá.

«Estou certo que os algarvios reconhecerão o trabalho realizado pela CDU, reconhecerão a qualidade da nossa lista e do nosso primeiro candidato, e que traduzirão esse reconhecimento num reforço da votação da CDU e na eleição do camarada Tiago Raposo para a Assembleia da República».

O agora mandatário da CDU para o círculo de Faro lembrou que na terceira sessão legislativa, de setembro de 2017 a agosto de 2018, o PCP dirigiu 96 perguntas ao governo sobre assuntos relativos ao Algarve.

«Todos os outros partidos com deputados eleitos pelo Algarve – PS, PSD, BE e CDS – apresentaram em conjunto apenas 63 perguntas. Ou seja, o PCP fez mais perguntas ao governo do que todos os outros juntos», contabilizou.

Paulo Sá satisfeito pelo trabalho realizado nos últimos oito anos.

Como não poderia deixar de ser, Paulo Sá justificou ao eleitorado a sua decisão de se afastar do ativo.

«Após oito anos de exercício das funções de deputado do PCP, regressarei a partir do próximo mês de outubro à vida académica, à minha universidade, à Universidade do Algarve. Creio que todos compreenderão que depois de oito anos de dedicação exclusiva a esta tarefa, eu sinta agora uma profunda vontade de me dedicar novamente ao ensino e à investigação científica, e de voltar a exercer a minha profissão de professor universitário», confidenciou.

«Há quatro anos, nas eleições legislativas de 2015, dissemos aos algarvios que podiam dar o seu voto à CDU com toda a confiança, pois o seu voto seria transformado em luta! Em luta em defesa dos interesses do Algarve e do país, em luta por melhores condições de vida para os trabalhadores e para o povo. Hoje, passados quatro anos, podemos dizer com orgulho que a CDU mereceu plenamente a confiança dos algarvios», concluiu Paulo Sá.

Por sua vez, o cabeça de lista da CDU pelo círculo de Faro às próximas eleições Legislativas, Tiago Raposo, prometeu continuar o trabalho desenvolvido por Paulo Sá.

«Este é um desafio que assumo de corpo inteiro e com confiança na força do nosso coletivo», que junta o Partido Comunista Português (PCP) e «Os Verdes».

«Nós não dizemos uma coisa aqui e outra na Assembleia da República, ao contrário dos outros. O trabalho da CDU no parlamento fala por si, com mais de 400 visitas e encontros no Algarve, centenas de perguntas ao governo e dezenas de projetos de resolução e iniciativas», assegurou Tiago Raposo.

Em bom rigor e segundo as contas de Paulo Sá, os comunistas dirigiram ao governo cerca de 400 perguntas e requerimentos, mais 120 do que na legislatura anterior, e apresentaram soluções em três dezenas e meia de projetos de resolução sobre os «problemas que afligem o Algarve».

Problemas que Tiago Raposo não teve dificuldade em inventariar, desde o desinvestimento na ferrovia algarvia, às obras de requalificação na EN125 «prometidas há mais de uma década», e a dependência no sector do turismo, marcada por «salários baixos e a precariedade levada ao extremo».

Tiago Raposo, 35 anos, natural e residente naquele no concelho de Silves é assessor político do executivo daquela Câmara Municipal. Ao longo da sua vida profissional, foi durante anos, distribuidor comercial. «Tem uma grande experiência no mundo do trabalho», assinalou Jerónimo de Sousa.

Embora sem grandes novidades no (longo) discurso, o histórico secretário-geral do PCP aproveitou o ato público em Faro para passar em revista algumas das lutas do partido, não apenas na região, mas no país, desde o tempo da troika.

«Era possível ter ido mais longe na recuperação dos baixos salários com um aumento substancial do salário mínimo nacional para os 850 euros» e também «uma alteração nos horários desregulados e na precariedade no trabalho», disse, em vez de «insistir-se num quadro degradado dos direitos laborais com uma relação laboral favorável à exploração e ao emprego precário».

Um quadro que, segundo o lider comunista, se espelha bem na realidade algarvia. «Estamos numa região em que predomina o turismo. Nos últimos anos, teve um crescimento significativo, com mais turistas, mais dormidas, mais passageiros, mais receitas e mais lucros. Mas não é menos verdade que esse crescimento não se refletiu de forma justa na vida dos trabalhadores. Os níveis salariais existentes na região no sector turístico ainda não atingiram sequer os valores anteriores a 2008», comparou.

Jerónimo de Sousa, por várias vezes, criticou a «política sufocante de submissão ao défice e ao euro» e as «inúmeras e inaceitáveis imposições da União Europeia», responsáveis pelos «insuficientes níveis de crescimento económico, degradação dos setores produtivos nacionais e profundas desigualdades sociais e regionais».

Jerónimo de Sousa no uso da palavra.

O secretário-geral lembrou ainda a agenda do PCP, que pretende lutar pelo controlo público dos aeroportos (hoje adjudicados à francesa Vinci por um período de 50 anos) e pela nacionalização dos CTT como travão a mais fechos de postos e estações de correio.

Uma palavra ainda para o Serviço Nacional de Saúde, que «necessita da concretização de medidas insistentes no Orçamento do Estado que permitam a resolução dos problemas que subsistem e que dificultam o acesso dos utentes aos cuidados de saúde, como a contratação de profissionais em falta, tomada de medidas para a redução dos tempos de espera, o reforço na modernização dos equipamentos e instalações que devem ser tomadas de urgência».

Por fim, Jerónimo de Sousa reconheceu o esforço do deputado Paulo Sá. «Muito nos orgulhou poder ter contado com ele na nossa bancada. Se os problemas do Algarve passaram pelo parlamento, foi por sua ação», elogiou.