Cristóvão Norte confrontou o ministro das Infraestruturas e da Habitação sobre o futuro investimento que não evitará a circulação dos comboios a 90 Km/h, como acontece naquele troço há quase um século.
A obra de eletrificação da linha do Algarve entre Tunes e Faro, custará 32 milhões de euros ao Estado, mas não terá qualquer efeito na velocidade máxima a que as composições vão poder circular, cerca de 90 km/hora, tal como acontece desde sempre.
A conclusão é do deputado do Partido Social Democrata (PSD) eleito pelo círculo de Faro Cristóvão Norte, depois de analisar o projeto da Infraestruturas de Portugal.
Esta questão foi colocada na audição do ministro das Infraestruturas, obras públicas e inovação, Pedro Nuno Santos, no dia 30 de junho, que confirmou os dados do projeto.
«Ou seja, para ir de Lagos a Faro, a viagem continuará a demorar 1h30. Estamos a gastar dinheiro para manter quase tudo igual. Apesar da eletrificação, vamos continuar a ter uma linha ferroviária subutilizada, sem ser alternativa a qualquer outro modo de utilização. O ambiente é importante, mas quais são os ganhos destes 32 milhões?», questiona Cristóvão Norte ouvido pelo barlavento.
«O Algarve é uma região que do ponto de vista da mobilidade sofre de forma crónica. Sofre porque durante décadas a fio, o transporte ferroviário foi completamente abandonado. E por via disso não foi capaz de se formar como alternativa para o transporte de pessoas e mercadorias. Os investimentos na eletrificação foram anunciados pelo governo em 2017, garantiu que seriam iniciados em 2019, mas tal não se veio a verificar», defendeu.
«Entre Lagos e Vila Real de Santo António, são 2h30 de percurso. Não é na presente circunstância, e também com o número de supressões que têm vindo a acontecer, que o comboio é uma alternativa para os algarvios», disse Cristóvão Norte ao governante.
O Projeto de Eletrificação da Linha do Algarve da Infraestruturas de Portugal, é claro. «No troço Tunes-Lagos, numa extensão aproximada de 45 quilómetros, carateriza-se como uma via única em exploração desde 1922. Ao longo daquele percurso existe um total de sete estações, quatro apeadeiros, cinco pontes, um viaduto, dez passagens superiores rodoviárias, 12 passagens inferiores, 28 passagens de nível, dois pontões, três passagens hidráulicas e cerca de 111 aquedutos», lê-se.
Quando a linha for eletrificada, o sistema de catenária a implementar admite velocidades até 220 km/h, considerando parâmetros para uma velocidade máxima de exploração de 160 km/h. No entanto, a velocidade máxima de circulação no troço Tunes a Lagos manter-se-á nos 90 km/h, devido a outras condicionantes do traçado de via, que impedem velocidades superiores a 100 km/h».
Cristóvão Norte não compreende que um investimento total que ronda os 57 milhões de euros possa avançar sem que esta situação seja, de forma prévia, corrigida. «É extraordinário que as coisas sejam tão mal planeadas e o dinheiro dos contribuintes aplicado de forma a dar tão poucos frutos».