Candidatura independente «Construir o Futuro» refuta ideia do PS VRSA

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Candidatura independente «Construir o Futuro» refuta ideia do Partido Socialista (PS) de Vila Real de Santo António (VRSA).

A Candidatura independente «Construir o Futuro» às autarquias do concelho de Vila Real de Santo António, refuta a proposta do candidato do Partido Socialista local de copiar os «testes em massa» que a Câmara Municipal de Castro Marim decidiu fazer.

A candidatura independente considera esta medida «ineficaz e populista, visando apenas obter ganhos eleitorais à custa de uma pandemia».

«Consideramos que é importante aumentar os testes, mas estes devem ser orientados no sentido de eliminar os focos epidémicos, o que obriga a que se orientem para os cidadãos em relação aos quais há uma probabilidade razoável de serem contagiados».

«Fazer testes a uma pequena parte da população que adere à medida, prolongando esta medida durante um tempo indeterminado não faz sentido, porque quando se testarem os últimos voluntários é bem provável que alguns dos que fizeram os testes já poderão estar contagiados», lê-se no comunicado enviado hoje à redação do barlavento.

O comunicado, assinado por Marcelo Jerónimo, considera que «devem ser as autoridades competentes a conduzir o combate à pandemia e condena a utilização da pandemia, e dos sentimentos de medo e insegurança que gera, por parte autarcas ou candidatos a autarcas menos escrupulosos que não hesitam no recurso ao populismo para obterem ganhos eleitorais».

COMUNICADO

1. A manobra do candidato Álvaro Araújo era evidente, apanhava boleia com a ação populista desencadeada no concelho vizinho de Castro Marim, provavelmente porque esperava ter o destaque televisivo que o autarca Amaral teve, mas sabendo de antemão que a Câmara Municipal nem tem dinheiro para manobras populistas;

2. O candidato Álvaro Araújo devia saber que uma autarquia sem dinheiro e condicionada pelo FAM, que é tutelado pelo ex-autarca de Tavira e um dos «padrinhos políticos» do próprio candidato, nem seria autorizada a gastar uma fortuna só para proporcionar uns minutos televisivos à presidente da Câmara Municipal;

3. Lamentamos que o candidato Araújo tenha-se aproveitado do pânico coletivo, para manipular sentimentos, tirando partido da doença e da morte para conseguir um protagonismo repentino, depois de uma década de dormência, durante o qual ninguém o viu fazer oposição;

4. O próprio secretariado do PS percebeu a branca de uma década e no comunicado lembra que «eleitos do Partido Socialista apresentaram um trabalho válido, ativo e constante em todos os órgãos autárquicos em que se fazem representar: na Câmara, na Assembleia Municipal, nas Juntas de Freguesia». Pois, todos sabemos como os vereadores e deputados municipais que agora apoiam o candidato Álvaro Araújo se destacaram na oposição. Graças à oposição brilhante e à intervenção ativa do candidato Álvaro Araújo o PSD conseguiu quatro vitórias seguidas;

5. Com o comunicado de hoje o candidato mostra o seu jogo cínico, propõe uma medida impossível, para depois vir escrever sobre a situação financeira. Curiosamente, para se autopromover o candidato assinou uma carta aberta, onde de forma ridícula e abusiva até fala em nome de todos os vila-realenses. Mas como a manobra oportunista não teve sucesso, o Secretariado da Concelhia do Partido Socialista de VRSA reuniu de madrugada, para emitir um comunicado às 7 da manhã;

6. Talvez valesse a pena recordar o candidato Álvaro Araújo dos tempos em que foi vereador. Quando o PS se opôs à oferta de um infantário a Fidel Castro o então vereador Álvaro Araújo demarcou-se do voto contra do seu partido, que considerou a medida ilegal. Se não fosse esbanjado tanto dinheiro nesse tempo, talvez agora tivesse autoridade moral e política para fazer propostas de despesas para as quais sabe que a Câmara Municipal não tem dinheiro nem está autorizada pelo FAM a fazê-las.

6. Mas a medida não revela apenas uma manobra oportunista inaceitável porque usa a saúde e a vida das pessoas. O comunicado do PS insiste em tentar passar a ideia de que é uma medida de grande sucesso e até inventa ao dizer que a «ação de testagem massiva da população, como está a acontecer em Castro Marim e em muitas autarquias a nível nacional». Em Castro Marim a ação ainda terá atingido apenas uma pequena parte da população e nada nos garante que quando chegarem à população da Foz de Odeleite alguns dos que foram testados na sede do concelho já tenham sido infetados;

7. Lamentamos que numa autarquia sem recursos o candidato Álvaro Araújo defenda uma política autárquica de saúde. Provavelmente vai defender a municipalização dos bombeiros, a criação de uma polícia municipal e como fazer promessas não causa, não nos admiraria nada que visse a defender a municipalização da EN125;

8. Foi quando, graças ao confinamento rigoroso e ao esforço da população, o concelho deixou de ter meia centenas de novos casos de COVID-19, para ter menos de uma dezena de casos, que o desastrado candidato Álvaro Araújo se lembrou de apelar à “consciência” da autarca e copiar os testes à toa porque lhe «parece ser, no momento, a resposta mais lúcida e efetiva para combater os impulsos pandémicos no nosso concelho, que continuam fora de controlo»;

9. Mesmo sabendo que os testes à toa que defende não merecem o acordo das autoridades locais e regionais o candidato fala como se fosse ministro da Saúde do Algarve, propondo a “articulação com todas as unidades de saúde ao nível local e regional.” O comunicado desta madrugada acrescenta às autoridades locais e regionais: defendida pelos especialistas e pelos responsáveis da saúde ao nível nacional;

10. As falsidades do comunicado não se ficam por aqui, sugerem que os testes à toa são defendidos “pelos especialistas e pelos responsáveis da saúde ao nível nacional. É verdade que especialistas e governo defendem o aumento da testagem, mas no quadro de inquéritos epidemiológicos, os testes rápidos têm sido usados em grupos muito delimitados e a título preventivo, como fábricas, lares e escolas;

11. Mas o mais curioso é que parece que o PS está mais preocupado com o sucesso do seu colega do PSD de Castro Marim do que com os vila-realenses. Mas o comunicado vai mais longe entra no domínio do hilariante, justificando a proposta de testes à toa porque «uma grande percentagem da população ativa daquele concelho trabalha em VRSA. Partilhamos o mesmo espaço territorial o que pode colocar seriamente em causa a eficácia do processo de testagem massiva que estão a empreender naquele concelho». Será que o presidente da CM de Castro Marim telefonou ao PS de VRSA para lhe pedir solidariedade em matéria de política de saúde?

12. Desafiamos o candidato e o secretariado (que resta) do PS a enumerar as numerosas autarquias que estão fazendo os testes à toa que refere no comunicado, quando se diz que o mesmo «está a acontecer em Castro Marim e em muitas autarquias ao nível nacional». Desafiamos também o candidato e o secretariado a exibir um documento do governo ou do ministério da Saúde onde se defende o modelo seguido em Castro Marim.

13. Não bastando as falsidades no comunicado ainda se armam ao pingarelho dizendo que «esta proposta é apresentada para ser materializada em completa consonância com todas as autoridades de saúde ao nível local e regional, com quem aliás sempre colaborámos». É uma pena que nunca tenham divulgado os domínios e os resultados dessa intensa colaboração.

14. Esta situação revela como os dois grandes partidos usam as autarquias, os recursos do Estado, os sentimentos das pessoas para obterem ganhos eleitorais. Não hesitam em esbanjar recursos e manipular uma população que enfrenta uma pandemia para aparecerem nas televisões ou, como no caso do candidato Álvaro Araújo, para conseguirem uma noticiazinha no Jornal do Algarve, que se apressou a partilhar no seu Facebook pessoal e no do PS, para mostrar como é um político tão notável que até aparece na comunicação social.