Arquivo Distrital de Faro «sem ar condicionado há 10 anos» denuncia PCP

  • Print Icon

Além do desconforto térmico, o edifício público não tem água potável, e em algumas alturas do ano, nem sequer pode ser utilizada para lavar as mãos, obrigando os funcionários a trazer garrafões do exterior.

Uma delegação do Partido Comunista Português (PCP), integrado o deputado Paulo Sá eleito pelo Algarve, visitou o Arquivo Distrital de Faro, tendo constatado a existência de problemas nas instalações e também falta de recursos humanos.

Este equipamento «tem um papel fundamental na salvaguarda do património arquivístico e informacional da região do Algarve, encontrando-se nos fundos à sua guarda um acervo documental que permite preservar a memória administrativa e histórica da região algarvia. Num passado não muito distante, dispunha de 10 funcionários. Hoje dispõe apenas de cinco, uma diretora, dois técnicos superiores e dois assistentes técnicos, número manifestamente insuficiente», considera o Partido Comunista Português em nota enviada à imprensa.

«Para o seu normal funcionamento, o Arquivo precisa de, pelo menos, mais um técnico superior (arquivista) e mais dois assistentes técnicos, além de três assistentes operacionais».

Entende o PCP que «a opção, tomada no passado recente, de recorrer a empresas externas de limpeza para substituir os assistentes operacionais é uma péssima opção, já que o conteúdo funcional dos assistentes operacionais é bem mais vasto do que a mera limpeza das instalações». Problema maior, segundo os comunistas, está nas instalações.

«Apesar de serem relativamente novas, o ar condicionado está avariado há mais de 10 anos! Tal circunstância afeta a preservação da documentação à guarda do arquivo. Apesar de nos depósitos de documentação a temperatura não variar muito devido às caraterísticas construtivas do edifício, há um gradiente térmico significativo entre esses depósitos e os gabinetes de trabalho e a sala de leitura. Enquanto nos depósitos a temperatura oscila em torno dos 20º centígrados, na sala de leitura já se registaram temperaturas de 34ºc no verão e 8ºc no inverno, o que contribui para a deterioração dos documentos. A este problema acresce o desconforto, para trabalhadores e utentes, decorrente do facto de nos gabinetes de trabalho e na sala de leitura se registarem temperaturas muito elevadas no verão e muito baixas no inverno».

O PCP diz ainda que «há um sério problema com o fornecimento de água ao Arquivo Distrital de Faro. Por opção construtiva, o edifício dispõe de um depósito abastecido pela rede pública, a partir do qual é feito o abastecimento interno. Esse depósito, assim como as bombas que circulam a água, não é limpo há muitos anos (provavelmente desde a inauguração do edifício), pelo que a água disponibilizada internamente não é própria para consumo humano e, em algumas alturas do ano, o seu estado de degradação é tal que nem sequer pode ser utilizada para lavar as mãos, obrigando os funcionários a trazer garrafões de água do exterior».

Para piorar o estado de coisas, «a parte do edifício onde se encontram os depósitos de documentação está revestida, no exterior, com lajes de pedra, visando garantir um melhor isolamento térmico (imprescindível para a boa preservação dos documentos à guarda do arquivo). Várias dessas lajes, ao nível do solo, têm sido roubadas ao longo dos anos, sem que tenham sido, entretanto, repostas».

Por fim, assinala-se que «a capacidade máxima de armazenamento do Arquivo Distrital de Faro é de cerca de 10 mil metros lineares e que, neste momento, já estão utilizados cerca de 6300 metros lineares». De acordo com informação recolhida pela delegação do PCP, «a capacidade de armazenamento poderá ser esgotada dentro de 10 anos, exigindo que, desde logo, se comece a equacionar a reorganização e/ou ampliação do edifício».

Face ao exposto, o Grupo Parlamentar do PCP, por intermédio do deputado Paulo Sá, questionou a Ministra Cultura, Graça Fonseca, sobre para quando a resolução destes problemas.