Aprovada a audição do ministro do Ambiente e da Transição Climática João Pedro Matos Fernandes na Assembleia da República sobre o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve.
Os deputados João Vasconcelos e Maria Manuel Rola, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), apresentaram um requerimento para a audição do ministro do Ambiente e da Transição Climática, na Assembleia da República, «para prestar todos os esclarecimentos considerados necessários» sobre o Plano Regional de Eficiência Hídrica (PREHA).
O referido requerimento foi aprovado por unanimidade por todos os Grupos Parlamentares, o qual será agendado oportunamente.
No início de março o ministro do Ambiente e da Ação Climática João Pedro Matos Fernandes «anunciou que o governo pretendia aumentar o preço da água no Algarve para ajudar a pagar os custos de manutenção da ligação ao Pomarão e de uma central de dessalinização no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)», lê-se em nota enviada hoje à redação do barlavento pelo Bloco de Esquerda.
«O ministro justificou a medida com a necessidade de garantir o funcionamento de dois projetos que serão um seguro para que a região tenha mais água disponível, a ligação do Pomarão à barragem de Odeleite, projeto que custa 55 milhões de euros, e a dessalinização de água do mar, que custa 65 milhões».
No mesmo sentido se pronunciou o presidente da AMAL, que o aumento do preço do abastecimento irá refletir os custos operacionais com a manutenção do funcionamento das duas infraestruturas do PREHA inserido no PRR.
Para o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, «a lógica de combate e mitigação à seca e desertificação apresentada não faz sentido ambientalmente e ainda menos socialmente, pelo que precisa de ser cabalmente detalhada pelo governo».
«O Algarve encontra-se numa situação de catástrofe social e económica e não podem ser sempre os mesmos a pagar a crise e, neste caso, mais um aumento do preço da água que, já de si, é bastante elevado na região».
O Plano de Recuperação e Resiliência tem por objetivo a recuperação económica e social, mediante reformas e investimentos exequíveis a curto prazo, mas de efeito estruturante.
Entre as várias medidas elencadas temos as perdas de redução de água e a reutilização de águas residuais, previstas igualmente no Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas/PIAAC e no PREHA.
Entretanto, o governo anunciou, já como um facto consumado, a inclusão no PREHA do reforço das afluências à albufeira de Odeleite através de uma captação no Pomarão – Rio Guadiana e a construção de uma central de dessalinização, quando antes eram possibilidades ainda a ser avaliadas.
Para o Bloco de Esquerda, «são necessários estudos e avaliações ambientais rigorosas, considerando os elevados custos ambientais das últimas medidas anunciadas. É um facto que o Algarve sofre problemas de seca ciclicamente e com as alterações climáticas estes problemas terão tendência a agravar-se no futuro, refletindo-se na escassez de água. Importa mitigar a escassez hídrica no Algarve através da adoção de propostas e soluções de forma sustentável, com o menor custo de consequências negativas».