A Algfuturo, União Empresarial do Algarve, associação liderada por José Vitorino, pede audiência ao ministro da Economia em virtude da «situação catastrófica» na região.
A decisão surge no seguimento de «uma mesa redonda online para análise de soluções para os problemas de todos os sectores da economia numa perspetiva integrada e solidária».
A iniciativa reuniu dirigentes associativos, empresários e professores universitários durante cerca de três horas.
Apesar «do lamento e mal-estar pelo esquecimento do poder central da região e da gravíssima crise no presente (a mais grave do país), e mais do que criticas ao governo, o que sobressaiu com profundo eco foi que estamos determinados em vencer e prontos para nos sentarmos à mesa com o governo para debater e acordar as grandes bases de um Plano de Afirmação e Diversificação Económica do Algarve (PADEAL)».
«Foi feito um balanço do ano de 2020, sector a sector, que em geral, e considerando as componentes dominantes do Valor Acrescentado Bruto, foi catastrófico, desde logo com uma quebra estimada do Volume de Negócios da ordem dos 6.000 milhões de euros».
No turismo, «que direta e indiretamente arrasta mais de 60 por cento da economia, a estimativa para este ano é de uma quebra de cerca de 12 milhões de dormidas e nos proveitos por aposento rondará os 500 milhões», estima a Algfuturo em nota enviada à redação do barlavento.
A maioria das atividades económicas «foi severamente afetada, assim como a vida social em geral. A maior parte do sector agrícola teve um bom ano, exceção feita à vitivinicultura em volume de negócios. Também a economia serrana, pela grande parte das atividades ligadas ao turismo, e zonas dos incêndios no barlavento, foram sacrificadas. Resulta do exposto, uma fortíssima descapitalização regional, sobretudo a nível das 71.164 empresas com menos de 10 trabalhadores».
Por outro lado, «mereceram consenso reivindicativo o Novo Hospital Central do Algarve, a eletrificação da rede ferroviária, o não às portagens na A22, a melhoria na rede viária e de transportes coletivos públicos e privados».
A agricultura «reivindicou o fim de parente pobre nos apoios comunitários, tratamento de pragas, disponibilidade laboratorial da universidade, nomeadamente para aferir as características da aguardente IGP; incentivos para atrair jovens para a agricultura, medidas adequadas para o sector florestal, fundos comunitários ajustados à região.
No que toda às pescas «é imperativo renovar a frota, aliviar restrições na captura da sardinha, cavala e carapau; renegociar os Totais Admissíveis de capturas (TAC) e quotas de pescado na União Europeia».
Noutra perspetiva, «a digitalização das empresas e aposta nas energias renováveis, novas tecnologias e economia circular (experiência em curso na Ilha da Culatra), bem como um Plano para o Interior e Serra, são essenciais para a renovação do tecido produtivo e equilíbrio regional».
Aquela associação considera ainda que há motivos de esperança para 2021, como a vacina para o Coronavírus e e também a «solução Guadiana, já anunciada pelo governo e que é urgente ser aprovada pela União Europeia, pois é geradora de milhões de intenções de investimento na agricultura».
Por fim, a Alfuturo pede «que todos se convençam que o mundo está em mudança, mais exigente, mais ambiental, mais sustentável. No fundo, com mais exigência na excelência, aspeto fundamental na reconversão do turismo, quer no alojamento, quer noutros produtos, quer no meio envolvente».
A mesa redonda, que reúne 50 participantes, «não reclama estatuto de privilégio sobre outras regiões, mas pelas graves lacunas de investimentos do sector público até agora, pelo muito que nas ultimas décadas o Algarve tem contribuído para Portugal e impacto mortal que a pandemia desferiu na região, quer estar certa que a região terá um tratamento em conformidade».
Em conformidade, a direção da Algfuturo vai solicitar uma audiência ao ministro da Economia Pedro Siza Vieira.