O Algarve merece melhor educação!

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O Algarve não tem, apenas, os problema da excessiva dependência do turismo, com todas as consequências que hoje estão à vista e o leva a ficar, humilhantemente, de «mão estendida» a toda a gente, seja a ingleses, seja a portugueses que, curiosamente,  no tempo das «vacas gordas», há que ter a coragem de reconhecê-lo, nem sempre tratou como devia (os estrangeiros tinham preferência sobre eles, porque bebiam vinhos mais caros e deixavam melhor «gorjeta») ou  da falta de água, cujas consequências, igualmente,  já se fazem sentir e ainda maiores se adivinham.

O Algarve tem, igualmente, um problema de educação,  apresentando  um dos maiores índices de abandono escolar do país e onde, anualmente, milhares de alunos ficam sem aulas ou só tardiamente as têm, por os professores na região colocados terem dificuldade em arranjar alojamento num parque habitacional especulativo, determinado, nomeadamente, pela procura de casa feita por reformados oriundos de países diversos e beneficiando de isenção de impostos de que os professores em causa não beneficiam.

Ora, não se vê como se quererá dar futuro ao Algarve, reformulando-o estruturalmente, diversificando o seu sector produtivo, apostando em novas tecnologias, sem «massa cinzenta» capaz de lhe dar corpo.

A não ser que se aposte em «massa cinzenta» importada de outras paragens e as gentes do Algarve estejam destinadas a ser meras serviçais de quem de fora para o Algarve venha a diversos títulos.

No entanto, não faltando quem, na crise, presentemente, vivida apresente os mais diversos programas salvíficos para o Algarve, de partidos políticos a associações patronais, nem uma ou quase nenhuma palavra sobre a matéria!

Um novo ano escolar está à porta, prevendo-se, até, a necessidade dum acréscimo de professores para fazer face aos desdobramentos de turmas, já que a pandemia vivida imporá alargamento de espaços entre alunos.

Pergunta-se:

Estará prevista, nomeadamente, por parte das autarquias, tão generosas noutros domínios, alguma medida visando alojamento para os professores que no Algarve sejam colocados, como, por exemplo, arrendando imóveis que, depois, a um preço acessível aos mesmos seriam subarrendados?

Ou será que se vai assistir ao mesmo cenário de anos anteriores, com professores a desistirem da sua colocação na região ou a terem de se sujeitar a um qualquer «buraco» ao fundo dum qualquer quintal, com  milhares de alunos sem aulas ou tardiamente as tendo, o que, entre outros fatores, contribuirá, naturalmente, para o seu abandono escolar?

O Algarve, decididamente, merece melhor educação!

Luís Ganhão | Jurista