O Festival F pode até ser o «último dos grandes festivais de Verão», mas pode tornar-se em muito mais do que isso, assim o queiram os promotores.
Decorreu mais uma edição do Festival F. Promovido como «O Último Grande Festival de Verão», o evento que ocupa o espaço conhecido como «Vila Adentro» – o Centro Histórico de Faro, que entre os dias 7 e 9 de setembro, voltou a levar multidões à capital algarvia «oferecendo» um generoso cartaz distribuído entre nove palcos, além de uma vasta oferta que, além da música, ia das artes performativas ao artesanato, passando ainda por exposições e tertúlias.
Apesar do local acolhedor e dos muitos projetos de qualidade que passaram por alguns dos palcos, o Festival F parece continuar, contudo, sem encontrar o seu «fio condutor».
A organização – partilhada entre o município de Faro, o Teatro das Figuras, a Ambifaro e a produtora Sons em Trânsito – bem procura destacar o facto de se tratar de «um cartaz 100 por cento português», mas esta é uma referência que parece mais proclamativa do que informativa sobre a natureza do Festival.
Certo é que quem chega ao Festival F encontra um festival que procura emular elementos dos festivais ditos comerciais – como comprovam as ofertas de alguns dos parceiros do evento que eram distribuídas pelo recinto, às vezes em troca da permissão de inclusão numa base de dados para efeitos publicitários – ao mesmo tempo que parece querer oferecer uma experiência distinta aos visitantes– como o demonstram experiências positivas como a existência de espaços como o do Mercado ou dos Músicos que deram palco (literalmente) a projetos musicais que mesmo que possam não ser do interesse da generalidade do público, a sua divulgação corresponde facilmente ao conceito de satisfação de interesse público.
Apesar do muito público que se encontrava praticamente em todos os concertos junto aos Palcos «Sagres Ria» e «Lusíadas Sé», sendo por lá que passaram muitos dos nomes mais sonantes, quando não mesmo consagrados, do Festival – como os Calema, Mimicat, Mariza, Jafumega, Bárbara Tinoco ou Pedro Abrunhosa – algumas das actuações mais sinceras puderam ser vistas em palcos como o Quintalão, onde logo na primeira noite os Criatura foram banda sensação, confirmando que já mereciam, por esta altura, um palco mais destacado.
Ainda que em registos diferentes há que destacar também os artistas «David Bruno» e o conjunto «José Pinhal Post-Mortem Experience» que provaram que o efeito «nostalgia» continua a ser apelativo e surpreenderam pelo número de fãs fiéis que os acompanharam apesar de serem projetos relativamente desconhecidos do grande público.
Outros palcos, mais ou menos procurados, permitiram a muitos artistas do Algarve partilhar a sua arte, ainda que nem sempre para a quantidade de público que mereciam, até pela dificuldade que muitos sentem em conciliar os horários da muita oferta que passava pelos nove palcos já aqui referidos.
Em suma, o Festival F pode até ser o «último dos grandes festivais de Verão», mas pode tornar-se em muito mais do que isso, assim o queiram os promotores. Até lá, o Festival F é um pouco o reflexo da região: apesar do muito potencial existente, há a necessidade de uma aparência que nem sempre permite à verdadeira essência sobressair.