Fazer um start à inovação no Algarve

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O Algarve é uma das regiões onde menos se inova em Portugal. Isto não é coincidência, basta analisar pelo numero de startups que nascem no sul do país (Alentejo inclusivé). De acordo com a Dun & Bradstreet, a zona sul é berço de apenas 18 por cento das startups portuguesas. Nos dias que correm a questão do empreendedorismo é central para qualquer economia dinâmica, sendo que existem sintomas preocupantes em muitos concelhos algarvios: as empresas não estão a criar novos produtos, nem novos modelos de negócio, de forma a atrair investimento e criar emprego.

Ainda há poucos anos, assistimos a um boom de incubadoras um pouco por todo o país, especialmente nas focadas em startups, algo que acontece ainda pouco pelo Algarve. É responsabilidade das autarquias, com a ajuda dos vários players regionais, criar condições para mudar essa realidade. É preciso também uma cada vez maior coordenação entre entidades que promovem o empreendedorismo no Algarve, como a sua universidade pública (UAlg), o CRESC, a CCDR Algarve e as principais empresas tecnológicas regionais. São estas que devem criar uma maior sensibilização para o tema, que continua a estar numa agenda secundária das autarquias, demasiado ocupadas com as suas economias frágeis e altos níveis de divida.

Uma incubadora hoje em dia é muito mais do que um espaço para uma empresa trabalhar, é também um lugar de partilha de ideias, criação de valor, realização de eventos tecnológicos, de networking, de dinamização, de auxílio na procura por investimento e parceiros, e muitas outras características essenciais na vida de uma empresa. As incubadoras são autênticas revolucionárias do seu espaço envolvente, atraindo mais empresas para os concelhos, mais talento, mais emprego e mais diversidade.

Já é altura para as nossas políticas públicas se desligarem da esquizofrenia dos negócios sazonais e ativarem o nosso maior trunfo, o turismo e lazer, à tecnologia e à inovação, criando modelos de negócio que se prolongam durante os 12 meses do ano. Ressuscitar a agricultura é também necessário, sendo que a grande maioria dos empresários agrícolas estão presos a equipamentos arcaicos e receitas que mal cobrem as despesas.

Advirtam os autarcas a olhar lá para fora e a tomar atenção, porque não estamos a acompanhar as mudanças estruturais que se passam no mundo. O Algarve está a ser batido na maioria das áreas, até no turismo, onde o ponto de referência português é cada vez mais Lisboa e Porto. Temos todas as condições para fazer melhor.