E agora, Algarve?

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Como algarvio e empresário, de tantos escolhos ultrapassados, este aterroriza-me!

Graves crises passadas, os erros e os prejuízos eram mensuráveis em tempo e profundidade, porque só associavam factores de funcionamento local e controlado.

A pandemia COVID-19 que, como todas as outras crises envolve os níveis de gestão pública, tem contornos de calamidade para além dos efeitos da doença em si.

Uma pandemia é um facto de envolvimento mundial que altera todas as regras e interesses de convivência.

O Turismo mundial seria uma vítima inevitável, um elo fraco, e assim nasce um largo constrangimento económico e financeiro para aqueles países que centraram políticas no sector.

Claro que houve estratégias conscientes, acreditando nos equilíbrios instáveis das relações sociais e intercâmbios.

Os países contabilizaram à custa dos planos principais e não escudaram as controvérsias.

Chamar à COVID-19 uma controvérsia é lisongeiro. A ciência nunca parou de dar recados, não ouvidos e daí o inimaginável.

Se a tragédia humana pode sofrer segunda vaga, a da economia e finanças não aguenta a primeira. Pelo menos no Algarve com pernas partidas. Os britânicos deram uma nega inesperada?

Não fizeram a sua propria análise pelas suas investigações? «Ingratos», diz o Presidente Marcelo, já lhes fizémos tantos favores.

Foi claro, só favores, o que prova conhecer a História. O Ministério dos Negócios Estrangeiros Santos Silva, não cala a injustiça e está disposto a pressionar, talvez iludindo sobre o que não foi feito.

Não lhe pediram mais ou não queria molestar a bilateralidade de irmos para lá fazer serviços que eles não querem fazer. São 400 mil a enviar divisas.

O senhor Pina de Olhão e da AMAL é o único que mostra um tom de indignação. Quer a reviravolta com rapidez, mas como fala a linguagem do PS… continuamos no respeitinho e na promessa de um olhar diferente para a região que não se deu.

Julgo que o sr. Pina e confrades da AMAL venham a ter um outono difícil. Como não há nos milhares de milhões da União Europeia para a reestruturação do tecido estrutural do país, qualquer conselho sulista (ainda estará ao nível do pensamento silencioso) de programar mudanças para o Algarve, os que sobreviverem ao ostracismo de décadas de democracia, vão ao menos poder contar as histórias.

O Sol, a praia, o pagode e a falta de água vão continuar a ser o denominador. O poder em Lisboa pode continuar tranquilo, que do sul, da nomenclatura, não há nada de novo!

O pior à vista é o descontrolo do controlo. Pina balbuciou a descriminação regional e os patrões partidários não ouviram. Digam o que disserem, o Algarve está descapitalizado e quase imobilizado e, nos Bancos locais, os fundos COVID estão esgotados.

E por falar de Lisboa, onde a concentração de poderes não viu o que vinha aí, o casulo sucumbiu e a família desuniu-se.

Medina acordou e exaltou-se com a falta de dirigismo. Claro que não se referia a si.

Também não estaria em sobressalto se os números fariam sofrer regiões fora da sua vista metropolitana, incluindo o Algarve, que foi apanhado em dores alheias.

E agora que os efeitos da decisão britânica pode ter outras consequências e reações negativas de outros horizontes, porque isto das pandemias podem ser analisadas de forma parcial e egocentrista como assustam, que esperar de quem tem o rabo sossegado nas cadeiras do poder?

Com encerramentos em finais de outubro do outro ano e seis meses passados deste, quem ousa falar verdade sobre os factos indesmentíveis do desastre social, económico e financeiro que já é real?

Governo e AMAL são uma miragem de soluções! Gostava de ver um político sem oito meses de ordenado, como o Algarve exige para respirar, incomensuravelmente menos que os roubos do BPN e do BES. Saiam à rua para ouvir…