De boas intenções… está a internet cheia?!

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Conhece aquele velho ditado que diz que «de boas intenções está o inferno cheio»?

Com certeza já o usou algumas vezes, mas sabe o que significa? Grosso modo quer dizer que não basta ter boas ideias, sonhos ou planos para que algo aconteça. É preciso fazer (com todo o esforço, trabalho e risco que isso possa implicar) para se conseguir algo, para ter «sucesso».

«Sim senhora, compreendido! Mas e o que é que isso tem a ver com a internet, websites e o seu conteúdo?» (emoji a revirar os olhinhos, com ar de desprezo). Assim à primeira vista eu diria que nada, particularmente se se olhar do ponto de vista do marketing digital, certo? Senão vejamos: tem-se um negócio, faz-se um site para o dito (mais a página de Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn, Tik Tok e todas as redes sociais com as quais já não conseguimos viver, mas sem as quais não podemos passar!) e desata-se a fazer publicidade em todas as plataformas disponíveis online que «nalguma se há de vender alguma coisa», ou não se faz nada porque «isso é tudo muito caro e a coisa há de se dar na mesma».

E no tal website, como é óbvio, colocam umas imagens bonitas, numa estrutura bem pensada, com textos catitas («que a Maria que faz os orçamentos até tem jeito para escrever») e a coisa fica feita. «Pronto! Agora é só esperar que os clientes nos encontrem no Google».

E põe-se um check (ou certo, se for mais tradicionalista) naquela caixinha!

Ora, acontece que os clientes têm que vos encontrar no meio dos outros mais de 1,5 mil milhões de websites que «populam» a internet hoje em dia e, para isso acontecer, o Google tem que vos «mostrar» numa das suas páginas de resultados de pesquisas.

E, aqui só para nós, quando foi a última vez que passou além da segunda (vá, terceira, para não dizerem que sou muito exigente) destas páginas em busca de seja o que for? Pois…! E é aqui que voltámos à tal estória das intenções, com que isto começou.

Sabia que o Google e a sua inteligência artificial estão a tornar-se tão bons (ou maus, dependendo do prisma por onde se olha!) que já tentam (e conseguem!) avaliar e diferenciar as pesquisas feitas pelos utilizadores de acordo com a sua intenção?

É que a forma como pesquisamos algo, os termos de pesquisa que utilizamos e as famigeradas palavras-chave de que nos valemos são indicatórias do que queremos e de quando o queremos.

A verdade é que, o simples facto de irmos ao Google e de lá escrevermos uma qualquer questão, não quer dizer que tenhamos obrigatoriamente vontade de adquirir ou comprar algo (ou pelo menos não imediatamente).

O Google sabe que a intenção do utilizador pode ser meramente informativa (ele ou ela andam só em busca de informações sobre aquele assunto); de navegação (querem encontrar um determinado website); ou transacional (procuram um site para realizar algum tipo de interação – como obter informações de contacto, comprar um produto ou serviço, assinar uma newsletter – ou qualquer outra coisa que possa ser cumprida dentro do mesmo).

E qualquer proprietário de um negócio lhe dirá o quão importante é conseguir distinguir as pessoas (ou utilizadores) que estão apenas à procura de informações, daqueles que estão prontos para fazer uma compra (ou “mais abaixo no funil de vendas”, como dizem os moços do marketing). E sabe quem mais sabe isto? Isso mesmo, o nosso digníssimo Google (oh ser quase omnisciente!).

Então, voltando atrás – àquela parte em que, depois do seu website construído (estrutura, páginas, imagens e textos, tudo fantástico e maravilhoso que com tanto amor, carinho e suor lá colocou), esfregou as mãozinhas de contente e, com ar orgulhoso e sentimento de dever cumprido, ficou a aguardar que os clientes o encontrem na internet – é fácil perceber que a tal espera é capaz de ser um nadinha mais longa do que aquilo que inicialmente pensava ou pretendia. A não ser que faça Google Ads. Se fizer Google Ads, está safo! Desde que contrate alguém que saiba verdadeiramente o que está a fazer. E que não tenha um nicho de mercado super específico. E que a sua concorrência não seja muito endinheirada.

E que… «Ok, já percebemos a ideia, D. Espertinha, não há um remédio digital milagroso do tipo uma gota e já está»! Mas afinal, há ou não solução para a coisa?” (emoji de monóculo no olho e com ar inquiridor).

Bem, não há como escapar: SEO (esse santo Graal digital do século XXI!).

E a relevância da página do site para a real necessidade do utilizador tem de ser o pilar onde vai assentar a sua estratégia de SEO. Acredite que, por mais complicado que pareça, na prática acaba por ser relativamente simples. Analisando a intenção das páginas listadas como os 10 primeiros resultados, para cada palavra-chave na pesquisa do Google, neste momento, pode perceber-se que palavra-chave já está associada a cada intenção. Posteriormente pode ajustar-se o conteúdo da página e a escolha da palavra-chave para essa página, dependendo da intenção do utilizador, página a página, em cada website.

É simples: quer tráfego orgânico no seu website, daquele pelo qual não tem que pagar um tostão a ninguém? E cliques e vendas, ou leads geradas a partir dele? Então tem que trabalhar o seu SEO e forçosamente o seu conteúdo.

Mas atenção que «trabalhar» o SEO do seu site não quer dizer preencher com as «palavras-chave» que acha que são as mais importantes ou mais adequadas ao seu negócio (porque «tem um feeling especial e já faz o que faz há muitos anos») as etiquetas meta (ou meta tags) de cada página (sendo que, é claro que, se não tiver outra hipótese, e não puder contratar um profissional que o ajude, isto será melhor que nada).

É essencial fazer uma pesquisa de palavras-chave como deve ser e para cada idioma a utilizar (sim, uma por cada língua do site, nada de traduções!).

Criar uma base de dados com estas palavras-chave e analisar o seu potencial, não só em termos de volume de pesquisa, mas também do ponto de vista da concorrência e da tal intenção do utilizador (ou da pesquisa).

Escolher as palavras-chave mais promissoras e mapear as páginas do seu website, atribuindo a cada uma delas uma das palavras escolhidas anteriormente (e nada de repetições, que já basta a concorrência dos outros sites; não precisa que dentro do seu as páginas também concorram entre si). E finalmente (e agora sim!) criar as tais etiquetas meta e o conteúdo de cada página usando a palavra-chave escolhida para ela.

Ah, e não se esqueça que, quando atualmente se fala em «palavra-chave», na verdade estamos a falar de «frase-chave», pois há já algum tempo que ela deixou de ser só uma palavra (emoji com ar “chalado”, boca aberta, língua de fora e olhos revirados, ligeiramente estrábico)!

E, posto isto, o que é que me diz: será que de boas intenções… está a (sua) internet cheia? (emoji com ar pensativo e a coçar a cabeça!)

Adriana Silva | Especialista em Comunicação e Marketing Digital
yourdigitalclarity.com