Comissão Europeia nomeia Nuno Marques avaliador de qualidade

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Nuno Marques, médico e ex-dirigente do ABC é um dos especialistas que irá avaliar as 24 redes europeias de cuidados de saúde diferenciados, incluindo hospitais de referência.

Em Portugal, contam-se pelos dedos os avaliadores indiciados pela Comissão Europeia para analisar, em termos de qualidade, as 24 redes de referência europeias para o tratamento diferenciado das doenças raras, que incluem 834 hospitais, e cujo processo está em curso.
Ouvido pelo barlavento, Nuno Marques, ex-responsável pelo ABC – Algarve Biomedical Center, explica que «a qualidade dos cuidados de saúde, com foco nos doentes ou utentes, é desde há muito tempo uma das prioridades da Comissão Europeia, facto que levou a que Portugal também adotasse esta diretiva nos hospitais universitários e de referência. A Direção-Geral da Saúde (DGS) definiu como prioridade nacional a qualidade dos cuidados de saúde e tem um departamento que avalia os hospitais nacionais, atribuindo uma certificação às instituições, o que garante a melhoria dos cuidados aos utentes. Desde há vários anos que colaboro com a DGS e também com a Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucía que avalia e certifica a qualidade em termos europeus».

No processo atual, conta, «fui contactado para ser um dos avaliadores seniores de qualidade das redes europeias no processo desencadeado pela Comissão Europeia, o que desde logo é uma grande responsabilidade, pois serão revistos os hospitais de referência, identificadas as suas fragilidades em termos de controlo da qualidade e também as redes europeias diferenciadas que aplicam cuidados a doentes com patologias complexas. Hoje, para se desempenhar esta função é necessário ter, pelo menos, 10 anos de experiência e ser especialista em qualidade de cuidados de saúde com boa classificação em processos europeus anteriores», refere.

Sobre o processo em si, o médico cardiologista explica que «a avaliação é efetuada através de uma revisão dos procedimentos que são efetuados, no cumprimento dos prazos para a sua execução e nos resultados atingidos. Esta avaliação é complementada com uma visita presencial ao hospital onde são avaliadas as condições de prestação de cuidados in loco», o que também inclui «todos os hospitais portugueses considerados de referência que estão nestas redes». É o caso do Centro Hospitalar Universitário de São João, do Centro Hospitalar Universitário no Porto, do Hospital de Guimarães, do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte.

No caso do Algarve, contudo, não existem «centros de referências nas áreas de doenças raras e complexas», o que deixa a região de fora destas redes. «Estavam a ser criadas todas as condições para existirem, tendo sido essa prioridade definida em 2019. O ABC contribuiu para esse âmbito com a criação de áreas complementares aos hospitais. Foi o caso da criação de um laboratório de genética, da criação de um biobanco (que está ainda em curso), da criação de um centro diferenciado de radiologia de desenvolvimento e investigação tecnológica e de treino cirúrgico. Tudo isto está implementado ou em curso», detalha.

Para Nuno Marques, contudo, «nos últimos anos, em termos das políticas hospitalares, existiu um retrocesso, em vez de existir uma aposta na diferenciação. Para se poder integrar estas redes é essencial a implementação de um sistema de qualidade de cuidados de saúde, que foi abandonado e tem agora um atraso de pelo menos três anos». Ainda assim, o médico acredita que «é possível e muito importante para uma região turística como o Algarve. Acredito que irão ocorrer as mudanças necessárias para que tal aconteça».