UAlg faz testagem em massa à comunidade académica

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Mais de quatro mil pessoas voluntariaram-se para serem testadas na Universidade do Algarve (UAlg), seguindo o plano nacional proposto pela Direção-Geral de Ensino Superior (DGES) e a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Entre alunos, docentes, investigadores e funcionários, foram mais de quatro mil as pessoas da comunidade académica da UAlg, que quiseram fazer o rastreio para a COVID-19, antes de reiniciarem a atividade letiva presencial.

Desde sexta-feira, dia 16 de abril e até ao próximo sábado, dia 24, que o ginásio da Escola Superior de Educação e Comunicação (ESEC), no campus da Penha, está transformado, temporariamente, num centro de testagem em massa ao novo Coronavírus.

Tratam-se de testes rápidos de antigénio, com resultados em cerca de 15 minutos, gratuitos, e que se encontram a ser realizados também por voluntários da comunidade académica, como docentes da área da saúde e estudantes.

De acordo com André Botelheiro, assessor de comunicação da UAlg, toda a organização ficou a cargo da academia e envolve cerca de 50 pessoas desde a área do check-in, à recolha das amostras através de zaragatoa, até à análise dos resultados.

André Botelheiro.

«Este rastreio à população académica foi proposto, a nível nacional, pela DGES e pela DGS, sendo que foi a Cruz Vermelha Portuguesa que nos deu os testes e os kits. A UAlg, desde o primeiro momento, manifestou a sua intenção de participar e ficámos responsáveis por toda a logística desde recursos humanos e organização do espaço físico», começou por explicar ao barlavento.

Trata-se então de um iniciativa com objetivos bastante concretos: «garantir a segurança no regresso às atividades letivas e o de alertar para a adoção de comportamentos seguros como a obrigatoriedade do uso de máscara dentro dos campi e o distanciamento físico. Além disso, pensamos que isto também possa ser um alerta e demonstrar à população que é seguro voltar às aulas», disse André Botelheiro.

«Começámos por notificar e convidar todas as pessoas a inscreverem-se. Só se inscreveu quem quis. Os primeiros três dias testámos, sobretudo, funcionários e docentes e realizámos mais de 700 testes, o que abrangeu uma percentagem muito elevada. Como iniciaram agora as aulas presenciais, estamos dedicados a testar os alunos até ao final da semana».

Alunos de todos os graus académicos e de qualquer idade que se puderam inscrever para garantirem que regressavam às atividades letivas de forma segura. Foi o que motivou, por exemplo, Cátia Cova, estudante do terceiro ano da licenciatura de Ciências Biomédicas Laboratoriais, a voluntariar-se.

«Decidi fazer o teste porque quero voltar para uma universidade e estudar seguramente. Havia um pouco de receio em regressar, tendo em conta o rt [índice de transmissibilidade], mas com todos os cuidados que estamos a ter agora, acho que é possível», referiu ao barlavento, depois de fazer o teste, que segundo a própria: «não dói nada, faz apenas um pouco de impressão».

Por sua vez, Ana Margarida, a lecionar Biologia Marinha, decidiu voluntariar-se por «descargo de consciência» e ao barlavento afirmou que era da opinião que se tratava de «um dever de todos».

Também Ana Calado, aluna do primeiro ano do curso de Educação Básica, achou importante fazer o rastreio, mesmo existindo algum receio por se tratar da primeira vez. «Foi uma sensação estranha porque nunca tinha sentido nada igual, mas acho muito bem que existam estas iniciativas nas universidades e nas escolas. Na minha turma sei que quase todos vieram fazer o teste e acho que todos os alunos deviam voluntariar-se para vir fazer».

No ginásio, a coordenar toda o rastreio encontra-se Cláudia Oliveira, docente do curso de Enfermagem e enfermeira, licenciada pela UAlg.

Ao barlavento detalhou que os estudantes chegam ao local «receosos e ansiosos». Para combaterem isso, «temos uma conversa com eles, calma e serena, onde procuramos tranquilizá-los e dizer a verdade, que se trata de uma técnica que não provoca dor, mas que é desconfortável. Depois pedimos a colaboração deles para que o exame corra com a maior tranquilidade. Ou seja, não franzir a testa, nem fazer caretas, porque faz com que não estreite o canal de passagem e que se consiga chegar ao local exato para se recolher uma boa amostra».

Cláudia Oliveira.

Sobre a medida da testagem em massa na academia, a profissional de saúde definiu-a como «muito importante na identificação de possíveis casos suspeitos, ou positivos. Nesse caso, é importante para a disseminação do vírus, identificar o quanto antes os possíveis contactos com essas mesmas pessoas. Defendo esta iniciativa da UAlg e é por esse mesmo motivo que estou a colaborar com a mesma».

E parece não ser a única com a mesma linha de pensamento. «Os estudantes que estão aqui connosco voluntariaram-se para estarem aqui. Muitos deles voluntariaram-se para fazerem parte da equipa de colheitas e para serem testados. Isso mostra que reconhecem todo este projeto como uma mais-valia e abraçaram-no com toda a sua vontade».

Questionada ainda sobre que motivo a levou a ser voluntária no rastreio, Cláudia Oliveira respondeu: «é o acreditar na causa que me faz estar aqui. Acreditar na causa é meio caminho andado para participarmos. A verdade é que estamos orgulhosos pela UAlg, a nossa casa, a nossa instituição, em tomar esta iniciativa e por isso faz-nos todo o sentido, enquanto docentes da Universidade e profissionais de saúde, em colaborar» com o rastreio.

Já depois dos testes realizados e analisados, os resultados são comunicados aos voluntários no final de cada dia, por email, à exceção dos casos em que o resultado é inconclusivo. «Aí há a exigência de um teste de diagnóstico PCR, para se verificar com a devida fidelidade e maior credibilidade o resultado. Nesse caso, a pessoa é imediatamente contactada por telemóvel e é agendado o teste no drive thru do Algarve Biomedical Center (ABC), no Estádio Algarve», explica André Botelheiro.

Até ao momento «os poucos inconclusivos que tivemos, nenhum se veio a verificar ser positivo», assegurou o assessor de comunicação.

Por fim, Botelheiro faz ainda um balanço positivo da iniciativa. «Foram cerca de quatro mil pessoas da comunidade que se inscreveram. Uma vez que o total da população ronda as 10 mil pessoas, podemos dizer que cerca de 40 por cento aderiu. Temos é de ter em conta que há muitos estudantes e docentes que não têm presença física na instituição. Estamos a falar de alunos de doutoramento, de mestrado que se encontram na dissertação e de professores convidados, com horários de 10 por cento das aulas, e que já cumpriram a sua carga letiva neste semestre. Parece que não será metade da população total, mas diria que, de pessoas que estarão em efetividade de funções, se calhar estamos acima da metade dessa população».

Manuel Heitor visitou a testagem

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, visitou a Universidade do Algarve, ontem, dia 21 abril, «para reconhecer e agradecer o trabalho dos docentes, funcionários e uma mobilização inédita dos estudantes», que se disponibilizaram como voluntários para colaborar no processo de testagem que a Universidade do Algarve (UAlg) está a realizar a toda a comunidade académica, tendo em vista a retoma das atividades letivas de forma mais segura.

Para Manuel Heitor, apesar de um «reinício tranquilo, seguro e feliz», é necessária «muita precaução» e, por isso, «a realização dos testes é muito importante para prever e ir monitorizando as atividades diariamente».

Neste novo regresso ao ensino presencial, o ministro da tutela visitou ainda uma aula do curso de licenciatura em Design da Comunicação e outra do curso de licenciatura em Imagem Animada, ambos na Escola Superior de Educação e Comunicação (ESEC).

Instalado no Ginásio da ESEC, no campus da Penha, o centro de testagem à COVID-19 está a operar desde o dia 16 de abril e prevê-se que se mantenha a funcionar até ao próximo sábado, dia 24 de abril. Até à  data é expectável que se realizem cerca de 4000 testes.

Também o reitor Paulo Águas enaltece o trabalho de todos os voluntários envolvidos no planeamento e realização desta operação de testagem, realçando a adesão da comunidade académica a este rastreio. Na sua opinião, «só desta forma se poderá fazer da UAlg um local saudável e mais seguro para estudar e trabalhar».

Até ao momento não há a registar nenhum caso positivo de COVID-19 na academia.