Daniela Pereira, formada em arquitetura e mais tarde em Home Staging, disponibiliza serviços em todo o Algarve.
Vender um imóvel nunca foi tão fácil e divertido como agora que há cada vez mais técnicas de marketing, entre as quais Home Staging, e profissionais disponíveis para ajudar, como é o caso de Daniela Pereira.
É natural de Ermidas do Sado, no Alentejo, e vive atualmente em Loulé. Sempre foi apaixonada por arquitetura, curso que concluiu na Universidade de Évora, e teve um interesse em remodelações e decoração.
«Sempre gostei de casas», revelou ao barlavento enquanto recordava que em criança gostava de decorar a casa dos pais e da bisavó, que estava inabitada, mas toda mobilada. Passava muito tempo a alterar a disposição dos objetos para que o espaço ficasse mais apelativo, mas não ficava por aqui.
Até nas brincadeiras com os outros esta tendência de Daniela se refletia. Lembra-se de brincar com os primos de uma maneira muito particular; enquanto os meninos faziam corridas com carrinhos, ela ocupava o seu tempo a construir garagens para que pudessem estacioná-los.
Construir e decorar sempre fez parte da vida da alentejana que, quando terminou os estudos, fez estágios ao longo de dois anos tanto em Portugal como fora, tendo passado por Lisboa e Roterdão, na Holanda, conhecida como capital da arquitetura.

Trabalhou em ateliers, como o de Santa Catarina fundado pelas netas de Almada Negreiros e de Rui Silva Russo, e fez parte de diversos projetos como arquiteta. No entanto, a burocracia e o facto de ser uma profissão que exige muito trabalho feito no computador fez com que repensasse onde realmente gostaria de dedicar o seu tempo.
Assim como para tantas outras pessoas, também para Daniela Pereira a pandemia da Covid-19 foi um ponto de viragem na sua vida. Na altura, decidiu deixar a Fine & Country, agência imobiliária para a qual trabalhava, e mudar-se para Lagoa onde começou a fazer investimentos através da compra, remodelação e venda de imóveis.

Esta experiência permitiu que se deparasse com um mundo até então desconhecido para si e se familiarizasse com técnicas de venda que a levaram a expandir ainda mais os seus horizontes. Ao perceber que as alterações feitas nas propriedades agradaram aos compradores e permitiram elevar o seu valor, passou a disponibilizar os seus serviços aos interessados.
A possibilidade de ver resultados do seu trabalho num tempo mais curto fez com que não hesitasse quando optou por se dedicar ao Home Staging em toda a região algarvia. «É frustrante ter de esperar cinco anos para ver um projeto concluído», confessou ao barlavento.
Esta foi a motivação de Daniela Pereira, agora proprietária da empresa PURA atelier, para se formar em Home Stager com a Associação Portuguesa de Home Stagers (APHS), o que lhe deu ainda mais aptidão para rentabilizar imóveis evidenciando os seus pontos fortes «para que se destaquem da concorrência».
Contrariamente ao que se possa pensar, esta atividade não está relacionada com arquitetura ou decoração, ambas vertentes da arte, consiste «no equipamento de imóveis ou ajuste aos que já existem. É uma técnica de marketing para que sejam vendidos mais rapidamente, ao melhor preço», ou seja, relaciona-se exclusivamente com marketing, explicou Daniela Pereira ao salientar que «um Home Stager tem de saber de tendências e o que agrada ao público em geral».

As cores, disposição dos objetos, limpeza, sensação de conforto e ausência de elementos de identificação, como animais de estimação ou fotografias, o que representa a «despersonificação do imóvel», fazem parte das preocupações de quem prepara uma residência para venda.
O intuito é «despertar a atenção e desejo de adquirir o imóvel, os objetos escolhidos são apenas uma amostra do que quem o comprar poderá lá colocar», esclareceu a especialista ao realçar que o seu foco «é conseguir chegar a um público mais generalizado, ao contrário do designer de interiores que se foca num caso em específico, quer seja uma família ou indivíduo».
Independente da faixa etária, sexo ou nacionalidade do cliente, todos procuram harmonia, equilíbrio e inovação. «O impacto ao entrar numa casa modernizada e luminosa dá de imediato a sensação de que está nova e não tem problemas. Qualquer um consegue imaginar-se e a viver ali», comentou a Home Stager ao frisar que o seu objetivo é «mostrar que a casa é ampla e não que tem capacidade para estar cheia de elementos decorativos».

As propriedades que estão à venda com este serviço são, por norma, vendidas ao preço solicitado sem margem de negociação porque, de acordo com Daniela, neste caso «os compradores não têm nada a apontar ao imóvel».
Segundo Daniela, as estatísticas mostram que a aposta na encenação de uma casa tem «uma mais-valia de 7% a 10% para o proprietário que faz um investimento entre 1% a 3%». No entanto, esta despesa pode ficar a cargo tanto da imobiliária como do particular, ou até ser partilhada entre ambos. Outras pessoas que recorrem a este serviço são os investidores, que constroem ou remodelam uma habitação, ou gestores de propriedades, que têm imóveis para alugar.
Ao longo da sua formação, a arquiteta aprendeu que só 10% da população tem capacidade para perceber como valorizar um espaço, o que significa que o seu trabalho é precisamente ajudar os restantes 90% que não conseguem projetar-se numa casa.
Apesar de existir a possibilidade de se visualizar a possível decoração de uma casa em 3D, esta opção em nada tem a ver com o conceito de Home Staging – criado nos Estados Unidos da América nos anos 1970 por Barb Schwarz -, que pretende proporcionar uma experiência real. Para tal, é necessário que o comprador se desloque ao imóvel e tenha contacto direito com o espaço, os objetos e até com o cheiro, para assim perceber se a propriedade lhe transmite ou não uma sensação física de bem-estar.
Para Daniela, simular a encenação de forma virtual pode até criar uma «decepção» no possível comprador porque após visualizar uma casa equipada, mobilada e apelativa em 3D quando a visita está vazia e «essa não é de todo a sensação que se pretende criar».
Para além de agora se destacar pelo conhecimento e experiência adquirida, anteriormente Daniela viu o seu potencial ser reconhecido com vários prémios, entre eles uma menção honrosa que distinguiu a reabilitação do Cais do Ginjal em Cacilhas, Almada, e o primeiro lugar num concurso para a Polis Litoral Ria de Aveiro.