Zoomarine reabre com o primeiro borboletário do Algarve

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Cerca de 400 borboletas exóticas, de dezenas de espécies diferentes, voam por cima de lagos, peixes e um jardim botânico tropical, na nova atração do parque, o Butterfly Garden.

Como é hábito, todos os anos o Zoomarine apresenta novidades aos visitantes. Depois de um interregno de seis meses, o parque temático voltou a abrir portas no dia 12 de abril. O destaque da temporada é uma nova área zoológica. Com mais de 300 metros quadrados, situada no local do antigo centro de exposições, nasceu um jardim botânico tropical, o Butterfly Garden, que serve de habitat de centenas de borboletas exóticas originárias da África, Ásia e América.

A ideia surgiu do próprio fundador do parque, Pedro Lavia, que se inspirou num espaço congénere em Benalmádena [Málaga, Espanha] e foi em novembro último que se deu início à criação do projeto.

«Quisémos replicar uma floresta tropical e tudo teve de ser feito a pensar nas borboletas e em criar as condições ideais para viverem. Além da vegetação, que é muito importante para estes animais, é preciso garantir as condições ideais de temperatura e de humidade. Por isso é que, por vezes, chove dentro do jardim, de forma a simular o que acontece num habitat tropical», começa por contar ao barlavento Vasco Alves, 30 anos, técnico no Zoomarine desde 2015 e, agora, responsável do novo borboletário.

Zoomarine

Mesmo antes da reabertura do parque, era necessário, primeiro, perceber qual a adaptabilidade de cada espécie à sua nova casa.

«Tínhamos de ver se as borboletas se adaptavam ao ambiente, se iam dispor dos comportamentos naturais e se tinham o necessário para se alimentar. Fizemos testes e alguns indivíduos estavam já a colocar ovos, portanto, vimos a sua reprodução. Isso fez-nos entender que tínhamos as condições ideias para subsistirem aqui. Claro que tivemos muita coisa em consideração antes de inaugurarmos este espaço, até porque seria irresponsável de outra forma», acrescenta Vasco Alves, licenciado em Biologia, que recorda ainda o 12 de abril «como uma agradável surpresa porque tivemos as primeiras lagartas a nascerem aqui, logo no dia da abertura do jardim aos visitantes. É um marco histórico».

Um «pai muito orgulhoso»

A voar livremente no Butterfly Garden, a uma temperatura que ronda sempre os 28 graus e uma humidade nos 75 por cento, encontram-se quase 400 borboletas, tanto diurnas como noturnas, de 20 espécies diferentes, com cores, tamanhos e características completamente distintas.

Vasco Alves explica quais as que se distinguem com maior facilidade. «Por exemplo, as Olho-de-mocho (Caligo Memnon) deverão ser as maiores e temos várias espécies deste grupo. Temos as Imperador (Morpho Peleides) e as Morpho Achilles, que devem ser as mais pequenas, mas que se destacam pelas suas cores. E, pelo menos, umas cinco espécies de Heliconius com asas longas, em que cada uma possui uma cor diferente. Depois, temos as Papilio, um género que temos várias espécies como as esmeraldas, de cor verde e as Rumanzovia, que são escarlate».

Butterfly Garden

Em comum, o facto de nenhuma se encontrar em vias de extinção, porque «isso iria acarretar outras circunstâncias mais difíceis de gerir», explicita o técnico.

Questionado sobre qual a razão para nenhum dos animais ser de origem europeia, o responsável afirma que há um motivo para essa decisão. «Muitas vezes caímos no erro de desvalorizar aquilo a que estamos mais habituados ou vemos com maior frequência. Como queremos deixar este espaço na memória das pessoas, acabámos por escolher espécies embaixadoras. Estas borboletas, como são tão diferentes do que costumamos ver, até porque não existem em Portugal, vão deixar outro impacto nos visitantes e causar outras emoções, como a necessidade de as protegermos».

No jardim, é ainda possível observarem-se todas as fases de uma borboleta: ovos, lagartas, casulos e adultos. Estes últimos, têm uma esperança média de vida de cerca de 14 dias, o mesmo tempo que, muitas vezes, é necessário para uma borboleta emergir do casulo. Daí ser tão importante o pupário que existe dentro do jardim, que pode também ser observado pelos visitantes.

«É a casa onde ficam as nossas pupas, os casulos. Eles estão fixados aqui porque conseguimos garantir as melhores condições para emergirem, saírem dos casulos. O tempo que cada uma leva, depende da sua espécie, pode variar entre sete a 21 dias». Seria perigoso tê-los no jardim? «Não é que seja perigoso, ainda estamos é numa fase de exploração, de perceber como é que os animais se adaptam. Já temos bons indicadores, mas ainda não temos um ciclo de vida completo no jardim, do ovo até ao adulto», esclarece Alves.

Mas quando uma borboleta emerge de um casulo, «não significa que esteja logo preparada para o primeiro voo. Ficam aqui no nosso pupário, ainda numa fase de descanso. Abrimos é a janela várias vezes ao dia para que tenham oportunidade de escolha. As que quiserem sair para o jardim, estão à vontade. Se, por outro lado, não for ainda a altura delas, tudo bem, voltamos a fechar a janela e mais tarde voltamos a abrir», descreve.

Em relação a qual a borboleta favorita do técnico, a resposta é clara: «para mim são todas espetaculares. Sou um pai muito orgulhoso e sempre quis ter oportunidade de ter este contacto com insetos».

Encanto para introduzir conhecimento

Além do objetivo de dar a conhecer as espécies exóticas, o Butterfly Garden tem também um cariz educacional, à semelhança das outras zonas zoológicas do parque.

«O Zoomarine pretende sempre passar uma mensagem de educação ambiental aos visitantes. O principal intuito é encantar, mas aproveitar esse encanto e introduzir conhecimento de uma forma lúdica e interativa. A ideia é que as pessoas regressem a casa a saber o quão importantes estes animais são, o que se pode fazer para os preservar e também compreender o seu ciclo de vida. As memórias associadas à emoção são muito mais fortes que qualquer conhecimento estudado», aponta o técnico do borboletário.

Essa é a razão que motiva as placas informativas que existem em pontos específicos do jardim, assim como a identificação de todas as plantas e dos peixes, como as carpas e os ciclídeos, que compõem os lagos.

Além disso, segundo Vasco Alves, «a informação mais interativa é dada pelos técnicos do borboletário. Está sempre, pelo menos, uma pessoa presente, não só para tomar conta dos animais, como também para interagir com os visitantes, mostrar o que fazemos e contar curiosidades de cada espécie».

Primeiras reações «ótimas»

Apesar de o novo espaço do Zoomarine ter inaugurado apenas há cerca de duas semanas, os poucos visitantes que já tiveram oportunidade de conhecer o jardim, «adoraram. Os comentários têm sido excelentes, as pessoas estão a adorar o espaço e ficam muito surpreendidas com esta novidade. Acho que isso também se deve ao facto de ser uma ideia tão diferente, uma escolha inesperada e fora da caixa. Acho que o feedback não poderia ser melhor», garante ao barlavento Mariana Poupado, responsável pela comunicação do parque.

Já sobre quais as perspetivas futuras para o Butterfly Garden, o técnico responsável, Vasco Alves, salienta que, primeiro, «queremos perceber como corre este ano. Estamos a montar as primeiras engrenagens para ver o que falta e o que podemos melhorar. É sempre preciso fazer esta análise. Numa visão mais ambiciosa, daqui a três anos, o ideal seria termos mais de 70 por cento das borboletas a serem criadas aqui, com o ciclo de vida garantido por nós».

Zoomarine - Borboletas

O Zoomarine está aberto entre as 10h00 e as 18h00, de segunda-feira a domingo e, de acordo com Vasco Alves, a melhor altura para se testemunharem borboletas ativas é logo de manhã.

«Estão menos ativas quando há menos luz solar, porque se sentem menos incentivadas a ir à procura de parceiro e a alimentarem-se. Preferem ficar a descansar e a poupar energias. Se estiver um bom dia de sol, assim que o parque abrir aconselhamos os visitantes a virem logo ao borboletário.

Um verão que se antevê positivo

O impacto da pandemia no Zoomarine, segundo a nova responsável de comunicação Mariana Poupado, «foi muito grande. Quer as portas estejam abertas ou não, temos uma estrutura que tem de continuar a ser salvaguardada. A família zoológica que temos é vasta e foram períodos desafiantes e pesados para um parque deste tamanho».

No entanto, as previsões para a próxima época são «bastante boas. Estamos a contar com um aumento de cerca de 50 por cento relativamente ao ano passado. A pandemia ainda não acabou, mas já está a acalmar e nota-se uma maior segurança e à vontade por parte dos nossos visitantes».

Prova disso é que, os primeiros dias de reabertura do parque, «tivemos imensas pessoas. Foi um início muito bom e uma excelente maneira de arrancar a nova temporada».

Mariana Poupado chama ainda a atenção para o facto de o Zoomarine ter em aberto diversas ofertas de trabalho ainda disponíveis, principalmente para operacionais na área da restauração e equipamentos mecânicos.

Campanha para residentes até junho

Com a reabertura do Zoomarine, está também de volta a campanha especial para residentes.

Segundo Mariana Poupado, responsável pela comunicação, «este ano a promoção aplica-se às entradas de um dia para o parque temático. O bilhete de adulto custa 20 euros e o de júnior/sénior custa 15».

São valores exclusivos para residentes no Algarve, entre os dias 15 de abril e 31 de maio, em compras de bilhetes online.

À entrada do parque é depois necessário apresentar prova de residência (fatura de água, luz, carta de condução, cartão de estudante ou contrato de arrendamento). O desconto é válido para um residente e um acompanhante.