Hoteleiros consideram verba insuficiente para fazer face aos prejuízos.
O presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, considerou ontem, terça-feira, 21 de julho, «manifestamente insuficiente» a verba de 300 milhões de euros destinada à região através de fundos da União Europeia, devido à quebra no turismo.
«Parece-me uma verba manifestamente insuficiente face à dimensão dos problemas que a região atravessa», disse à Lusa Elidérico Viegas, argumentando que «não é suficiente para os investimentos públicos que são necessários fazer e para apoiar as empresas».
Portugal vai arrecadar, com o orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo e o Fundo de Recuperação, 45 mil milhões de euros em subsídios, destinando 300 milhões à região do Algarve, devido à quebra no turismo.
O primeiro-ministro António Costa fez o anúncio hoje de madrugada, em Bruxelas, minutos depois de o Conselho Europeu ter chegado a acordo sobre um pacote total de 1,82 biliões de euros para retoma da economia comunitária pós-crise da covid-19.
O «programa específico para a região do Algarve», suportado por 300 milhões de euros adicionais na área da Coesão, visa, segundo o governante, «apoiar a diversificação da sua economia, melhorar infraestruturas e fazer investimentos necessários no setor da saúde».
No entanto, apesar de considerar que o plano específico para a região é uma medida «acertada», o presidente da maior associação hoteleira no Algarve lembra que esta «é a zona do país mais afetada económica e socialmente» e que a verba de 300 milhões de euros representa menos de 0,7 por cento do total aprovado para o país.
«Penso que o Algarve tem de ser dotado de acordo com o seu contributo para a riqueza do país», defendeu.
De acordo com o empresário, o montante a atribuir ao Algarve «tem de ser ajustado ao produto interno» de uma região na qual o turismo – o setor que tem sido mais «abalado» pela pandemia de COVID-19 – é a atividade económica principal.
Segundo o responsável, as quebras no setor são «enormíssimas», tendo rondado os 100 por cento em abril e maio e os 90 por cento em junho. É expectável que o mês de julho termine com quebras na ordem dos 60 por cento.
Em agosto, a estimativa é de que o setor sofra uma quebra de 50 por cento, que começará depois a aumentar a partir de setembro, com quebras de 60 por cento a 70 por cento. A partir de outubro esses valores deverão ser na ordem dos 90 por cento.
«Estamos numa situação em que este plano específico para recuperar o turismo do Algarve exige uma definição de um conjunto de medidas excecionais, que se destinem, por um lado, a preservar postos de trabalho e, por outro, permitir às empresas a continuidade produtiva para a recuperação económica e social, que irá durar muitos anos», concluiu.
No anterior Quadro Financeiro Plurianual 2014-2020 – e no qual não estava incluído o Fundo de Recuperação agora criado por causa da pandemia –, Portugal dispunha de 32,7 mil milhões de euros, havendo agora um acréscimo de 37 por cento.
Entre os 45,1 mil milhões de euros que o país irá agora arrecadar incluem-se 15,3 mil milhões de euros em transferências a fundo perdido exatamente no âmbito desse programa para a recuperação, bem como 29,8 mil milhões de euros em subsídios do orçamento da UE a longo prazo 2021-2027.