Turismo do Algarve vê regresso dos britânicos como nova oportunidade

  • Print Icon

O Turismo do Algarve montou uma ação de boas-vindas aos turistas hoje no Aeroporto de Faro. Destino é considerado seguro para desconfinar e passar férias pelo governo britânico. Esta é uma oportunidade para captar mais e novos visitantes.

Nem a máscara consegui esconder a felicidade de muitos turistas britânicos que começaram a chegar ao Aeroporto de Faro na manhã de segunda-feira, 17 de maio. Entre abraços e lágrimas partilhadas com familiares e amigos num reencontro há muito adiado, os passageiros vindos do Reino Unido tiveram também a receção de João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve.

Receberam, como oferta, uma embalagem de álcool-gel biológico, um kit de máscaras de proteção e uma brochura promocional da região com dicas e sugestões, para ajudar a tirar o maior partido da sua estadia em segurança. O primeiro voo do dia chegou de Manchester, ao que se seguiram mais seis.

«Como sabemos, o Algarve uma região especialmente assolada pelo desemprego, dada a sua dependência do sector do turismo e um dos sinais claros que já podemos ver com esta procura é o recrutamento de muita gente que estava sem trabalho. Para mim, este é um dos sinais mais felizes que temos pela frente, a expetativa de ultrapassarmos este flagelo do ponto de vista social que a região tem passado», começou por dizer aos jornalistas João Fernandes.

O responsável mostrou-se até otimista em relação às expetativas para o verão, com os portugueses a darem uma mão. «Temos boas taxas de reserva no mercado nacional, à semelhança do que aconteceu no ano passado. Ao mesmo tempo, desta vez, temos a porta aberta para outros mercados externos com esta discriminação positiva para o Reino Unido», disse.

«Somos o único destino praticamente disponível até final de maio. Os ingleses têm, inclusive, um chamado half turn, um período de interregno letivo que permite às famílias viajarem para fora num período entre 25 de maio e 6 de junho e estamos à espera de uma grande presença também nesse período», estimou.

«Hoje vimos aviões com muita gente a chegar com diferentes motivações, que é também interessante. Temos turistas que vêm porque não havia outra alternativa. Turistas que à partida não viriam para o Algarve. Temos turistas que já tinham vindo ao Algarve há 10 ou mais anos e temos turistas que vêm duas/três vezes por hábito e que só não tinham vindo porque ainda não havia essa possibilidade no período anterior», descreveu.

Daí a importância de «reforçar a notoriedade junto do nosso mercado emissor principal. Mas também é importante lembrar que a notícia de que Portugal teve este discriminação positiva pelo Reino Unido correu mundo, sobretudo pelos nossos mercados emissores. Estamos a ser retratados lá fora também como o destino seguro que foi privilegiado porque tem níveis que se destacam do ponto de vista do controlo da pandemia» de COVID-19.

A oportunidade de fidelizar cliente de outros destinos concorrentes, não é, de todo, nova.

Mas é para aproveitar. «Claro que sim. Já vimos isso, por exemplo, quando houve desvios de fluxos motivados por atentados no espaço europeu, na zona do Mediterrâneo, e muitos diziam que não era o nosso público natural, que vinha cá porque não tinha outra opção e depois voltaria para os seus destinos preferenciais. A verdade é que reforçámos, inclusive na época baixa, muita procura mesmo sem ser a motivação primária do destino. Portanto, esta é mais uma oportunidade», disse João Fernandes.

«Vamos crescer sobretudo no período que referi de pausa intermédia de 25 de maio a 6 de junho porque é um período habitual para férias intermédias antes do verão para os ingleses. Mas o mesmo acontece, por exemplo, com outros países que agora começam a debelar esta última vaga de COVID-19 nas suas casas e que começam a estar disponíveis para viajar. O facto de Portugal passar a receber também desses países viajantes não essenciais é também uma oportunidade para esses mercados como a Alemanha, a França, a Irlanda, Itália, e até Espanha com quem já temos fronteiras abertas e já se nota no comércio sobretudo transfronteiriço e na restauração».

Em 2020, «apesar de tudo, tivemos uma procura significativa e não tivemos uma onda pandémica a seguir a essa presença. Porquê? Porque todas as empresas foram mobilizadas para defender os seus clientes, os seus residentes e os seus trabalhadores, aplicando protocolos sanitários. Fomos o primeiro país a ter um sistema de certificação chamado Clean&Safe para os serviços que não são só turísticos, também para a área cultural e a área dos transportes».

«Normalidade» é possível até 2023

Mesmo com boas perspetivas no horizonte, é preciso ter em conta que «ainda estamos a caminhar para a normalidade e será um processo gradual, progressivo, que queremos que não envolva recuos. Todos os relatórios internacionais, desde a European Travel Council até à World Travel & Tourism Council (WTTC) apontam para estarmos em 2023 no patamar de viagens internacionais de 2019. Antes disso será difícil e não é só pela disponibilidade dos turistas internacionais para viajarem. É que os próprios canais de distribuição, a aviação sofreu um grande stress e vai passar por momentos menos fáceis em termos de fusões, aquisições, extinções, que irão alterar as opções. Mas queremos crer que no espaço europeu essa capacidade de reativar voos será mais robusta, como aliás estamos a ver com a capacidade da Ryanair, Easyjet, British Airways, TUI, todos puseram uma capacidade à disposição do Algarve e de Portugal em geral, o que é um bom sinal».

Golfe do Algarve com muitas reservas no pós-verão

Também em relação ao pós-verão, segundo João Fernandes, «há bons sinais, apesar de tudo, para o último quadrimestre do ano no Algarve, sobretudo setembro, outubro até novembro porque é época alta de golfe e estamos com reservas muito elevadas para esse período. O turismo náutico tem feito um trabalho excelente na região, na vela ligeira. Em janeiro e fevereiro de 2020, antes da pandemia, estávamos a crescer 15,3 por cento em hóspedes em pico de época baixa por causa do turismo de natureza. Temos de reativar estas forças e estou certo que teremos um último trimestre/ quadrimestre já mais próximo da normalidade».

Procura hoje resulta da aposta nas companhias aéreas

Segundo João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, a atual procura dos britânicos «tem por trás um investimento em campanhas que foram feitas com as companhias aéreas e que contratámos ainda no final do ano passado, que fazem em simultâneo a promoção do destino e da forma de cá chegar, junto do cliente final. Essa foi a nossa principal aposta, investir grande parte dos nossos recursos nesta relação com as companhias aéreas e tour operadores porque chegam ao consumidor e formalizam a oportunidade de comercializar o destino».

Turista está bem informado para as regras a cumprir

Nas plataformas online do Turismo do Algarve, segundo o presidente João Fernandes, está explicada toda a etiqueta sanitária em vigor em Portugal. Além disso, ano e meio de pandemia também moldou atitudes e comportamentos.

«Fazemos uma comunicação recorrente com os vários agentes regionais do lado da oferta, para que sejam conhecedores das regras e porque são quem muitas vezes que tem o contacto mais direto com os turistas. Felizmente, também temos hoje uma maior maturidade por parte do turista e do residente. E temos regras mais homogéneas no espaço europeu, o que não acontecia ainda há pouco tempo, na Europa. Hoje é muito mais natural, muito mais expectável, que um turista quando chega pergunte que regras tem de acatar. É natural que nós tenhamos também uma atitude pró-ativa em explicar, com a devida hospitalidade. Portanto, não tenho receio que existam problemas de maior com esta presença turística», acrescento.

Antes do regresso à Grã-Bretanha, os turistas têm de ter um certificado a atestar que fizeram um teste rápido (PCR), de acordo com os requisitos que o governo britânico propõe. Por isso «solicitámos à Administração Regional (ARS)de Saúde que fizesse uma listagem de onde se podem realizar. Há mais de 126 pontos onde é possível. Divulgámos essa informação junto das companhias aéreas e dos operadores internacionais. Estamos a divulgar junto do mercado também, dos alojamentos e empresas para informem os turistas. O Aeroporto de Faro tem um drive thru para o efeito. E dirigimos uma comunicação aos alojamentos para tentarem estabelecer acordos com laboratórios», concluiu.

E o que dizem os turistas britânicos?

Tracy and Jerry
Decidiram tirar uma semana de férias à última hora. «Sim, marcámos o voo na sexta-feira quando soubemos que podíamos vir. Foi o tempo de fazer o teste e ter o resultado 24 horas antes de viajarmos». Escolheram Vilamoura e pretendem explorar a região. Porquê? «Porque já cá estivemos antes, gostamos e divertimo-nos cá. Vamos regressar em julho porque já temos reserva desde o ano passado» que acabou por não acontecer.

Eugene e Gaby
Chegaram de Londres, Heathrow, mas a viagem já está marcada desde o Natal. «Já há algum tempo que tentávamos regressar porque há 20 anos que vimos de férias para o Algarve. Adoramos a região e temos cá os nossos amigos. Perdemos o inverno porque normalmente costumamos estar cá entre janeiro e março. Voltámos agora porque foi quando surgiu a oportunidade». O casal tem casa em Alvor e não tem pressa de regressar. O plano é ficar 75 dias.

Marianne e Cheero
Tiveram de esperar para conhecer o Algarve pela primeira vez. «Arriscámos e marcámos há vários meses. As nossas opções eram Faro ou Madeira pois havia boas hipóteses de pelo menos um dos destinos estar na lista verde. Marcámos os dois voos e esperámos para ver qual estaria disponível». Vieram pelo «tempo delicioso, pela história, pela cultura e pela segurança, Além disso estamos a ter aulas de português». Ficam duas semanas no centro histórico da capital algarvia e tencionam conhecer Tavira e rumar a norte pela costa até Peniche. «Estamos muito contentes por estar aqui e muito agradecidos também. Vejam só este sol!»…