Há 13 surtos de COVID-19 no Algarve que envolvem escolas, com um total de 101 positivos e 42 turmas em isolamento profilático.
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve pondera que em causa esteja a variante do Reino Unido que provoca uma maior transmissibilidade da doença.
O tema principal da conferência de imprensa regional sobre a situação epidemiológica, que decorreu na manhã de hoje, segunda-feira, dia 12 de abril, nas instalações do Comando Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, em Loulé, foi a variante proveniente do novo Coronavírus, proveniente do Reino Unido, conhecida como variante inglesa.
Ana Cristina Guerreiro, delegada regional de saúde, informou os jornalistas que, depois do início do último desconfinamento, que voltou a abrir creches, jardins de infância e escolas de primeiro ciclo, «havia um número maior de crianças positivas, em relação a situações anteriores».
Motivo que fez com que os responsáveis de saúde colocassem a hipótese «do vírus se ter alterado e ter agora uma maior apetência por grupos etários mais novos. Porque quando fazemos uma análise comparativa a outros períodos, em que as crianças também estavam na escola, notamos que há realmente uma maior incidência, uma maior taxa».
A responsável de saúde regional, que não falava à comunicação social desde meados do mês de fevereiro, data da última conferência de imprensa, exemplificou que há crianças positivas a gerarem mais de 20 casos secundários.
Além disso, apesar de continuarem a existir muitas crianças assintomáticas, Guerreiro disse que «encontramos agora mais crianças com sintomatologia ligeira, como diarreia, tosse e rinorreia».
No entanto, e apesar dos últimos números revelarem que a variante do Reino Unido representa 94 por cento dos novos casos positivos, um número que a nível nacional desce para os 82,9 por cento, a delegada de saúde adiantou que «não é simples fazer uma relação entre a variante inglesa e a taxa de incidência nas crianças. Está em estudo essa relação e serão os peritos a fazê-la. Parece-nos que sim, temos essas intuição, mas terão de ser os investigadores a confirmá-lo».
Também Paulo Morgado, presidente da ARS do Algarve abordou o tema. «Somos a região do país onde a prevalência desta variante é mais elevada, mas é uma constatação que nos ajuda a perceber a evolução da situação. Esta é uma variante com maior transmissibilidade e que se traduz numa taxa de ataque superior. Um caso primário dá origem a muito mais casos secundários e terciários».
«De certa maneira é quase que uma nova doença em comparação ao que estávamos habituados nos meses anteriores», constatou.
Sobre a relação entre a nova estirpe e as faixas etárias mais baixas, Morgado também não deu certezas.
«Se atinge ou não preferencialmente as faixas etárias mais jovens, ainda é difícil dizer, mas tem maior transmissibilidade e estamos a ver que os casos descompensam mais rapidamente e que temos mais doentes jovens internados em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI). Esta é a realidade».
O que está então ser feito nesse sentido é, segundo a responsável regional, «uma recolha das amostras que é entregue ao Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). Todos esses casos, que originam muitos secundários positivos, enviamos a amostra».
Juntam-se a estas, amostras de pessoas, que também estão relacionadas a estes surtos, e que apesar de terem as duas doses da vacina, testam positivo. Ambas «são enviadas para o INSA para ver se se comprova esta relação» com a variante inglesa.
Quanto à conjuntura atual da região, Guerreiro declarou que «temos o desconfinamento a acontecer de forma progressiva, a vacinação a avançar e temos algumas variáveis do vírus. É dentro do equilíbrio destes três elementos que resulta a situação epidemiológica. O rt [índice de transmissibilidade] nacional é de 1,02, sendo que no Algarve estamos acima desse valor com 1,05. No entanto, trata-se de um valor que tem descido e que anteriormente estava nos 1,19. Isto sugere o desacelerar do aumento de incidência na região».
Por sua vez, Paulo Morgado, descreveu o momento como: «de controlo. Houve uma fase, há 15 dias, onde o rt do Algarve era o mais alto do país, mas neste momento já está a regredir, o que significa que do ponto de vista do rt estamos a aproximarmo-nos da média nacional. A nossa incidência ainda se encontra acima da incidência geral nacional, mas há aqui uma tendência para a regressão».
Por fim, em relação aos concelhos mais afetados na região algarvia, a delegada de saúde destacou que «Portimão, com uma taxa de incidência a 14 dias de 362 casos por 100 mil habitantes; Albufeira (241 por 100 mil habitantes); Lagoa (132); Olhão (115) e Faro (100).
À meia noite de sábado, dia 10 de abril, de acordo com os últimos dados disponíveis, o Algarve contabilizava 348 óbitos, 24 internados, sete em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e três ventilados, 1600 pessoas em vigilância ativa e um total de 20880 casos confirmados.