Cheque foi entregue pela União dos Franceses no Estrangeiro Algarve (UFE Algarve) em Portimão.
Foi um momento tão oportuno, que Nuno Cabrita Alves, presidente do Banco Alimentar contra a Fome do Algarve, ouvido pelo barlavento, até apontou à «divina providência», o donativo entregue pela União dos Franceses no Estrangeiro Algarve, na quarta-feira, feira 7 de abril, em Portimão.
«Já no ano passado nos tinham doado 5500 euros, mas agora ficámos surpreendidos, para já pela repetição do gesto e também pelo valor bastante elevado. É ótimo pois permite-nos continuar o nosso trabalho», sublinhou o responsável. Na verdade, havia um problema no horizonte, já que a campanha de angariação de alimentos nos supermercados, realizada por voluntários que estava agendada para maio e novembro do ano passado não aconteceu devido ao contexto pandémico.
Aliás, um cenário de impossibilidade que se repetirá no próximo mês. «Este tipo de doações são muito importantes para garantir que o Banco Alimentar não para. Para já, não temos tido falhas no abastecimento, mas isto foi mesmo a divina providência, se é que isso existe», disse. Agora, o dinheiro será transferido para a Federação dos Bancos Alimentares que é a entidade que faz as compras de alimentos (os bancos, per si, não o podem fazer diretamente). «Na próxima opção de compra, que será daqui a um mês, a Federação vai contemplar também esta verba para depois recebermos os alimentos».
Nuno Alves garante que o dinheiro convertido em géneros beneficia sempre a entidade que angariou o donativo. «Sim quando há esta questão das compras consignadas, é sempre e exclusivamente para o banco alimentar que teve a doação».
Em entrevista ao barlavento, Patrick Mangin, presidente da União dos Franceses no Estrangeiro Algarve (UFE Algarve) explica que este coletivo, presente na região desde 2015 tem atualmente cerca de 1500 sócios. É uma filial da grande Union des Français de l’étranger (UFE), a maior associação de franceses, francófonos e expatriados do mundo que conta com de 170 representações em 100 países do mundo. Além do Algarve, existe ainda em Lisboa e nas Caldas da Rainha.
«O nosso objetivo é dar a conhecer tudo sobre as questões de vida no país que nos acolhe, sobre todos assuntos específicos que dizem respeito à nossa comunidade. Fazemos encontros regulares com os nossos compatriotas nos eventos culturais e desportivos, e promovemos entreajuda e convivialidade. Procuramos dar ajuda e apoio em caso de situação difícil, como na pandemia de COVID-19».
Um website, guias do país e da região, brochuras de acolhimento, reuniões de informação e consultas pessoais são apenas alguns dos serviços disponibilizados pela associação.
Patrick Mangin, engenheiro de formação, dedicou-se ao comércio internacional, agora reformado, orgulha-se do papel ativo da UFE Algarve na ação social.
«Temos sido parceiros da mamaratona, organizada pela Associação Oncológica do Algarve. Fizemos uma coleta de fundos para os bombeiros de Portimão, aquando do grande incêndio de Monchique, e também para as vítimas dos fogos. Organizamos uma ação de reflorestação na serra com árvores que compramos e no ano passado fizemos um donativo ao hospital de Portimão para ajudar a equipar uma ala de isolamento» logo no início da pandemia.
O dirigente associativo francês não poupa elogios ao país, sobretudo no atual contexto. «O sentimento de segurança é maior aqui do que em França, que funciona muito mal na gestão deste problema. Aqui em Portugal há um método eficaz. Acho também que o povo português respeita muito as instruções do governo. Os franceses imaginam sempre que há restrições à liberdade e não seguem. Em Portugal, as pessoas preocupam-se consigo e com os outros», diz.
Talvez por isso, receba quase todos os dias pedidos de informação de compatriotas interessados no país. «Sim, temos cá duas categorias de franceses, os reformados que são a maioria e os jovens que fazem comércio em Lisboa. Para ambos, um ponto de interesse é a política fiscal portuguesa. Mas quando encontro um candidato à expatriação em Portugal, pergunto sempre quais os motivos. Todos respondem que é a segurança do país. É verdade. Mesmo com a COVID-19. É esta a reputação do vosso país», conclui.