Novo Observatório do Turismo vai colocar o Algarve na rota da sustentabilidade

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A vontade de ter um observatório para perceber melhor as várias dinâmicas do turismo algarvio, capaz também de prever as tendências de futuro deste sector, já não é um novidade, mas deu um passo definitivo com a assinatura de um protocolo entre as várias entidades que o irão desenvolver.

O memorando foi firmado na quinta-feira, 14 de março, durante a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), no dia em que a comitiva da imprensa regional algarvia acompanhou o certame.

Assim, o novo observatório para o turismo sustentável nasce da parceria entre a Região de Turismo do Algarve, a Universidade do Algarve (UAlg) que irá fazer os vários estudos e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, entidade a quem caberá o acompanhamento técnico e o suporte institucional.

A junção de esforços servirá para dar à RTA insight útil, por exemplo, na definição de estratégias para a competitividade, e para «criar condições para a futura certificação do Algarve como destino de turismo sustentável», segundo explicou João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve.

Durante a apresentação aos jornalistas, o responsável detalhou que não se trata apenas de uma ferramenta de business inteligence.

«Estamos a ambicionar uma investigação científica para os desafios concretos da indústria do turismo, como uma «significativa alteração de fluxos de procura, ou uma instabilidade do mercado emissor. Ou matérias como a pressão turística sobre os territórios», detalhou.

«Com este instrumento reuniremos mais condições para uma melhor gestão pública, para uma melhor gestão das próprias empresas, no sentido de conseguirmos ser mais eficazes a criar valor, mas também a conseguir transferir esse valor para o território e para benefício dos nossos residentes», concluiu João Fernandes.

Por sua vez, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal lembrou que «em 2017, quando lançámos a estratégia para os próximos 10 anos, colocámos a sustentabilidade» na linha da frente.

«Acreditamos que esta será uma das iniciativas que mais vai contribuir para termos um destino mais sustentável e muito mais competitivo em 2027», meta apontada pelos objetivos da Organização Mundial de Turismo (OMT).

A par do que já existe no Alentejo, a nova estrutura do Algarve fará com que Portugal seja o único país europeu com dupla presença na rede de Observatórios da OMT que já integra projetos de Espanha, Grécia e Itália.

O Reitor Paulo Águas lembrou que a academia algarvia já «se preocupa com as questões do turismo há 30 anos», altura em que foi criada a Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo. Por isso, a UAlg junta-se a este projeto com «alegria e sobretudo, com grande sentido de responsabilidade» até porque um dos seus docentes, João Albino, coordenou a equipa de peritos que lançou, na semana passada, a agenda de investigação em turismo de lazer e hospitalidade para a Fundação de Ciência e Tecnologia.

«Já foi o tempo em que os fatores de competitividade eram apenas o sol e praia. Não é o observatório que nos vai tornar per si mais sustentáveis, mas é a partir dele que vamos criar conhecimento. A competitividade de hoje dos destinos, faz-se através do conhecimento. Estamos preparados para isso», garantiu o Reitor.

Luís Araújo, Francisco Serra, Ana Mendes Godinho, João Fernandes e Paulo Águas.

Francisco Serra, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve reforçou «a responsabilidade de acompanhar o que se passa no território» e o «papel importante na valorização do conhecimento» sobre o mesmo.

Assim, «do ponto de vista do Programa Operacional Regional do Algarve e da estratégia de especialização inteligente RIS3, existe o Conselho de Inovação Regional, onde já em 2016 foram definidos alguns desafios, um dos quais é a criação de um centro de conhecimento em turismo».

Esta iniciativa é relevante porque «permitiu-nos desenhar alguns avisos e algumas candidaturas que têm sido aprovadas para financiar investigação na área do turismo que tem a ver também com a sustentabilidade e uma parte significativa do trabalho que o observatório terá de fazer, já está em marcha», disse.

A expetativa é Francisco Serra é que, «no futuro próximo, estejamos em condições de apresentar resultados de investigação, ou de projetos, que já podem dar uma imagem concreta do avanço do observatório. Ao fazer isto também estamos a criar as condições para que no próximo programa quadro tenhamos condições para sustentar o próprio observatório em atividades correntes, coisa que também é um desafio para todas as iniciativas, como sabemos».

Por fim, Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, não poupou no otimismo. «Este é um projeto aglutinador que nos tornar uma referência internacional. Vamos ganhar aos nossos concorrentes, porque vamos passar a ter dois observatórios regionais dentro da rede da OMT, o que é mais um passo para mostrarmos que lideramos».

«Este é um observatório virado para o futuro. Se calhar mudava o nome. Em vez de observatório, para não ser numa lógica de passado, seria antecipatório, pois tem de nos ajudar a antecipar o futuro. Temos muito para mudar e garantir que estamos também no mapa internacional dos destinos mais sustentáveis do mundo, porque é isso que a procura internacional quer», concluiu a secretária de Estado.

200 mil euros para o «#BRELCOME»

«Percebemos que a afinidade que existe entre o mercado do Reino Unido e o destino Algarve é de tal forma, que nada evitará que os britânicos cheguem a bom porto e que cheguem à sua casa, que é aquilo que encontram quando são acolhidos no Algarve», disse João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve em relação ao Brexit. É aliás, esta proximidade sentimental que suporta a nova campanha promocional do Turismo de Portugal «#BRELCOME – Portugal will never leave you», lançada na sexta-feira, 15 de março. Inclui uma linha de atendimento online e uma área informativa específica no portal VisitPortugal, além de uma verba de 200 mil euros para reforço da promoção, até junho. Segundo João Fernandes é «uma forte aposta na capacidade de gerarmos e reforçarmos a nossa notoriedade e nos colocarmos no top of mind do turista britânico, na altura da decisão e compra de férias, através de marketing digital, naquilo que é a relação emocional que tem com o destino». E também para «despertar a atenção para a qualidade e o valor do destino».

«SustenTUR Algarve» capacita profissionais

É mais «um contributo para o novo observatório do turismo sustentável. Trata-se de um projeto transversal mas que visa capacitar também os profissionais do turismo, assim como visitantes e residentes», explicou João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, durante a BTL, na quinta-feira, de março. O «SustenTUR Algarve» prevê a realização de um conjunto de iniciativas transversais de informação e sensibilização, promovidas em estreita parceria com atores públicos e privados, com o objetivo de capacitar os profissionais do sector, promover boas práticas ambientais e, sobretudo, de criar uma cultura regional do turismo baseada na qualidade e na valorização e preservação dos valores naturais e culturais.

«Revitalizar Monchique» o turismo como catalisador

«Assumi funções poucos dias antes da calamidade de Monchique e foi muito importante ter uma equipa na Região de Turismo do Algarve e na Associação de Turismo do Algarve a perspetivar o futuro, ainda não estavam concluídos os esforços do rescaldo. Essa foi talvez a melhor ferramenta para conseguir ter um projeto financiado a 100 por cento, com este propósito», recordou João Fernandes, presidente da RTA, aos jornalistas presentes na Bolsa de Turismo de Lisboa, acerca do projeto «Revitalizar Monchique», que pretende alavancar o regresso dos turistas àquele concelho fragilizado pelas chamas no verão de 2018. «É um projeto que faz desde o levantamento de áreas que ficaram a descoberto com o incêndio, como as vias romanas, que agora vamos aproveitar para definir novas rotas, e também, um calendário de eventos associado à identidade do território, da criação de um portal que agrega a oferta de Monchique, da criação de rotas turísticas envolvendo artesãos locais e, o esforço de produção daquilo que se constrói», lembrou. Pronto a avançar, este é um projeto chafariz «que fez com que a Ryanair corresse até nós com propostas de reflorestação numa área muito substancial do território ardido. Quando percebemos a oportunidade, contactámos o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), que tinha já trabalho no terreno com a identificação das espécies e com a calendarização das necessidades de reflorestação, com natural ajuda do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)».

Olhão acolhe novo Algarve Nature Fest

O Festival de Turismo de Natureza, organizado pela Região de Turismo do Algarve, composto por atividades ao ar livre gratuitas, área de exposição e animação, sofre um rebranding em 2019 e regressa de 20 a 22 de setembro, em Olhão. As atividades serão caminhadas, passeios de bicicleta, observação de aves, batismos de vela e de mergulho. Na vertente empresarial serão feitos encontros e reuniões entre entidades, operadores e empresas regionais, nacionais e internacionais. «Fizemos evoluir o conceito para uma festa de fim de semana, com atividades para os mais novos. Sabemos que o turismo de natureza é, porventura, o produto com características mais apropriadas para promover uma maior coesão territorial e também um dos que mais contribui para atenuar a sazonalidade», detalhou João Fernandes aos jornalistas.

«365 Algarve» com bons resultados

«O 365 Algarve é um programa que surpreende em cada edição, que contraria a ideia de que não há nada para fazer no Algarve no período de época baixa. Tem uma adesão cada vez maior e muito interessantes», considerou João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) e da Associação de Turismo do Algarve (ATA). Alguns números da terceira edição já são conhecidos. No período de outubro a dezembro 2018, contabilizam-se 40 550 espetadores, 429 notícias, 834217 euros de retorno mediático (equivalente a 2/3 do total que investido), 16 concelhos, 224 entidades envolvidas, 20 projetos e 413 sessões. O «365 Algarve» é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura e da Secretaria de Estado do Turismo, com financiamento do Turismo de Portugal (1,5 milhões) e com execução da RTA e ATA. Os objetivos reforçar a marca Algarve como identidade cultural e criação artística, melhorar a experiência turística e atratividade do destino e enraizar a articulação entre agentes do turismo e da cultura. Isto através de uma programação cultural diversificada como complemento aos produtos turísticos já consolidados. Inclui um calendário de exposições, música, novo circo, dança, património, teatro, gastronomia e cinema.