Montenegro diz que próximo governo não pode ficar refém de extremismos

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Luís Montenegro diz que próximo governo não pode ficar refém de extremismos. Líder do PSD está no Algarve até 16 de novembro.

O presidente do Partido Social Democrata (PSD) defendeu na segunda-feira que o próximo governo de Portugal não pode ficar refém de extremismos, nem de direita nem de esquerda, e realçou que as pessoas não precisam de se assustar com o PSD.

«Creio que é muito bom para Portugal que o próximo governo não esteja refém de extremismos e temos de assegurar que não vem aí uma ‘geringonça’ 2.0 face à original de 2015, disse Luís Montenegro durante uma assembleia de militantes em Albufeira.

Para o líder do PSD, a ‘geringonça’ original que «durou oito anos, primeiro acompanhada e depois sozinha, é a responsável pelo empobrecimento do país, com políticas estatizantes e teimosas do ponto de vista ideológico».

Por outro lado, realçou, as pessoas «não precisam de se assustar com o PSD, porque é o partido da transformação positiva das suas vidas, um partido do inconformismo, da livre iniciativa, da regulação e da preocupação social».

«Mesmo em áreas onde tentam atirar-nos a má fama de termos uma postura mais agressiva, é preciso esclarecer as pessoas que o PSD foi o partido que promoveu a maior valorização das pensões em Portugal, que foi o 14.º mês, decidido pelos governos do professor Cavaco Silva», notou.

Luís Montenegro assegurou de que não será primeiro-ministro «no dia em que tiver de baixar uma pensão e não vale a pena assustar as pessoas com isso».

No discurso que encerrou o primeiro dia da iniciativa «Sentir Portugal» no Algarve, Luís Montenegro considerou que o país está a entrar num período eleitoral que «é da exclusiva responsabilidade do Partido Socialista, partido que na sua terceira legislatura consecutiva, com maioria absoluta, conseguiu desbaratar tanta confiança que recebeu dos eleitores».

«É de facto notável como é que se deita fora condições que são absolutamente extraordinárias para fazer coisas boas», apontou.

Depois de criticar a governação socialista, «com diversos problemas que o país enfrenta» no Serviço Nacional de Saúde, na educação, habitação e a elevada carga fiscal, Montenegro prometeu caso o PSD venha a ser governo, «valorizar algumas carreiras que estão bloqueadas, dar esperança aos jovens e revogar algumas medidas» aprovadas pelo PS.

Para Luís Montenegro, o governo do PS «desbaratou todas condições de investir em Portugal», melhorando a capacidade das empresas, em estimular o desenvolvimento para fixar os jovens.

«Nenhum de nós criou nenhuma das trapalhadas que envolveu o governo até esta semana. O governo caiu esta semana por tudo o que já tinha acontecido até aqui, esta foi a gota de água», destacou.

Luís Montenegro disse ainda que «o desespero do PS é total, todos os dias, porque ainda hoje há uma demissão de um membro do governo que disse há dois dias que não saía de maneira nenhuma».

«A má governação é responsabilidade também daqueles que acompanharam o governo nos últimos anos. É que ouvir algumas pessoas até parece que não estiveram sentados a discutir e a decidir nos últimos oito anos», referiu.

Ao dirigir-se aos militantes, Montenegro recordou que «está hoje nas mãos do partido», fazer Portugal mudar de governo.

«É isso que está hoje nas nossas mãos fazer até ao dia 10 de março [de 2024]», concluiu.

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.

Montenegro pede a Centeno avaliação sobre a sua isenção

O presidente do PSD apelou ao uso da ética republicana, pedindo a Mário Centeno para fazer uma avaliação quanto às garantias de imparcialidade e isenção subjacentes ao seu cargo de governador do Banco de Portugal.

«… É importante que todos possam fazer uso daquilo que nomeadamente o Partido Socialista muitas vezes invoca que é a ética republicana», disse Luís Montenegro, no final de uma reunião da Comissão Política Permanente do PSD, ontem, em Loulé.

O líder social democrata insistiu na necessidade de se «respeitar em Portugal a separação dos poderes», assim como «a independência e isenção das entidades que têm a seu cargo a regulação, como é o caso do Banco de Portugal».

«É preciso em Portugal que se evitem situações de abusos de poder, mesmo até de abusos de comunicação», disse Montenegro, numa referência aos acontecimentos políticos dos últimos dias.

Depois da insistência dos jornalistas, o presidente do PSD defendeu que Mário Centeno «terá de fazer uma avaliação relativamente às garantias de imparcialidade e isenção que estão subjacentes» às suas funções.

Luís Montenegro afirmou não querer «agravar mais esta situação», mas assegurou que saberia o que fazer se estivesse no lugar de Centeno.

«Eu sei bem o que faria no lugar dele e acho que não é difícil de prever àquilo que estou a dizer», disse.

O presidente do maior partido da oposição tinha começado por afirmar que o país «está assistir a um nível de degradação institucional que é elevadíssimo» e defendeu a necessidade de «por cobro a isto».

«Eu quero daqui lançar um apelo a que todos os responsáveis das instituições do Estado possam contribuir com sentido de responsabilidade para não agravar uma situação que já é muito grave e delicada», disse Luís Montenegro, acrescentando que «o PSD dará o exemplo, não querendo prolongar esse estado de degradação».

 

Foto: Bruno Filipe Pires.