Moncarapacho vai ter Centro de Atividades de apoio à deficiência

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Obras iniciam em 2020 no terreno adjacente à Casa do Povo do concelho de Olhão, em Moncarapacho. Espaço vai empregar 12 técnicos especializados e destina-se a 30 jovens e adultos portadores de deficiência severa profunda.

Numa região ainda muito carente em respostas sociais no que toca à deficiência, a Casa do Povo do concelho de Olhão, em Moncarapacho, avança com a construção de um Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) que deverá entrar em funcionamento em 2021.

Esta valência terá como objetivo proporcionar aos utentes, neste caso, pessoas portadoras de deficiência, realizarem atividades socialmente úteis. «Vamos ter equipamentos para respostas muito variadas que vão desde a área da ginástica à jardinagem. Estamos a falar de trabalhos ocupacionais para garantir que essas pessoas se possam inserir no mercado de trabalho, tudo em função das suas necessidades», explicou Joaquim Fernandes, presidente daquela instituição, ao «barlavento», na cerimónia de apresentação do projeto, na sexta-feira, dia 15 de novembro.

Na prática, o CAO será uma segunda casa para cerca de 30 jovens e adultos, com idade superior a 16 anos, portadores de deficiência severa profunda, acompanhados, no mínimo, por 12 técnicos especializados. Segundo o responsável, a nova construção ficará «paralela ao edifício da Casa do Povo, preenchendo toda a sua largura, mas nunca beliscando o seu aspeto visual». Isto porque, «o edifício será de rés do chão e a altura não ultrapassará a da casa principal, para não lhe retirar a beleza arquitetónica que possui», garantiu.

Com o novo edifício chegam ainda algumas obras de requalificação e adaptação de espaços já existentes. «A sala de convívio vai passar a ser um local de refeições e o sítio onde está a Banda Filarmónica será a cozinha e o refeitório. Vamos ainda criar alguns espaços de utilização polivalente», enumerou Joaquim Fernandes.

O investimento é de 844514 mil euros, que obteve 60 por cento do financiamento por parte do CRESC Algarve 2020. «Já tínhamos recebido a validação da Segurança Social para cumprir os requisitos necessários e agora obtivemos a candidatura ao Programa Operacional. Portanto temos 480 mil euros, sendo que nos falta o diferencial», estimou Joaquim Fernandes.

De forma a alcançar toda a verba necessária, o presidente revelou «contar com o apoio do município olhanense e até com algumas freguesias fora do concelho, porque o CAO não vai dar resposta circunscrita à cidade de Olhão, mas sim a todas as pessoas portadoras de alguma diferença» com critérios de admissão definidos em protocolo com a Segurança Social.

Além disso, a Casa do Povo promete ainda organizar diversos eventos e atividades de forma a angariar dinheiro. A primeira será já no sábado, dia 22 de novembro, às 21h30, onde Pedro Viola e Teresa Viola se juntam naquele espaço para uma noite de fado.

Por fim, questionado sobre a importância do novo CAO para Olhão, Joaquim Fernandes é assertivo: «esta é uma resposta social que faz cruelmente falta no Algarve».

União de Freguesias vai «apoiar substancialmente o projeto»

Manuel Carlos, presidente da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta, marcou presença na apresentação pública do novo Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) que irá nascer em 2021 na vila olhanense.

Segundo o que o autarca revelou ao «barlavento», a obra que se irá iniciar já no próximo ano é «bastante importante para o concelho e até para o Sotavento que está muito carenciado deste tipo de equipamentos».

Apesar de não ter noção do número de pessoas exatas na sua freguesia que possuem algum tipo de deficiência, Manuel Carlos afirma que «são bastantes e estão espalhados por várias instituições que, segundo sei, estão sobrelotadas e sem capacidade para mais. Estamos a falar de pessoas, algumas com mobilidade mesmo muito reduzida, que têm de percorrer quilómetros e tratar de toda uma logística que não é fácil. Este CAO é sem dúvida uma mais-valia para todos e terá mesmo de se fazer».

Por fim, Manuel Carlos garantiu ainda que a Casa do Povo do concelho de Olhão pode contar com um «apoio substancial por parte da União de Freguesias. Neste momento estamos em fase de chegar a acordo para definir qual o valor concreto. Esta obra é um dever».

Uma Casa que nasceu em 1934

A Casa do Povo do concelho de Olhão teve a sua fundação em 1934, sendo que o atual edifício na vila de Moncarapacho surgiu em 1965.

Segundo o presidente Joaquim Fernandes, a estrutura nasceu «pelo Estado Novo que teve necessidade de dar uma resposta ao mundo rural que não tinha assistência médica e medicamentosa. Depois do 25 de abril, com a criação da Segurança Social, as Casas do Povo ficaram de alguma maneira abandonadas e esta não foi exceção».

Só mais tarde, já no século XXI, o presidente juntou 50 pessoas e formou uma comissão administrativa com eleições. De 50 sócios há 13 anos, a Casa do Povo totaliza agora 2560, onde 400 são estrangeiros.

Trata-se de um espaço onde semanalmente são realizadas mais de 20 atividades que vão desde aulas de dança, concertos, modalidades desportivas, workshops e artes manuais.