O socialista Miguel Freitas afirma que não se candidata à Federação do PS/Algarve, nas eleições de 4 e 5 de março. O ex-deputado e ex-líder daquela estrutura política avançou ao «barlavento» a posição que tomou esta semana.
«Decidi não me candidatar à Federação do PS. Como costumamos dizer, só voltamos aos lugares onde somos felizes, se for absolutamente necessário. Fiz a minha avaliação política e considero que este não é o meu combate, nas circunstâncias atuais do partido e da região», justificou Miguel Freitas.
Esta decisão deixa assim outras hipóteses em aberto. O «barlavento» apurou, entretanto, que pode estar em cima da mesa, sendo quase uma certeza, a presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve ou, então, uma eventual candidatura à Câmara Municipal de Faro, ainda que Miguel Freitas não tenha feito considerações sobre estas possibilidades. Apenas há uma certeza, o Partido Socialista quer reconquistar a Câmara Municipal de Faro.
Quando questionado se seria candidato à autarquia farense, Miguel Freitas limitou-se a responder que «está disponível para trabalhar em conjunto com todos para o combate autárquico» e reforçou que «há muitos bons militantes ao nível da concelhia». Sublinha que a estrutura, no momento adequado, fará a sua escolha. «Julgo que isso é especulação» agora, pois ainda «há muito caminho a percorrer».
O socialista, quadro do PS e com um extenso currículo político, disse que a sua decisão foi tomada, após ter pesado «as conversas» que manteve «a nível regional» e com dirigentes nacionais. Uma das quais aconteceu há poucos dias, com a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes.
«Pesou o facto de considerar que era importante preservar, nesta altura, a unidade do partido a nível da minha concelhia – a de Faro. Julgo que temos um grande combate no próximo ano autárquico e ganhar Faro é uma prioridade política», garantiu Miguel Freitas. O não avançar para a liderança da Federação foi, na visão do militante socialista, o «dar um sinal de unidade», naquela concelhia, assumindo que é necessário religar o partido e entrar no espírito de união para preparar o «combate em Faro».
Para «definir com clareza» as metas da concelhia, Miguel Freitas questionou a direção do partido, para saber se esta tem ou não «Faro como um grande objetivo político nas próximas eleições autárquicas».
O ex-deputado não ficou, no entanto, por aqui e aproveitou as conversas que manteve para manifestar as preocupações políticas pessoais em relação ao Algarve e para obter garantias de que as questões essenciais que colocava politicamente seriam «atentamente equacionadas».
Na lista de preocupações, Miguel Freitas enumera «o cumprimento dos compromissos eleitorais» do PS, seguindo-se, em segundo, o «não existirem cheques em branco em relação à prospeção de petróleo e gás natural na região». O ex-líder da Federação afirma que «é preciso garantir que serão realizados estudos», sendo fundamental envolver «a Universidade do Algarve para restabelecer a confiança».
A terceira preocupação política está relacionada com o novo modelo de descentralização que permite eleições diretas para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, havendo um outro distinto para as restantes regiões.
É «necessário fazer um reequilíbrio de forças, no que diz respeito às áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e a regiões como o Algarve», que no passado já foi qualificada como metropolitana, sendo «a única região que coincide a Associação de Municípios e a CCDR».
Para Miguel Freitas é fundamental olhar para estas questões com «olhos de ver», pois «não podemos ter um país a duas velocidades», concluiu.