Metrobus pretende criar ligação em 15 minutos entre Faro, Loulé e Olhão

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O projeto de Metrobus anunciado pelo primeiro-ministro António Costa, na quarta-feira, dia 1 de março, pretende criar uma ligação em 15 minutos entre Faro, Loulé e Olhão.

Projeto há muito falado para a região, sempre empurrado para o fundo da gaveta pelo peso dos custos associados, vai tornar-se realidade, embora não seja ainda uma infraestrutura sobre carris.

O projeto de Metrobus anunciado pelo primeiro-ministro António Costa, na quarta-feira, dia 1 de março, no âmbito da iniciativa «Governo Mais Próximo» pretende criar uma ligação rápida em 15 minutos entre Faro, Loulé e Olhão, passando pelo Aeroporto, campus de Gambelas da Universidade do Algarve (UAlg) e Parque das Cidades, de forma a servir também o futuro Hospital Central do Algarve.

O estudo preliminar do Metrobus do Algarve foi apresentado por José Apolinário e pela empresa especializada TIS, através da sua CEO, Susana Castelo.

Este Metrobus ou BRT (Bus Rapid Transit), é um veículo elétrico que circulará em corredor próprio, terá 24 paragens no percurso, ao longo de 38 quilómetros, de forma a servir cerca de 185 mil residentes nos três concelhos, ou seja, 40 por cento da população algarvia. Será feito de forma faseada, poderá vir a exteder-se até ao concelho de Albufeira e segundo clarificou hoje José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, durante um encontro com os jornalistas, na segunda-feira, 6 de março.

«O nosso objetivo é fazer destas três cidades, uma cidade 15 minutos. Garantir que haja um acesso que permita fazer o transporte por 15 minutos entre Faro – Olhão, Faro – Loulé e Faro – Aeroporto e Universidade», explicou. Questionado pelos jornalistas, sobre a viabilidade de um futuro metro de superfície ferroviário, José Apolinário disse que o Metrobus do Algarve poderá ser a «antecâmara» para, no futuro, se poder avançar para esse modelo. «Ao garantir o corredor, vamos criar condições para um pré-metro em carris, numa segunda fase. Agora não podemos avançar para um projeto que custaria, no mínimo, 300 milhões de euros […], quando apenas mobilizamos 70 milhões de euros», no âmbito do próximo quadro PT2030. « Portanto, temos de fazer isto passo a passo, barreira a barreira», sublinhou.

A escolha do traçado mais adequado, os estudos de procura e a viabilidade económico-financeira do projeto deverá ser conhecida até ao primeiro trimestre de 2024, sendo que o metrobus terá de estar concluído até 2029. A futura linha irá passar por três estações ferroviárias (Parque das Cidades, Bom João, em Faro, e Olhão) e equipamentos e serviços fundamentais na região, como o Aeroporto Internacional Gago Coutinho (com nove milhões de passageiros e cinco mil trabalhadores) e o campus de Gambelas da UAlg (5,3 mil estudantes). Segundo o estudo prévio, poderão ser feitas cerca de 40 mil viagens por dia, estando em estudo eventuais extensões da linha a Albufeira e à Fuseta.

«Queremos mobilizar vontades, saber, racionalidade técnica e fazer acontecer. Este projeto é para ser dinamizado no quadro da AMAL ou entre os três municípios», concluiu.

Em Olhão, António Costa não poupou elogios. «É uma infraestrutura fundamental para a estruturação de todo este território. Poder circular de um lado para o outro é o que potencia a fixação de atividades e a dinamização de capital». Costa congratulou a determinação de José Apolinário enquanto impulsionador do projeto. «Sei bem que nem sempre é fácil os concelhos entenderem-se para trabalharem num projeto que não serve especificamente nenhum deles, mas que só faz total sentido reunindo os três em conjunto», disse, no uso da palavra. Costa lembrou que no âmbito do PRR, para a região, estão já aprovados 283 milhões de euros, nas áreas da saúde, habitação, eficiência hídrica e na capitalização e da inovação empresarial.

Também Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, teve um discurso otimista. «O metrobus nasce para servir aquela que é a maior concentração populacional do sul do país, muita vezes empurrada para o uso do transporte individual por falta de alternativa. Estamos também a acelerar o plano de recuperação da Linha do Algarve com verbas do PT2020, mas as acessibilidades este/oeste continua limitada à A22 e à EN125. Mesmo os transportes intermunicipais, ainda se encontram em fase de consolidação, vão continuar sujeitos às delimitações do tráfego automóvel por ausência de uma via dedicada, até agora». Para a governante, esta solução tem ainda vantagem de minimizar «o agravamento das desigualdades que a ausência de alternativas de transporte promove entre os alunos» da UAlg, «sobretudo, os que não vivem nas proximidades e não têm os meios para suportar o alojamento. Esta é uma resposta necessária. Falamos de um sistema que visa aliar a eficácia à sustentabilidade, fomentando a descarbonização. Apesar de falarmos de um eixo de 38 quilómetros, que é uma distância relativamente curta, mas fará uma enorme diferença na maneira como se deslocam residentes e visitantes. Vai permitir poupar milhares de viagens diárias em transporte individual».

Entretanto, esta solução já foi criticada pelo Movimento Mais Ferrovia (MMF).