Linha COVID Lares já funciona a partir do Estádio Algarve, com uma duração prevista até dezembro de 2021. Ana Mendes Godinho inaugurou o serviço que surge de uma parceria entre o Algarve Biomedical Center (ABC) e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Minutos antes do telefone começar a tocar, Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, assistiu a uma simulação ao vivo, de como a nova Linha COVID Lares funciona, na sexta-feira, dia 2 de outubro.
Através do número 707 207 070, os lares de todo o país passam a dispor de apoio 24 horas por dia, sete dias por semana. Além de esclarecer dúvidas e prestar informações, a linha telefónica vai prestar um apoio personalizado à realidade de cada Estrutura Residencial para Idosos (ERPI).
O objetivo é facilitar o contacto com as entidades locais de saúde, Proteção Civil e Segurança Social, sinalizar e responder a eventuais situações de risco junto das autoridades competentes, durante a pandemia de COVID-19.
Segundo explicou aos jornalistas Nuno Marques, presidente do conselho executivo do ABC, quem opera este serviço «são pessoas afetas ao ABC que desde há um mês em treino» para responder às solicitações.
«Temos recursos ligados à medicina, como médicos e alunos (do Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Algarve), e outras pessoas reconvertidas, através do programa Marés, para o atendimento. Eram pessoas que trabalhavam no turismo e também noutras áreas e que estavam disponíveis», disse.
Para já, a linha arranca com dois turnos, cinco postos a funcionar durante um dia, e um para o horário noturno, da meia-noite às 6 horas. Caso haja necessidade, o serviço pode ser aumentado.
A Linha COVID Lares resulta de «uma necessidade identificada» entre o ABC e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, «para dar uma resposta nacional, aproveitando algum do know-how que o ABC acumulou neste tipo de serviço durante a primeira fase da pandemia. A parte mais visível desse trabalho foi a realização de testes, mas estivemos constantemente a acompanhar as instituições», referiu.
Também a Santa Casa «montou um projeto interno semelhante» e por isso, segundo Nuno Marques, acumula alguma experiência, além de contar com uma vasta rede de equipamentos sociais.
Por fim, a nova linha insere-se no programa integrado do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de apoio aos lares.
«O que está previsto, em termos protocolares, é o funcionamento até dezembro de 2021, embora não sabendo nós ao certo por quanto tempo irá ser necessária. Estamos em adaptação constante, pois temos aprendido que a forma como estamos agora a prestar este serviço, não será a mesma daqui por um ou dois meses», disse ainda.
Já a partir desta semana, o ABC deverá apoiar a realização de testes preventivos em lares, «onde foi identificado maior risco epidemiológico, segundo critérios definidos em termos nacionais, pela Segurança Social».
«Estamos prontos para avançar aqui no Algarve, mas também no Alentejo e em Setúbal. Se a situação se modificar, poderá ter que se aumentar o número de testes a realizar em lares, dependendo da transmissão na comunidade. No terreno, teremos uma forma de funcionar que é pioneira em termos europeus e que irá dar uma grande cobertura às instituições», concluiu.
Por sua vez, Edmundo Martinho, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa desde novembro de 2017 e ex-presidente do Instituto da Segurança Social entre 2005 e 2011, explicou porque motivo a instituição que representa aceitou ser parceiro-chave da Linha COVID Lares.
«Estamos perante um projeto que é extraterritorial, e que de imediato acedemos a associar-nos».
Martinho metaforizou que se trata de «uma almofada de conforto e de suporte à atividade dos lares» sobretudo numa altura em se gerou um «clamor à volta das ERPI como se fossem o maior mal do mundo, quando é precisamente o contrário, pois prestam respostas fundamentais para as pessoas».
«Vamos iniciar a breve prazo uma campanha de divulgação da linha. É importante que a mensagem passe e que os lares saibam que têm aqui uma zona de segurança. Não resolve os problemas, mas pode ser muito útil a orientar as soluções. Deixo um apelo para que desde a primeira chamada possa ser uma mais-valia, e que este projeto se desenvolva e constitua mais um recurso adicional» em tempos de crise.
Também Jorge Botelho, secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, agora no papel de Coordenador da implementação do estado de Contingência no Algarve, não deixou de referir que «esta é uma associação feliz, um contributo do ABC e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para o país todo».
«Neste combate à pandemia há muita gente a trabalhar para que os números não cresçam. Quero deixar ânimo a todos os que estão na linha da frente, até que haja uma solução que resolva a pandemia. Até lá, teremos que viver a vida que temos. Neste processo, a informação é base para combatermos algum alarmismo que possa surgir. Este é um projeto de parceiros muito compenetrados em dar algo de positivo ao país», disse.
No uso da palavra, Ana Mendes Godinho sublinhou que «os lares têm sido uma das nossas grandes preocupações, atendendo à fragilidade das pessoas mais idosas face à pandemia». Com este projeto «passa a estar disponível uma linha telefónica 24 horas, sete dias por semana para prestar apoio técnico e informação sobre procedimentos a adotar, sobre medidas de prevenção, recurso a instrumentos de reforço de recursos humanos, ou até na gestão de alguma situação» inesperada. A governante enalteceu os parceiros «que se uniram numa missão comum, para uma resposta coletiva».
Questionada sobre as brigadas que têm a função de intervir nas situações limite em que não seja possível encontrar outros meios para a gestão dos surtos nos lares, e que resulta de um protocolo entre a Segurança Social e a Cruz Vermelha Portuguesa, a governante garantiu que «há já 366 pessoas a trabalhar» e o objetivo é chegar às 400.
Lembrando a sua pasta anterior, Ana Mendes Godinho referiu que esta nova linha «é uma forma de posicionamento do Algarve na sua diversificação sectorial, de conseguir mostrar que a área da saúde e do envelhecimento ativo, são áreas estratégicas de desenvolvimento regional, não só no contexto nacional, mas também no contexto internacional».