Terá a duração prevista de três anos e arranca na próxima quinta-feira, 24 de novembro em Aljezur, com o espetáculo de teatro culinário «Peep & Eat» (Espreitar & Comer). «Lavrar o Mar» é uma expressão que se utiliza na pesca da sardinha.
A ideia é transformar as dinâmicas que existem neste território, o Algarve serrano e o litoral alentejano, e alavancar uma vida cultural», explicou Madalena Victorino ao «barlavento».
Esta coreógrafa é conhecida por envolver as comunidades locais em criações contemporâneas, incluindo estrangeiros e populações flutuantes. «A ideia é partir do património, da natureza, da paisagem e de toda a cultura humana, antiga e atual. Há pessoas novas a ocupar estes territórios e outras que sempre aqui viveram. Há uma imigração crescente e há uma juventude que anseia por algo a acontecer na sua própria terra. É como se o território estivesse com sede», disse.
Giacomo Scalisi e Madalena Victorino
Além desta intervenção social, «vamos trazer espetáculos que são repensados a partir dos sítios onde vão ser apresentados». Inaugura este desafio o belga Peter de Bie, da companhia Laika. «Ele sabe muito bem utilizar aquilo que são ingredientes e alimentos locais e transformá-los numa obra de arte».
Em «Peep & Eat» o cenário é uma cozinha giratória que roda sobre si própria. O público (55 lugares) pode espreitar através de pequenas janelas. «É como se fosse um pequeno laboratório de alquimia. Às vezes, é-lhe apresentado uma série de pequenos atos de humor e efeitos visuais por atores cozinheiros que fazem da comida a matéria teatral», acrescentou Madalena Victorino.
Em janeiro, «começamos as residências artísticas e todo um trabalho muito aprofundado ao mesmo tempo regular e horizontal de contacto com as populações, com espaços, com a cultura e os saberes», pela mão de criadores convidados. «Uma vai introduzir a literatura e o teatro. Avança para o caminho das destilarias que se vão transformar pela mão de escritores, performers, músicos e atores em pequenos teatros, numa futura rota» em Monchique.
A outra residência, «tem a ver como as caminhadas. Quatro elementos – terra, fogo, água e o ar – são temas de fundo a explorar ao longo de trilhos e caminhos», em parceria com a Rota Vicentina. Todas as residências vão resultar em criações de estreia absoluta no âmbito do trabalho de campo a realizar ao longo dos próximos meses.
«Imagine o que é ver um concerto único, num lugar mágico no final de uma caminhada pelo litoral», desafiou Giacomo Scalisi. As primeiras apresentações serão em março. Para maio, está marcado um festival de artes performativas. O arranque de «Lavrar o Mar» está inserido no programa 365 Algarve e terá o «barlavento» como media partner.
Um belga à procura dos sabores da terra e do mar
Peter de Bie, chef de cozinha e performer é um dos fundadores da companhia belga Laika, com sede na Antuérpia. Desde 2000 que apresenta espetáculos em Portugal, Algarve inclusive. Esta semana esteve em Aljezur, à procura de sabores para usar no menu do jantar-espetáculo «Peep & Eat» (Espreitar & Comer).
Durante a manhã conversou com os pescadores no Portinho da Arrifana, entre o polvo vivo e os robalos frescos do Atlântico. Almoçou lulas recheadas e deixou a tarde demorar na casa de António Rosa, produtor biológico de batata-doce e amendoins, entre Maria Vinagre e Odeceixe. Ficou de olho no poejo do campo e no feijão-carito, e irá ainda descobrir o mel, o medronho e os enchidos e de Monchique. «O lema da nossa companhia é teatro dos sentidos e é isso que procuramos estimular. Neste caso, fui desafiado a usar os produtos locais de uma forma que as pessoas nunca viram antes», prometeu Peter de Bie.
Peter de Bie na sede da «Alcagoita» em João Roupeiro, Aljezur.
«Peep & Eat» fica em cena de 24 a 27 de novembro, às 20 horas, no Polidesportivo junto à Câmara Municipal, no âmbito do Festival da Batata-Doce de Aljezur. Repete de 1 a 4 de dezembro, à mesma hora na EB2,3 de Monchique. Os bilhetes custam 8 euros para público em geral e 5 euros para jovens entre os 12 e os 20 anos, estando à venda na BOL.
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