Em breve, chegam a Faro equipamentos e software para os alunos darem asas à sua criatividade O investimento fica por conta da marca. Nada pede em troca, abrindo assim a porta aos sonhos e às ideias dos jovens que frequentam o curso de videojogos da ETIC_Algarve, em Faro. E que, no futuro, poderão vir a desenvolver novos conteúdos para a PlayStation.
O contrato já está assinado e escola algarvia é a terceira em Portugal a obter esta certificação. Tudo começou em maio deste ano, «quando tivemos conhecimento de uma iniciativa chamada PlayStation First Academic Development Programme, que tem por objetivo fornecer aos estabelecimentos de ensino com cursos de videojogos ou similiares, ferramentas para poderem desenvolver produtos para esta consola», explica André Miguel Pereira, membro da equipa que tem coordenado as negociações com a multinacional.
Em termos práticos, a marca dá acesso a várias ferramentas, entre elas o software especial chamado PhyreEngine e fornece equipamento de ponta para fins pedagógicos – consolas, comandos, entre outros produtos. «A Sony manifestou em diversos momentos que quer promover o desenvolvimento da Realidade Virtual (VR). Este é o momento certo para nos posicionarmos nesse mercado. Vamos receber material para testar e perceber como tudo funciona», acrescenta. A parceria «implica que há certos padrões a que temos de obedecer. Por exemplo, quiseram conhecer a fundo os planos da nossa formação e os conteúdos que os alunos aprendem. As linguagens de programação que ensinamos, e como pensamos implementar o ensino da PlayStation», explica.
Outro ponto importante para a marca foi saber que «os projetos que os nossos alunos concebem, acontecem sempre de um ponto de vista de mercado, numa perspetiva comercial, para se poderem inserir mais facilmente no mercado de trabalho. No início da sua formação têm de projetar uma ideia para um jogo, ou para um produto de entretenimento. Antes de termos implementado esta parceria, as opções eram simplesmente produtos para computador ou plataformas móveis. Agora temos uma ferramenta que nos permite entrar no mundo das consolas, com o apoio do líder de mercado a nível mundial».
Nuno Ribeiro, diretor da ETIC_Algarve, reconhece que «quando se fala em PlayStation, pensa-se logo em grandes produções. Mas a verdade é neste momento, há todo um mercado indie em forte expansão». «Quando se pensa em videojogos, pensa-se sempre em miúdos ou numa determinada ação. Mas videojogos é programação, ilustração, animação, design e é para muitas idades. É uma aprendizagem muito heterogénea. Fazer um jogo envolve muitas áreas», acrescenta o responsável.
Durante o processo, o departamento europeu da Sony PlayStation, sediado em Inglaterra, mostrou-se sempre «muito disponível» e não estranhou o facto da escola estar localizada no sul de Portugal. «Apesar de todo o rigor, foram sempre muito acessíveis. Nunca sentimos qualquer tipo de condescendência, até porque a Sony posiciona-se hoje no mercado de uma forma menos rígida e eles souberam transparecer isso muito bem», conclui André Pereira. E para já, uma coisa é certa: 2016 é o melhor ano da ETIC_Algarve, com cerca de 140 alunos a frequentar os vários cursos.
Inlight será o primeiro jogo da ETIC_Algarve para PlayStation
Na primeira edição do curso de videojogos, no ano letivo 2014/15, a dupla de alunos Alexandre Oliveira e Alexandre Rodrigues desenvolveram um jogo de plataformas. Tem por título Inlight e inspira-se na filosofia chinesa do Yin e Yang. Descrito de forma simples, o jogador tem de coordenar duas personagens em simultâneo, apesar de poder ser jogado também por duas pessoas. Estão unidos por uma espécie de cordão umbilical e o game play é baseado nessa interação entre ambos, num interface minimalista e apelativo.
De acordo com Nuno Ribeiro, diretor da ETIC_Algarve, este projeto poderá vir a ser desenvolvido para a consola PlayStation4. «Só não começámos ainda, porque eles estão a fazer um programa de estágio Erasmus+, em empresas do setor em Praga», na República Checa, até meados de dezembro. Em relação à ideias que poderão nascer durante este e o próximo ano, no âmbito do curso de videojogos, Nuno Ribeiro considera que ainda é cedo para dizer, apesar de reconhecer, desde já, grande potencial nos estudantes que ingressaram nesta escola técnica em setembro.
Clássicos inspiram jogos do futuro
Nuno Ribeiro, diretor da ETIC_Algarve, visitou o «Nostalgica», o primeiro e único museu de videojogos do país, no passado dia 12 de novembro. Situado em Oeiras, na Fundação Marquês de Pombal, é um espaço que preserva um arquivo de gadgets tecnológicos, desde os mais primitivos microcomputadores às primeiras consolas de videojogos. Nuno Ribeiro fez um donativo, o que o torna mecenas da «Nostalgica» e, em troca, trouxe uma prenda especial para a escola algarvia. Trata-se de uma antiga máquina arcade, na qual é possível jogar 520 títulos que fizeram as delícias de gerações de gamers. O objetivo não é apenas divertir, mas educar. «Os nossos alunos têm de conhecer os clássicos, de modo a perceberem as mecânicas dos jogos e a sua evolução», explicou ao «barlavento». «Hoje há um grande facilitismo nos jogos» ao contrário dos tempos em que a diversão era simples, viciante e paga em moedas…
Conectividade é desafio do presente
A Lisbon Web Summit, conferência mundial de empreendedorismo e inovação que decorreu de 7 a 10 de novembro na capital, não escapou ao olhar atento de Nuno Ribeiro, diretor da ETIC_Algarve. «Vi a quantidade de novidades e a parafernália de aplicações e de possibilidades que hoje existem. Em cada stand da FIL havia ilhas de empresas e start-ups a propor produtos para vários setores, desde a saúde à economia e ao entretenimento. Percebi que a conectividade é a palavra-chave nos próximos cinco a 10 anos, com a Microsoft e o Facebook a otimizarem alguns procedimentos nos aplicativos que pretendem lançar em breve. Trouxe essas referências para lançar desafios aos alunos», resumiu.