Jovem náufraga de VRSA é «heroína», elogia o diretor clínico do CHUA

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Jovem náufraga de Vila Real de Santo António (VRSA) é «heroína», elogiou esta manhã, o diretor clínico do CHUA, Horácio Guerreiro.

A jovem que esteve à deriva no mar durante mais de 20 horas, no Algarve, está estável e poderá ter alta dentro em 24 a 48 horas, disse hoje o diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA).

«Com tanto tempo no mar, em condições, penso eu, de stress máximo, é normal que seja surpreendente para todos. É preciso um instinto de sobrevivência, um autocontrolo, não entrar em pânico. Esta miúda é uma heroína, sem dúvida nenhuma», apontou esta manhã aos jornalistas Horácio Guerreiro, numa conferência de imprensa para dar conta da evolução do estado de saúde de Érica Vicente.

«A rapariga está algo prostrada, como é natural, depois de tanto tempo sem alimentação, exposta ao sol e com stress, mas está bem, está estável, não está desidratada. Tem manifestações de prostração, está sonolenta e com algumas dores a nível muscular, e cutâneas, mas não tem lesões graves», afirmou Horácio Guerreiro.

O diretor clínico, que falou aos jornalistas à porta da urgência de Pediatria do Hospital de Faro, explicou que a jovem está no Serviço de Observação (SO) de Pediatria, acompanhada pela mãe e consciente, embora pouco comunicativa, esperando-se que o seu estado tenha uma evolução positiva, pois está em «fase de hidratação e de retoma das funções fisiológicas».

«Se tudo correr bem», a possibilidade de alta em 24 a 48 horas corresponde a um período curto de convalescença e de recuperação «de uma pessoa que esteve sujeita a um stress extremo».

A principal preocupação da equipa médica agora é observar as funções renais, com a hidratação, e se há problemas ao nível cerebral, porque, por vezes, quando se força a infusão de líquidos, pode haver situações de edema cerebral, embora não se esteja a prever isso, explicou o responsável.

A jovem está numa unidade do SO de Pediatria de alta vigilância, quase equivalente a uma unidade de Cuidados Intensivos, acrescentou o médico. Está «calma», embora pouco comunicativa, muito tranquila e com uma perspetiva otimista.

Questionado pelos jornalistas sobre se a sua resistência, após tantas horas à deriva no mar, surpreendeu a equipa médica, Horácio Guerreiro respondeu que a situação surpreende todos.

«É uma guerreira», sublinhou.

Érica Vicente desapareceu cerca das 20h00 de sábado, empurrada pelo vento, quando se deslocava numa prancha de stand-up paddle na Praia do Coelho, em Monte Gordo, no concelho de VRSA.

Foi encontrada mais de 20 horas depois, cerca das 18h00 de domingo, a 25 milhas (cerca de 46 quilómetros) a sul de VRSA, por um navio mercante que navegava a caminho de Tânger, em Marrocos.

Um helicóptero da Força Aérea Portuguesa (FAP) foi destacado para recolher a náufraga, que se encontrava num elevado estado de hipotermia, tendo sido depois transportada para o hospital de Faro.