Será já esta noite, às 21 horas, que João Frade e os músicos cubanos Yarel Hernández Espinosa e Michael Olivera Garcia atuam no Auditório do Solar da Música Nova, em Loulé, dando início ao ciclo «Conversas à Quinta» de 2020.
A expectativa é grande e os três músicos receberam o barlavento durante os ensaios que decorreram no Bafo de Baco, talvez um dos espaços com mais tradição de música ao vivo no Algarve.
João Frade falou um pouco sobre o que está a ser preparado. «Vamos apresentar uma parte do meu disco homónimo, alguns temas de outro disco meu, o Solilóquio, e dois temas do disco do Michael, que é um baterista incrível e eu adoro a forma como compõe. Conheci-o em Madrid e ele convidou-me para fazer parte da sua banda. Agora que ele está cá decidimos juntar uns temas dele à festa desta noite. E ainda haverá mais», promete.

«Será um espetáculo energético, ritmado, com muita melodia, com espaço para a liberdade e para o que der e vier! Tem tudo para correr super bem e passarmos, nós e o público, um bocado muito bom!»
Das palavras e do entusiasmo do acordeonista percebe-se que não será apenas a apresentação ao vivo de um disco já conhecido, mas antes a re-interpretação de temas que foram gravados no álbum João Frade.
«Alguns temas que vamos tocar logo à noite soam um pouco a erudito no disco. Mas esta noite vão soar bastante mais livres. Vai ser um concerto com muita melodia, que é uma coisa que prezo bastante, especialmente quando é apenas música instrumental, sem a voz humana. A melodia deve desempenhar um papel de grande destaque para conquistar as pessoas», explica.
Michael Olivera, o baterista que vai acompanhar João Frade, tem já uma forte ligação ao músico pois compôs, tocou e coproduziu o disco homónimo do acordeonista algarvio.

«É um dos maiores bateristas do mundo e é também um compositor que cria de uma forma muito especial» descreve João Frade.
Já em relação a Yarel «só o conheci há dois dias, quando ele chegou a Loulé. Foi o Michael que sugeriu que o convidasse. É um guitarrista que esta noite vem tocar baixo de uma forma diferente e bastante peculiar. Quando começámos a ensaiar surgiu rapidamente uma química muito bonita e agora já é da família. É mesmo um prazer tocar com dois músicos incríveis como eles», sublinha.
Esta conversa com João Frade permitiu também levantar o véu sobre o que o músico está a preparar para 2020.
Além de uma nova digressão com Mariza, que preenche grande parte da agenda do acordeonista natural de Albufeira, está prometido para breve um novo disco, na sequência de João Frade.
Não será, contudo, o único, porque estão terminadas as gravações de um outro trabalho do Pedro Jóia Trio com Nuno Guerreiro (louletano e que ganhou grande destaque como vocalista dos Ala dos Namorados).
«Vai ser surpreendente» assegura João Frade, que tem ainda mais projetos, embora em fase inicial. Este ano, também verá finalmente a luz do dia o disco dos Moda Vestra, além do acordeonista ter a expectativa de vir a participar ao vivo em alguns dos concertos que os Mare Nostrum têm já agendados.

Música Portuguesa Criativa
«Andei anos sem saber como apresentar a minha música. Embora eu não goste muito de rótulos, agora já tenho uma definição: é música portuguesa criativa. É música com um carácter e uma melodia ligados a este cantinho, a esta terra portuguesa onde eu componho, e criativa porque tenho muito o espírito de criar no momento, sem que me pareça certo chamar-lhe improvisação», explica.
João Frade e também Michael Olivera e Yarel Hernández regressaram aos ensaios depois desta conversa, reforçando o convite para o concerto único e singular que vai acontecer no Auditório do Solar da Música Nova, e onde Paulo Pires, programador cultural da Câmara Municipal de Loulé, também vai subir ao palco para conversar com os músicos e fazer com que a noite não seja apenas preenchida com um espetáculo musical mas seja também uma tertúlia-concerto.