João Fernandes: Algarve está preparado para retoma turística

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João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve atualizou as perspetivas turísticas para esta época alta. Região está pronta para a retoma turística.

«Temos dificuldade em perceber como estamos no Algarve porque muitas das vezes não temos termos de comparação. Mas o Algarve, quando comparado com destinos concorrentes no Mediterrâneo, tem desde já um ponto de partida antecipado, uma procura que foi antecipada pela abertura do corredor aéreo britânico, quando fomos classificados como zona verde. Tivemos uma abertura com o mercado espanhol dois meses antes do que aconteceu no ano passado, a 1 de maio e não a 1 de julho», explicou João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve.

«Temos já ligações para a Irlanda. Embora ainda estejamos a crescer nesse mercado, em 2020 estivemos praticamente fechados para a Irlanda 10 meses por causa da política de fronteira daquele país. Estamos a ter uma procura crescente na Alemanha, na França e nos nossos mercados tradicionais da Holanda. Certamente que vamos crescer em procura externa em relação ao ano anterior se formos capazes de captar».

Por outro lado, «a procura nacional está ao nível do que aconteceu no ano passado. A continuarmos assim, vamos ter um verão melhor que o de 2020. Ainda assim, longe do que é um ano recorde como foi o de 2019».

Outro dos aspetos salientado pelo presidente do Turismo do Algarve são as reservas para o último quadrimestre do ano [setembro a dezembro], que engloba a época de golfe [novembro].

«Já temos uma procura que excede, substancialmente, a do ano anterior. É uma procura já de um nível muito elevado. Trata- -se de um período em que a recomposição da procura aérea e das ligações aéreas também se perspetiva mais estável. Não temos naturalmente a procura que tivemos noutros anos, as empresas passam por dificuldades e há um plano específico para as poder ajudar. Vamos ter ainda alguns obstáculos pelo caminho. O que a pandemia nos ensinou é que há muitos imprevistos e que existem sempre fatores que não esperamos».

João Fernandes acredita «que estamos preparados para irmos construindo já degraus sólidos para uma retoma».

Por fim, questionado sobre a possibilidade do Algarve ter ficado prejudicado no Reino Unido devido aos números epidemiológicos de outras regiões como Lisboa, o presidente do Turismo do Algarve foi sucinto.

«Sou português e sou solidário com todas as regiões. Temos de ser mais solidários e menos competitivos entre nós. Claro, é um esforço que cabe ao coletivo e também ao indivíduo e esse é o apelo que fazemos sempre, e daí referir a questão da prevenção e do controlo. Nós valemos como um todo e o Algarve só tem a ganhar com isso».

Portugal quer Turismo mais Sustentável

Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, deslocou-se ao Algarve na segunda- feira, dia 14 de junho, para a apresentação nacional pública do Plano Turismo + Sustentável 20-23, sob o mote «Mais do que um desafio, é o caminho».

Alinhado com os objetivos da Estratégia Turismo 2027 e da política de retoma do sector pós-COVID-19, o documento tem como objetivo posicionar Portugal como um dos destinos turísticos mais competitivos, seguros e sustentáveis do mundo, com particular cuidado no que toca às questões ambientais e de âmbito social.

Ouvida pelo barlavento, a governante afirmou que a escolha da região para a apresentação do novo plano não foi ao acaso. «Fizemos questão que fosse no Algarve porque é uma região turística de excelência, mas entendemos que pode ser ainda melhor explorada e que pode ainda crescer muito no que toca à proposta de valor».

Em relação à sustentabilidade, Rita Marques referiu que «é um grande desidrato que temos já há muitos anos nesta parte. Já quando apresentámos, em 2017, a nossa estratégia de turismo 2027, identificámos a sustentabilidade económica, social e ambiental como uma grande ambição. No entanto, achámos que nestes tempos de pandemia fazia sentido reforçar ainda mais esta nossa preocupação. Daí termos desenhado 119 medidas» específicas para alavancar o sector no pós-COVID-19.

Questionada sobre a crise que a região vive, Marques disse que «somos muito realistas. Estamos a passar um tempo muito difícil e este sector [turismo] saiu muito fustigado. Mas, a verdade é que os nossos ativos, aquilo que nos distinguiu nestes anos como Melhor Destino Turístico do Mundo e Melhor Destino Turístico da Europa, não saíram prejudicados. Temos plena consciência que ainda há tempos difíceis pela frente, mas achamos que Portugal tem todo o potencial para sair na liderança. Foi isso que se verificou nestas últimas três semanas em que tivemos no corredor verde britânico».

«Verificámos que o apetite por Portugal se mantem e está muito vivo. Durante a pandemia continuámos sempre a comunicar com os nossos mercados emissores. Fomos, inclusive, reconhecidos como Melhor Marca Turística da Europa, e a terceira Marca Turística mais forte do Mundo. Estamos em crer que estando debelada a questão da pandemia, Portugal assumirá de novo a sua liderança no contexto turístico e é por isso que estamos aqui também, em articulação com a entidade regional, a mostrar a nossa confiança nessa retoma», disse ao barlavento.

365 Algarve de nova geração está a ser discutido

O programa cultural 365 Algarve, que unia as secretarias de Estado da Cultura e do Turismo com o objetivo esbater a sazonalidade da região algarvia e reforçar a oferta cultural, terminou após quatro edições.

Rita Marques, secretária de Estado do Turismo revelou ao barlavento que o regresso da iniciativa é um assunto que ainda não morreu de vez.

«Estamos, neste momento, a trabalhar numa renovação de programas desta natureza. Provavelmente aproveitaremos a marca, porque é importante, mas este programa terá que ser melhorado por várias circunstâncias. Por um lado, porque já teve quatro edições e fruto disso há sempre uma aprendizagem que decorre. Por outro, a pandemia aconselha a que sejamos muito criteriosos e seletivos nos investimentos que fazemos nos territórios e é uma matéria que está em análise pela Secretaria de Estado do Turismo, em articulação também com a entidade regional e também com a Cultura», adiantou.

«É um tema que na data certa virá de novo à tona e serão anunciadas e partilhadas as conclusões no que toca à manutenção do programa», garantiu ainda.