Festival Afro Nation traz artistas de vários países ao areal da Praia da Rocha, onde atuam durante três dias.
Desde a sua estreia em Portugal em 2019, o Afro Nation tornou-se num dos maiores festivais musicais de verão no Algarve, com os mais conhecidos artistas de Afrobeats, Hip-Hop, R&B, Dancehall e Afrohouse a fazer do areal da Praia da Rocha o seu palco.
Esta terceira edição não é diferente, dezenas de milhares de pessoas de várias nacionalidades concentram-se em Portimão. Espanhóis, franceses, nigerianos, israelitas, americanos e australianos, todos se juntam para assistir a concertos memoráveis num ambiente íntimo e de muita festa.

Dança, cores e animação não faltam ao longo destes três dias que trazem à cidade um número surpreendente de turistas, anteriormente atípico para esta altura do ano, o que mudou devido a uma paixão comum: o gosto pelos ritmos e batidas das músicas africanas.
Um evento que posiciona Portimão «como um destino de festivais de música», revelou a presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, em entrevista ao barlavento ao salientar que «antecipa-se agosto em junho, o que é positivo e transversal aos diversos setores da economia».
A cidade ganha vida como em nenhum momento se viu com um conceito que nasceu em Portugal e se expandiu até ao Gana, Porto Rico e Estados Unidos. As ruas enchem-se de estrangeiros e portugueses de todo o país que veem para desfrutar não só da alegria e descontração que o Afro Nation proporciona como da cidade.
São festivaleiros «com poder de compra», referiu Isilda Gomes ao destacar que consomem na restauração e bares locais, «enchendo por completo a hotelaria em praticamente todo o Barlavento algarvio e ficando alojados até em unidades hoteleiras do Sotavento».

Uma ajuda para a economia local que deixa empresários e comerciantes satisfeitos com a oportunidade de rentabilizar os seus negócios durante estes dias. Nas palavras da presidente da Câmara Municipal de Portimão, os portimonenses «gostam de receber este público» que se «sente bem na nossa terra, na nossa Praia da Rocha».
Muitos optam por alugar carro para se deslocar e fazer as refeições em estabelecimentos onde se serve comida portuguesa, o que cria proximidade com a cultura do país, sendo «extremamente corretos na lidação com os locais», segundo a autarca que carateriza o perfil dos turistas como «muito interessante».
De acordo com a autarca, que cita estudos certificados, em 2022 o festival teve um impacto direto de 114 milhões de euros, registando uma afluência de 40 mil pessoas, oriundas de mais de 40 países.

Festivaleiros de todo o mundo reúnem-se no Algarve para cantar e dançar ao som dos vários artistas convidados, entre eles os cabeça de cartaz Burna Boy, intérprete nigeriano; 50 Cent, cantor de hip-hop norte-americano; Wizkid, também cantor e compositor nigeriano; e Booba, rapper francês.
Fiel à sua fama de maior festival de afrobeat do mundo, o evento traz ainda Asake, Aya Nakamura, Fireboy DML, Black Sherrif, Vegedream e Oxladee Ms Banks, numa panóplia que junta os idiomas inglês, francês e português, nas vozes do cabo-verdiano Nelson Freitas e da portuguesa afrodescendente Soraia Ramos.
Ainda que existiam algumas queixas por parte de locais em relação ao congestionamento do trânsito e sujidade na cidade, para a autarca estas são «situações pontuais, normais neste tipo de festas e que se resolvem» destacando que «os benefícios superam largamente os aspetos menos bons». Por outro lado, há também elogios ao trabalho de limpeza feito.

Ao contrário de muitos municípios que investem financeiramente para acolher espetáculos musicais, este não é o caso de Portimão, onde são os organizadores do evento os únicos responsáveis por toda a logística.
Não só a cidade algarvia acolhe o Afro Nation como o festival internacional de Hip Hop Rolling Loud que, no ano passado, trouxe 55 mil pessoas, o que se refletiu num impacto económico, medido por consultor independente, de cerca de 99 milhões de euros, avança a autarquia.

O sucesso e as vantagens que estes festivais acarretam levaram o município a estabelecer um protocolo com o promotor de ambos, onde é garantida a realização anual até 2025 de, pelo menos, dois grandes eventos internacionais nas datas em que estes atualmente se realizam, «desde que seja garantida a qualidade e segurança dos mesmos», reforça a presidente da Câmara Municipal de Portimão.