O ministro da Administração Interna (MAI), José Luís Carneiro, realçou que «este ano vai ser ainda mais difícil do que 2022» em matéria de incêndios.
O ministro da Administração Interna (MAI), José Luís Carneiro, esteve esta sexta-feira, dia 19 de maio, na apresentação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais no Algarve (DECIR) para 2023, que se realizou no decorrer da AlgarSafe’23 – Feira Internacional de Proteção Civil e Socorro de Portimão, no Portimão Arena.
O governante realçou que, no que toca a incêndios rurais, «este ano vai ser ainda mais difícil do que 2022», agradecendo desde logo aos autarcas algarvios toda a cooperação com o Ministério da Administração Interna.
Desde janeiro, a média de incêndios tem sido «muito elevada», tendo 64 por cento dos fogos tido origem negligente devido ao uso irresponsável do fogo para queimas, referiu o ministro ao aconselhar que a limpeza dos terrenos seja feita em condições de segurança e recurso tanto à Proteção Civil Municipal de cada concelho, como aos Bombeiros e às autoridades locais.
Ainda que o financiamento do Dispositivo Combate a Incêndios Rurais tenha vindo a aumentar a cada ano, «há limites para o país», alertou José Luís Carneiro ao admitir que foram já disponibilizados 55 milhões de euros e feito um aumento de 31,7 milhões de euros para as transferências regulares destinadas a associações humanitárias «em que Portugal tem estado a ceder os seus recursos e a emprestar os meios aéreos e, neste conjunto, são mais de 70 milhões para este investimento».
Atualmente, cerca de 50 por cento dos recursos financeiros está destacado para a prevenção e 50 por cento para o combate, com o ministro a argumentar que a prevenção permite «resolver de forma duradoura o problema dos incêndios florestais», numa altura em que o Ministério do Ambiente está também a fazer «todos os esforços» nesta área.
O ano passado foi, segundo o governante, «um ano muito exigente naquilo que foram as condições que são mais propícias não apenas à deflagração, mas à rápida expansão dos incêndios», dado que o país experienciou temperaturas de 47ºC em algumas zonas, humidade abaixo do 10 por cento, como já está a acontecer na região do Algarve, e ventos que em alguns dias ultrapassaram os 60km/h, o que significa «risco exponencial de incêndio».
Ainda que as condições não tenham sido favoráveis no ano anterior, «foi neste quadro absolutamente complexo e exigente que o nosso sistema mostrou capacidade», frisou José Luís Carneiro ao esclarecer que 90 por cento dos incêndios foram combatidos e controlados em 90 minutos, tendo sido possível garantir que em mais de 80 por cento a área ardida não ultrapassasse um hectare o que, para o ministro, «mostra eficácia na resposta e muito particularmente no ataque inicial».
No entanto, em 10 por cento dos incêndios não foi possível controlar o fogo até aos 90 minutos, ultrapassando mais de um hectare de área ardida, o que levou ao desenvolvimento de iniciativas que integram o novo dispositivo para 2023, informou o ministro ao salientar que «temos nos cinco comandos um conjunto de representações institucionais e personalidades conhecedoras do foco dos incêndios florestais e com competências técnicas que veem reforçar a capacidade dos comandos regionais na resposta aos incêndios com maior complexidade».
Como consequência, este ano os comandos regionais estão «mais capacitados para trabalhar em conjunto» bem como para dar uma resposta «ainda mais eficaz e eficiente» nos incêndios rurais, mencionou José Luís Carneiro ao recordar os incêndios de 2017 que levaram à melhoria das capacidades do sistema, «em termos de conhecimento, partilha de informação, antevisão, tecnológicos e meios humanos e técnicos e materiais».
É necessário um «combate apeado» assim como o reforço das equipas de forma a acompanhar o conhecimento e as capacidades da força especial de Proteção Civil e ajudar a tanto na proteção da população como dos territórios com acessos mais difíceis, na ótica do ministro que enalteceu os «planos de ação devidamente preparados e meios mobilizados» da região do Algarve mostrando satisfação em relação à apresentação do dispositivo especial de combate a incêndios rurais feito pelo comandante regional de Emergência e Proteção Civil, Vítor Vaz Pinto.
A AlgarSafe’23, com entrada livre, é uma organização conjunta entre a Câmara Municipal de Portimão e a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Portimão, com o apoio da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, contando ainda com parceiros institucionais de referência, como a Escola Nacional de Bombeiros, a Federação dos Bombeiros do Algarve, o Instituto Nacional de Emergência Médica, a Autoridade para as Condições de Trabalho e a Safe Communities Portugal, entre outros.