Fundação Oceano Azul limpa praias em Lagos e Armação de Pêra

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Fundação Oceano Azul promove limpezas de praia, de norte a sul de Portugal Continental, para alertar para o problema do lixo marinho, de 17 a 25 de setembro.

Centenas de organizações portuguesas juntam-se, de novo, para assinalar o Dia Internacional de Limpeza Costeira, de norte a sul do país, nos Açores e na Madeira.

Em resposta ao desafio anual da Fundação Oceano Azul para a celebração desta data, estão previstas já mais de 100 ações de limpeza terrestres e subaquáticas, durante as quais, na semana de 17 a 25 de setembro, milhares de voluntários terão oportunidade de contribuir para a conservação do oceano.

No Algarve terão lugar as seguintes ações:

  • Dia 17 de setembro às 11h00: Praia do Camilo (Lagos), organizada pela SOMAR – Associação de Conservação Marinha e Bioacústica e Câmara Municipal de Lagos;
  • Dia 19 de setembro às 09h00: Praia do Olival, Armação de Pêra (Silves), organizado pelo Centro Ciência Viva do Algarve e Câmara Municipal de Silves;
  • Dia 24 de setembro às 10h00: Praia da Luz (Lagos), organizado pela SOMAR – Associação de Conservação Marinha e Bioacústica e Câmara Municipal de Lagos.

Em colaboração com a Representação da Comissão Europeia em Portugal, a iniciativa integra também a campanha #EUBeachCleanup da União Europeia, e pretende mobilizar os cidadãos para uma maior consciência ambiental e para a alteração de comportamentos, com especial alerta para a emergência climática e para a necessidade de uma maior proteção do oceano.

Em 2022, os alunos do programa Educar para uma Geração Azul voltam a juntar-se nesta grande ação nacional, acompanhados pela ocean leader e bodyboarder Joana Schenker em algumas destas ações, e vão poder participar num concurso para o desenvolvimento de projetos sobre o tema do lixo marinho, a implementar na sua escola e com envolvimento das comunidades locais.

As organizações que pretendam aderir à iniciativa ainda podem registar as suas ações de limpeza no website da Fundação Oceano Azul (aqui), onde é disponibilizada também a informação necessária para os cidadãos se juntarem a este movimento global.

Este é já o quarto ano consecutivo em que a Fundação Oceano Azul promove e apoia o trabalho desenvolvido pelas diferentes organizações que combatem ativamente um dos maiores problemas ambientais do planeta, o lixo marinho.

Desde o arranque desta iniciativa, em 2019, já foram recolhidas, em Portugal, 192 toneladas de lixo marinho em aproximadamente 1250 ações de limpeza costeira, as quais envolveram quase 24 mil voluntários e 250 organizações.

Lixo Marinho – Alguns factos

Considera-se lixo marinho qualquer material sólido descartado persistente, manufaturado ou processado, eliminado, abandonado ou perdido no ambiente marinho e/ou costeiro (UNEP, 2005).

A maioria do lixo (90 por cento) encontrado no oceano é constituído por plásticos de diversas origens, formas, cores e dimensões.

Em média, 14 milhões de toneladas de plástico invadem o oceano todos os anos, com efeitos devastadores na vida marinha e na humanidade.

A cada minuto, entram no oceano o equivalente a dois camiões carregados de plástico.

Em 2021, nas praias monitorizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), apenas foi possível identificar a fonte de 15 por cento do lixo recolhido.

As fontes com maior expressão foram:

90 por cento dos itens identificados inserem-se na categoria Plástico/Poliestireno, incluindo esferovite.

Os plásticos de utilização única representam 28 por cento do total de itens registados.

Os artigos sanitários são a segunda categoria de lixo mais encontrada. Os cotonetes e toalhetes de limpeza, fraldas, pensos foram os itens mais comuns na categoria, representando respetivamente 78 por cento e 15 por cento.

Papel e Cartão é a terceira categoria mais abundante, sendo que os pacotes de cigarro representam 17 por cento desta categoria.

Em 2021, analisados os resultados do Programa de Monitorização de Praias de Portugal Continental, cuja rede atual inclui 15 praias, detalham-se abaixo os itens que fazem parte do TOP10:

Nove em cada dez dos itens identificados nestas praias são da categoria Plástico/Poliestireno, porém, se atendermos ao material de composição podemos afirmar que o TOP 10 é constituído na sua totalidade por plástico.

A ameaça do lixo marinho para a biodiversidade

A maioria do lixo, especialmente o plástico, é muito resistente e duradouro, o que representa um problema no presente e no futuro. A poluição do meio marinho pelos plásticos tem graves consequências para a vida marinha, como:

  • Ingestão de plásticos pelos animais, ao confundirem o lixo com alimentos, podendo levar à morte por asfixia.
  • Aprisionamento dos animais em redes de pesca perdidas, o que pode causar ferimentos, morte por afogamento ou falta de alimento.
  • Toxicidade pela ingestão de plástico. Um organismo pode absorver toxinas e poluentes e comprometer todas as espécies de uma teia alimentar.
  • Lesões em espécies marinhas, causadas pelo contacto com o lixo, levando, muitas vezes, à morte ou à infeção por agentes patogénicos.
  • Destruição de habitats comprometidos pela presença e impacto do lixo.

Todos os anos, um milhão de aves marinhas, cem mil mamíferos e tartarugas marinhas, assim como um infindável número de peixes, morrem vítimas do plástico presente no oceano.

O lixo marinho compromete a saúde humana e a economia

Eventuais poluentes e toxinas presentes no plástico e outros resíduos podem acumular-se nos organismos através de ingestão (bioacumulação), podendo levar a um aumento da sua concentração através da cadeia trófica (bioampliação) e eventualmente afetar os seres humanos.

O lixo pode ainda representar um impacto negativo na pesca e navegação, podendo provocar danos irreparáveis ou de elevado custo nas embarcações.

O lixo na praia pode, não só ferir banhistas, mergulhadores e outros profissionais do mar, como ser um vetor de transmissão de doenças, revelando-se um perigo para a saúde pública.

O turismo é também uma área afetada, uma vez que praias com lixo afastam os turistas, podendo, desta forma, a poluição afetar a hotelaria, a restauração e o comércio local.

A poluição e o lixo marinho acarretam uma despesa significativa e por isso um incremento no orçamento anual das autarquias e dos concessionários, ao haver necessidade de limpezas de praias, marinas e outras zonas marítimas adjacentes.

Grande parte do lixo marinho encontra-se a menos de 100 milhas da costa.

Importância de ações de limpeza e monitorização de praias

As ações de limpeza são essenciais no combate à ameaça do lixo marinho.

Apesar da sua atuação não ser diretamente na fonte do problema, estas ações servem como ferramenta de sensibilização e consciencialização, permitindo recolher parte do lixo antes da sua entrada num ambiente marinho, e recuperar parte do que infelizmente já alcançou estes ecossistemas.

A recolha do lixo evita ainda que este se degrade e multiplique em fragmentos, o que dificulta mais ainda a sua remoção.

A monitorização do lixo, realizada no âmbito das atividades de limpeza, permite também a recolha de informação importante, como os tipos de lixo mais encontrados, a abundância, dimensão e distribuição.

A recolha destes dados contribui também para a identificação da origem, representando um papel essencial na definição de prioridades de atuação, coordenação de planos de prevenção, e avaliação da eficácia das medidas e programas já implementados.

Desde 19 de setembro de 2019 que a Fundação Oceano Azul dispõe no seu site um contador de lixo marinho, atualizado regularmente com os números alcançados pelas organizações que colaboram com a fundação.

Em setembro de 2022, o contador apresenta os seguintes números:

  • 191.2 toneladas de lixo marinho recolhido;
  • 243 organizações;
  • 1.076 quilómetros limpos;
  • 23.882 voluntários.