Expetativas são altas para a estreia do Afro Nation, nada mais do que «o maior festival urban beach da Europa», que traz à Praia da Rocha, entre os dias 1 e 4 de agosto, nomes como Davido, Wizkid, Burna Boy e Buju Banton como cabeças de cartaz.
Os bilhetes foram colocados à venda no Reino Unido, em março. Os promotores do Afro Nation, apesar de trabalharem com alguns dos maiores artistas africanos da atualidade, não escondem que tiveram algum receio em organizar o festival num país estrangeiro, neste caso, em Portugal.
A verdade é que nos primeiros dias venderam 18 mil bilhetes. No total, são esperados cerca de 23 mil festivaleiros, um número considerado óptimo para a primeira edição do Afro Nation, evento apresentado à imprensa na sexta-feira, 28 de junho, na Praia da Rocha.
Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, lembrou que «naturalmente que falar de um projeto que se inicia agora gera sempre alguma expetativa, para o receber. Promete ser um dos maiores festivais da Europa, e certamente muita gente se interroga porque razão, no mês de agosto, vamos ter aqui um evento desta dimensão».
«Há uma razão por trás disto. Fala-se muito do Brexit, essas questões estão na ordem do dia, e quer nós, município, quer a Região de Turismo do Algarve (RTA), estamos preocupados com o impacto que isso terá no turismo. Os bilhetes foram todos vendidos na Inglaterra, o que deixa antever que estamos a fazer uma boa campanha por lá, para que o impacto do Brexit não seja tão evidente e forte como eventualmente seria de esperar», acrescentou Isilda Gomes.
A autarca mostrou-se otimista sobre o festival que acontece de 1 a 4 de agosto.
«O ingleses foram os primeiros a descobrir o Algarve, e não serão os primeiros a abandoná-lo de certeza. Quero desejar algo muito importante: que tenhamos possibilidades de continuar a viver estes momentos e esta dinâmica de festa e de festival, porque temos todas as condições para que estes eventos tenham sucesso».
E para que isso aconteça, segundo a autarca portimonense, é essencial que o tecido empresarial local esteja envolvido.
«O NoSolo vai ser parceiro deste evento, o que me alegra bastante – é bom juntar os empresários locais com aqueles que vêm, só pode ser uma mais-valia».
Para que conste, Isilda Gomes fez questão de sublinhar que «por parte da autarquia não há qualquer apoio monetário a este evento, antes pelo contrário. Mas ficamos felizes por terem escolhido Portimão. O Algarve foi nomeado a melhor região turística da Europa, e é natural que as pessoas tenham festivais diferentes, e não apenas mais do mesmo».
E deixou um recado à organização: «se conseguirem trazer festivais na época baixa, nós agradecemos. E acredito que vamos todos regozijar-nos com os momentos que este festival vai proporcionar».
Também presente na mesa, Fátima Catarina, vice-presidente da RTA considerou que «estes eventos são muito importantes para o Algarve. Se queremos que a região seja um destino turístico para todo o tipo de perfis, é necessário que haja atividades que satisfaçam todos, dos velhos aos mais jovens. Estes últimos preferem animação, e em destinos onde há ofertas para todos, viajam em família».
«É óbvio que também preferíamos que fosse na época baixa, mas este evento vai ocupar e animar os mais jovens, e fazer com que queiram vir mais vezes ao Algarve», disse.
Por sua vez, Marco Azevedo, CEO da SLE – Sociedade Lusa de Espetáculos, expressou o seu «orgulho de estar envolvido neste projeto, que é muito bom para Portugal».
Referindo-se ao público-alvo, garantiu que «estas pessoas vêm para cá pelo menos uma semana. O retorno para Portimão, deste festival, aproxima-se mais dos 50 milhões de euros».

«É a primeira vez que o fazemos, e se conseguirmos corresponder às expetativas do público e das forças políticas e sociais que nos acolhem tão bem, nós pretendemos repetir o festival, com o objetivo de contribuir ainda mais para Portugal, para a região e para a comunidade de Portimão».
Até agora, «temos sido recebidos com muito profissionalismo. A Câmara Municipal de Portimão obriga-nos a cumprir com tudo. Somos rigorosos, mas neste caso existe um controlo ainda mais rigoroso talvez por o Algarve e Portimão estarem sujeitos a uma pressão muito elevada. Temos uma grande preocupação com a segurança, a higiene e a ordem social», garantiu.
As estrelas talvez se tenham alinhado, como referiram ao «barlavento» Obi Asika, britânico de origem nigeriana e CEO do festival Afro Nation e Junior «Smade» Adeosun, CEO da Smade Entertainment, empresa de topo no Reino Unido. A verdade é que depois de considerarem a Grécia, a Croácia e até o sul de França, os promotores escolheram o Algarve, onde há todas as condições e «as pessoas são acolhedoras».
Obi Asika disse ainda ao «barlavento» que há toda uma comunidade afro-descendente a viver na Europa que não tem um evento de referência, nem um grande festival de verão capaz de satisfazer este público, razão que justifica a aposta em Portimão.

Aliás, o «barlavento» sabe que o interesse dos promotores não se esgota aqui. A ideia é repetir este festival entre junho e julho de 2020, um pouco mais cedo.
Os organizadores querem também incluir no cartaz alguns artistas dos PALOPs, sobretudo de Angola, mais do agrado do público português, para que este se sinta também encorajado a assistir.
Por outro lado, também o Portimão Arena poderá vir a ser palco de um festival com grandes nomes do hip-hop mundial, já fora da época alta, de forma a atrair uma audiência mais jovem.