Faro imortaliza exposição do mestre Manuel Martins em livro

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Museu Municipal de Faro edita obra de grande qualidade sobre a exposição dedicada ao entalhador e mestre escultor barroco Manuel Martins (1667 – 1742).  Apresentação será no sábado, dia 26 de setembro, às 18 horas.

O catálogo da exposição dedicada à arte sacra do escultor farense Manuel Martins vai ser lançado no sábado, dia 26 de setembro, às 18 horas. É o culminar de um projeto ambicioso do Museu Municipal de Faro, segundo admite o diretor Marco Lopes.

«Sim, porque com esta mostra dá para perceber todas as dimensões daquilo que é o nosso trabalho. Ou seja, houve toda uma preparação prévia e um estudo feito em conjunto com Francisco Lameira, conhecido historiador de arte e professor na Universidade do Algarve, e talvez a referência nacional no que toca à talha e à imaginária barroca. Lançámos-lhe o desafio de mostrar a obra de Manuel Martins porque tínhamos consciência que se trata de uma figura de grande relevo na região. Fizemos um inventário de reconhecimento daquilo que foram as suas obras de escultura e talha. Depois, houve uma intervenção absolutamente notável por parte da nossa equipa de conservação e restauro nas peças selecionadas», detalha.

Apesar de não conseguir precisar com certeza, no que toca ao restauro «foram vários meses de trabalho. Estamos a falar de uma dezena de peças, todas com problemas, debilidades e deficiências que tivemos de tratar» até com recurso à radiologia digital e tomografia computorizada.

«Houve várias surpresas e a intervenção acabou por ser mais prolongada que o previsto. Mas as peças ganharam uma nova vida, um novo fulgor. Trabalhámos também uma museografia cuidada, que salta logo à vista de qualquer pessoa» que visite a exposição. A cor roxa, que ilustra o novo catálogo foi escolhida «porque está muito ligada à liturgia e à semana santa. E tem a ver com o património imaterial», explica.

Apesar da sua importância, «nunca houve uma exposição dedicada a Manuel Martins, cuja fama está testemunhada na documentação, pelas importantes clientelas que teve. Estamos a falar de irmandades, de ordens religiosas, de paróquias abonadas e com recursos financeiros para poder encomendar obras. Aliás, algumas delas até sabemos do custo. A Ordem do Carmo, por exemplo, tem um retábulo-mor que é um verdadeiro hino ao barroco. Ainda impressiona nos dias de hoje. Custou um conto e duzentos mil réis. É uma ordem religiosa com gente ilustre, rica, que podia contratar o melhor», exemplifica. E claro, também houve algumas peripécias.

«Até à última da hora sabia-se da existência de um conjunto de castiçais que estavam inventariados e atribuídos à Ermida do Pé da Cruz» de Faro.

«Fomos selecionados para esta mostra e tínhamos um desejo enorme de os ter presentes. O curioso é que até às vésperas da abertura não se sabia o seu paradeiro, até que o padre Rui Barros, por milagre, acaba por descobri-las. A certa altura deixámos de contar com elas e no final voltámos a ter que as integrar, num esforço impressionante feito pela equipa de conservação e restauro para as ter prontas a tempo» da inauguração.

Ouvido pelo barlavento, Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, revelou que a autarquia tem intenção de reforçar aquele serviço.

«Estamos a pensar contratar mais um ou dois elementos para reforçar a equipa, até para que possa produzir mais e melhor. Esse é o nosso objetivo».

Por outro lado, «a publicação de catálogos é algo que sempre incentivei para que fique na memória e se partilhe o conhecimento que aqui é produzido. Vamos continuar a editá-los sempre que as nossas exposições assim o justifiquem pela sua qualidade e notoriedade», garantiu o autarca farense.

Segundo Marco Lopes, neste momento, a equipa está a trabalhar num retábulo da Igreja Matriz de Estoi e já tem um plano de trabalho para os próximos anos.

A mostra dedicada a Manuel Martins ficará patente até dia 15 de novembro, data que foi aceite pelos emprestadores das peças, devido ao interesse que tem suscitado.

Estão também previstas atividades para as escolas pelo serviço educativo.

Rogério Bacalhau e Marco Lopes.

Próximos projetos do Museu Municipal de Faro

Ainda este ano está prevista uma grande exposição com a coleção de fotografia do Novo Banco, revela Marco Lopes.

«Estamos a falar de uma coleção de referência internacional. O tema será ligado ao território do Algarve, do sul, e até à poesia de António Ramos Rosa. Terá curadoria de Maria Duarte, uma jovem investigadora da Universidade de Coimbra com a ajuda de Alexandra Conde, a responsável pela coleção no Novo Banco, que começou a ser feita em 2004 sob a marca BES».

Em novembro surge o quarto ciclo de arte contemporânea em parceria com a Artadentro, com uma mostra de desenhos inéditos a sul do país de Manuel Baptista.

Para 2021, a equipa de conservação e restauro está a preparar os trabalhos académicos de uma personalidade local ligada ao mundo das artes, Joaquim António Viegas, na vertente do artista e do estudante de Belas-Artes.

«Os trabalhos fazem parte do nosso acervo mas nunca foram mostrados. São nus, muito interessantes, que nunca foram tratados e nunca foram expostos. Vamos falar também do seu trabalho enquanto cenógrafo nos mais importantes teatros da capital. Finalmente, vamos também mostrar um pouco da sua coleção de cartazes de cinema e, passados 15 anos, vamos editar o catálogo a eles dedicado que aguardava publicação».

João Guerreiro apresenta Anais de Faro 2020

A sessão de apresentação do XLII Volume dos Anais do Município de Faro – 2020, terá lugar no sábado, dia 26 de setembro, às 15 horas, no Salão Nobre dos Paços do Município e será presidida pelo presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau. Guilherme d’Oliveira Martins, curador dos Anais do Município de Faro desde dezembro de 2019 e cidadão honorário de Faro desde o passado dia 7 de setembro, estará na apresentação desta que é a primeira edição sob a sua direção.

Neste volume de 2020, destacam-se um conjunto de artigos sobre a história do concelho e da região, da autoria de especialistas nas diversas áreas de investigação, sem esquecer os textos da secção «Vistos e Vistas», consagrados a um passado mais recente.

A apresentação desta nova edição dos Anais do Município de Faro, estará a cargo de João Guerreiro, ex-Reitor da Universidade do Algarve.

A cerimónia realizar-se-á com respeito pelas normas e indicações de segurança sanitária vigentes. O uso de máscara, a observância das regras de etiqueta respiratória e o distanciamento físico são obrigatórios.