Enfermeiros do Algarve renovam luta pela progressão das carreiras

  • Print Icon

Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) organizou uma ação de protesto à porta do Hospital esta manhã para explicar os motivos da greve nacional de quatro dias.

A direção regional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) organizou uma ação de protesto à porta da unidade de Faro do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), na manhã de terça-feira, 22 de novembro para explicar as razões da greve nacional, que decorreu durante quatro dias (17, 18, 22 e 23 de novembro).

Ao barlavento, o dirigente sindical Nuno Manjua, explicou que «estávamos num processo negocial com o Ministério da Saúde sobre a progressão dos enfermeiros e o que acontece é que a tutela encerrou unilateralmente as negociações. Por essa razão, decidimos manter a greve, porque esta decisão deixa de fora milhares de enfermeiros em situação de não contagem total do tempo de serviço. Por outro lado, faz uma discriminação em relação aos outros trabalhadores da Administração Pública, porque como sabemos houve um descongelamento da progressão das carreiras em 2018 e agora aos enfermeiros apenas, o ministério quer pagar retroativos a janeiro deste ano 2022. Isso é inaceitável».

Nuno Manjua sublinha que «são quatro anos de retroativos que ficam em dívida e pior que tudo é que o Ministério da Saúde ainda chama aumentos salariais aquilo que é o pagamento de uma dívida. É só lamentável».

Por último, «enfermeiros são discriminados em relação a todos os outros licenciados da Administração Pública, porque em 2022 e é algo que vai continuar em 2023, o governo fez uma atualização salarial das grelhas da carreira de técnica superior, que abrange os licenciados da Administração Pública, mas na carreira dos enfermeiros, que também são licenciados, não fez atualização absolutamente nenhuma. Para nós, isso também é inaceitável e por essa razão os enfermeiros fizeram greve».

E, no Algarve, o SEP aponta o dedo à administração do CHUA e à Administração Regional de Saúde (ARS) que «assumiram em 2019 contar pontos e progredir os enfermeiros na carreira e nunca cumpriram» o acordo.

À porta do hospital de Faro, os enfermeiros montaram um mural com 6 metros quadrados, com assinaturas, frases e fotos que os utentes subscreveram, no ano passado, no âmbito da campanha «Agora somos nós que precisamos de si – O governo não ouve os enfermeiros: Ignora a experiência profissional e décadas de trabalho; ignora o desgaste de milhares de horas extraordinárias; ignora injustiças que se arrastam há demasiados anos».

«É um mural simbólico. Estão aqui representados cerca de 300 utentes que subscreveram em 2021, a nossa campanha e que desta foram deram o seu apoio aos enfermeiros. E foi uma campanha fantástica de entrega e dedicação de todos os utentes de completa solidariedade, onde crianças, jovens, adultos, idosos, todos assinaram o nosso postal, nos vários concelhos do Algarve. Aqui temos apenas uma pequena representação dos vários concelhos, sobretudo de Albufeira, Faro, Loulé, Parchal, Portimão, Quarteira e Tavira. É apenas 10 por cento daquilo que já foi entregue no Ministério da Saúde. Só no Algarve recolhemos mais de 3000 destes postais», contabiliza Nuno Manjua.

Em 2020, «realizámos uma petição pública onde recolhemos mais de 4600 assinaturas dos algarvios. Levámos uma petição à Assembleia da República para apoiar os enfermeiros do Algarve que, pasme-se, só cerca de dois anos depois é que agora vai ser discutida no Parlamento, no dia 30 de novembro e, obviamente, contamos com o apoio de todos nesta luta para a progressão dos enfermeiros porque, relembro, temos profissionais com 20 anos de serviço que estão ainda na primeira posição remuneratória da carreira, a ganharem exatamente o mesmo que qualquer licenciado que sai hoje da universidade».

Em relação à adesão, à data, «aquilo que podemos dizer é que mantém-se em linha com os números da semana passada, com os dados recolhidos até ao momento temos cerca de 70 por cento dos enfermeiros em greve aqui no Hospital de Faro e continuamos a recolher mais informações no Hospital de Portimão e nos Centros de Saúde» da região.