Município de Faro anunciou hoje a intenção de expandir o UAlg Tec Campus durante a inauguração do escritório da Deloitte.
Apesar da operação na capital algarvia já dar frutos, só agora é que a multinacional decidiu inaugurar, de forma formal, o escritório no UAlg Tec Campus, no campus da Penha da Universidade do Algarve (UAlg) em Faro. A cerimónia que contou com a presença de António Lagartixo, CEO e Managing Partner da Deloitte, decorreu na tarde de terça-feira, dia 16 de maio.
A novidade, contudo, foi avançada por Paulo Santos, vice-presidente da Câmara Municipal de Faro, que realçou o «importante» papel daquela infraestrutura.
«Há pouco mais de um mês assinalou o primeiro aniversário e já é, nesta altura, fundamental para a expansão do desenvolvimento económico e tecnológico da nossa região, seja através do apoio a start-ups e empreendedores locais pelas dinâmicas colaborativas entre empresas e academia, seja pela presença de consagradas empresas multinacionais».

Por isso, o município de Faro «decidiu, nesta primeira fase, avançar com o projeto de arquitetura e especialidades para a expansão» do UAlg Tec Campus, apesar de ainda haver alguma incerteza «sobre financiamentos» e sobre «como vamos conseguir viabilizar» a expansão.
Para começar, segundo o autarca, está disponível espaço, «mesmo ao lado, em frente às piscinas municipais, com 12 mil metros quadrados de construção», e o projeto «poderá ser faseado ou feito numa só vez».
Nesse sentido, em conjunto com a Algarve STP, a UAlg e a Algarve Evolution, e todos os agentes envolvidos, «começámos a construir uma memória descritiva. Dentro de um mês, queremos que esteja concluída para podermos avançar, ainda no primeiro semestre, com a encomenda do projeto de arquitetura e especialidades para que, até ao final do ano, consigamos ter o projeto na mão», anunciou.
Depois, «iremos à segunda fase, que é viabilizar a sua construção. Aí teremos, mais uma vez, que dar as mãos para que consigamos atingir esse objetivo», previu.
«Era importante também olhar com orgulho para o que já se construiu até hoje, mas acima de tudo, perspetivar a curto espaço de tempo, qual o próximo passo. É importante agir no momento para que possamos ter condições de dar condições às empresas do Algarve, às empresas que são criadas com base na formação da UAlg, e às de referência nacionais e internacionais, como a Deloitte, para que possam continuar a desenvolver a sua atividade e ter aqui, em Faro, um objetivo de desenvolvimento e de futuro. É esse o nosso compromisso», acrescentou Paulo Santos.
«Estamos certos e acreditamos que este laboratório de criação de soluções de elevado valor acrescentado se vai constituir como uma enorme mais-valia, ajudando a fixar os nossos mais brilhantes quadros, mas também atrair cada vez mais talento para o nosso concelho e para a nossa região. Essa é, aliás, uma prioridade para a autarquia» de Faro.
Paulo Águas deu nota positiva à parceria
No uso da palavra, o Reitor da UAlg referiu que «a nossa avaliação desta parceria com a Deloitte é muito positiva. O nosso sistema de ensino superior tem dados passos bem grandes nos últimos anos. Devemo-nos sempre comparar com os parceiros e com os que achamos bons exemplos e há indicadores em que estamos acima da média comunitária. Temos uma percentagem de jovens no ensino superior que é maior e mais elevada da média comunitária, embora, em termos globais, a nossa população ativa tenha menos formação que a população ativa dos nossos parceiros. Também é importante criar condições para que não haja drenagem do nosso talento. Temos de reconhecer que está a existir alguma».
Por isso, recomendou Paulo Águas, «temos de fazer algo» para estancar a fuga. «Não será através da redução do esforço que o país tem vindo a fazer na formação dos nossos jovens. Não é essa a solução. Vamos esperar que as dinâmicas do mercado permitam reter o nosso talento, como também captá-lo para o nosso país».

O magnífico fez ainda um olhar muito breve sobre o mercado de trabalho na região. «Os dados do primeiro trimestre de 2023 dizem que o rendimento médio no Algarve líquido mensal, por conta de outrem, está oito por cento abaixo da média nacional. É o valor mais baixo entre as regiões do continente, mais baixo do que na Região Autónoma dos Açores. É apenas superior na Região Autónoma da Madeira. Os salários são mais elevados nos grupos de especialistas nas atividades intelectuais e científicas e nos técnicos e profissões de nível intermédio. O que o Algarve também precisa é que tenhamos mais emprego nestas áreas, porque só assim o rendimento médio será mais elevado».
«Em 2022, pela primeira vez, o valor das exportações em bens e serviços de Portugal ultrapassou os 50 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em valor acrescentado. É certo que este primeiro trimestre do turismo, em comparação com o trimestre anterior, que ainda tinha efeitos de pandemia, é uma coisa extraordinária, mas sabem qual o tipo de bens e serviços com maior crescimento de exportações entre 2019 e 2022? Serviços de telecomunicações, informáticas e de informação. Cresceu 76 por cento das exportações. O país está a mudar. Desde 2019, as exportações de serviços de telecomunicações, informáticas e informação são superiores às exportações de vestuário e calçado. Em 2022, não só ultrapassaram, como eram 70 por cento superiores. Esperamos que a Deloitte continue de boa saúde, porque esta parceria é muito importante para a UAlg no sentido de proporcionar melhores saídas profissionais e retenção dos nossos talentos na região».
António Lagartixo satisfeito com a UAlg
No uso da palavra, António Lagartixo, CEO e Managing Partner da Deloitte, referiu que «estamos a trabalhar em Faro há algum tempo e temos vindo a fazer este caminho em conjunto com UAlg. Hoje em dia, temos mais de 40 profissionais que já estão associados a este nosso escritório, entre alunos, naturalmente, e consultores que trabalham a partir daqui, quer para clientes a nível nacional, quer para clientes ao nível internacional».
«A maior parte dos alunos que temos contratado são oriundos também da região do Algarve e temos uma ambição, de conseguir atrair também pessoas da Europa para virem trabalhar connosco, a partir do que o Algarve tem para oferecer», confidenciou.
Em conversa com os jornalistas, explicou que o escritório de Faro «vai funcionar integrado em dois centros mundiais de soluções tecnológicas complexas que temos em Portugal. Com estas instalações, poderemos chegar aos 250 colaboradores».
Um parte já vêm do programa Bright Star, destinado a finalistas do ensino secundário que queiram enveredar por cursos de base tecnológica na UAlg, com o apoio da empresa, por exemplo, no custo das propinas.
«Sim, neste momento temos 40 alunos/ profissionais. São duas turmas e vamos arrancar com mais duas em setembro. A ideia é termos aqui pessoas com mais experiência profissional que possam vir de outras zonas de Portugal. Com o passar do tempo, os jovens vão evoluindo profissionalmente. Queremos dar-lhes carreira».
Até ao final de 2023, a Delloite irá abrir escritórios em Braga, Coimbra e Setúbal, que se juntarão a Viseu e a Faro.
Uma contribuição para o país
Esta rede nacional de escritórios da Deloitteirá permitir dar continuidade à operação dos dois novos centros tecnológicos em Portugal, os Global Technology Solutions Centers, anunciados em novembro de 2021.
«A inovação tecnológica e digital tem sido o pilar da nossa atividade, em particular nos últimos anos. Já não é um sinónimo de futuro, faz parte daquilo que é o nosso presente. Num contexto em que assistimos aos avanços em Inteligência Artificial, são cada vez mais impressionantes e impactantes as consequências ou as possibilidades que nos trazem e isso também faz pressão na quantidade de profissionais que necessitamos com formação e com background nestas áreas. Por isso, é para nós muito importante continuar a trabalhar com os estabelecimentos de ensino que nos permitem dotar os nossos jovens de maiores e melhores competências», referiu.
«Por isso é que temos vindo a fazer um fortíssimo investimento nas áreas que são consideradas estratégicas para a competitividade nacional e também para a competitividade regional em cada uma das zonas onde temos aberto escritórios. Em Portugal, estimamos que, em setembro, ultrapassaremos os 5500 profissionais. Pretendemos, naturalmente, continuar a crescer e a mostrar naquilo que é o novo talento nacional», estimou.

«Como imaginam, há muita concorrência interna dos países com custos de mão-de-obra muito mais baixos que nós. Aquilo que nos distingue é a capacidade e a qualidade das pessoas disponíveis em Portugal», disse ainda.
«Queremos contribuir para aquilo que é a exportação de Portugal e, com isso, naturalmente, canalizar mais e melhores recursos para o país e para o desenvolvimento da nossa sociedade. Estamos a falar de soluções complexas, de implementação tecnológica de ponta. Acho que isso é um contributo muito, muito valioso para Portugal. E estamos a fazê-lo de uma maneira descentralizada, numa rede à escala mundial», explicou
«Não me canso de sublinhar que podemos competir ao mais alto nível, em serviços diferenciados de alto valor acrescentado. E, portanto, temos de continuar a apostar de uma maneira muito forte e sem qualquer incitação naquilo que é o ensino, naquilo que é o desenvolvimento dos nossos jovens a médio e longo prazo», concluiu António Lagartixo.