Festival «entre-maréS» tem lugar no núcleo piscatório da Ilha da Culatra sob o lema «sustentabilidade em forma de cultura».
A Ilha da Culatra volta a ser palco de mais um evento cujo propósito central é sensibilizar e alertar a comunidade, visitantes e turistas para a importância de preservar os recursos naturais e culturais locais, alinhando-se desta forma com a estratégia de transição energética e de sustentabilidade em curso naquele núcleo piscatório.
Depois do sucesso alcançado pelo Festival MaréS, realizado em maio, a Associação de Moradores da Ilha da Culatra (AMIC), em parceria com a Sciaena e a Make it Better, voltam a colocar na agenda cultural da ilha, entre os dias 23 e 25 de setembro, o «entre-maréS».
Trata-se de uma versão intercalar, mais curta, mas não menos importante e divertida, onde serão protagonistas os desportos aquáticos, as artes visuais, o cinema, e claro, o respeito pelo meio ambiente e pela identidade culatrense.
O evento, cofinanciado pelo programa Cidadãos Ativ@s (coordenado em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação Bissaya Barreto), coloca uma vez mais a sustentabilidade no centro das atenções, promovendo a utilização do copo único da ilha, dando visibilidade aos projetos em curso, exibindo peças com motivos de conservação marinha, utilizando energias limpas, e muito mais, contribuindo assim para a consciencialização de visitantes e residentes.
O «entre-maréS» começa hoje, sexta-feira dia 23 de setembro com o espetáculo musical de Mateus Verde, integrado na série de «Concertos ao Entardecer 2022», organizado pela Associação Cultural Ar Quente, seguido da projeção, no Largo da Igreja, de vídeos dos projetos de sustentabilidade a decorrer na Ilha da Culatra, a saber, o projeto de autonomia energética «Culatra2030 – Comunidade energética sustentável» e os projetos de envolvimento e capacitação comunitária «Culatra – Comunidade Sustentável» e «Culatra Responsável».
Durante os três dias do «entre-maréS» estará patente uma exposição de peças artísticas inspiradas no tema da conservação marinha, a ter lugar no pavilhão do Clube União Culatrense.
Na manhã de sábado 24 e domingo 25 de setembro «começaremos o dia com desportos aquáticos na Ria Formosa, junto ao Porto de Pesca, onde será possível realizar as atividades de Stand Up Paddle (SUP) e canoagem entre as 10 e as 17 horas. Atividades essas trazidas à Ilha pela vontade do Clube Surf Faro. Haverá, também, uma rede de vólei de praia disponível para jogo livre e espontâneo».
«Este festival é diferente do anterior porque dá a oportunidade aos culatrenses de fazer desportos aquáticos virados para a Ria», explica Mário Padinha, 29 anos, jovem fotógrafo e residente da Ilha da Culatra que participa ativamente nos projetos de sustentabilidade da ilha e na organização do «entre-maréS».
Ainda no sábado irá decorrer um encontro de artistas pela sustentabilidade sob o mote «O poder da criação artística e dinamismo cultural» que juntará diversos artistas para falarem sobre ideias que permitam aproveitar o lixo marinho com o objetivo de criar peças artísticas.
«Estas atividades são muito importantes para mostrar às pessoas que é possível aproveitar o que foi deitado fora, e que podem sempre reutilizar o que todos pensamos que não é utilizável, transformando o lixo em peças de arte», acrescenta Mário Padinha.
Ao cair da noite de sábado e domingo serão projetados, no Largo da Igreja, dois filmes sobre a temática da insularidade.
No sábado será exibido o filme «Eating up Easter» do realizador Sergio M. Rapu, que nos mostra a realidade dos habitantes da Ilha de Páscoa, no Pacífico, que lutam contra a poluição causada pela crescente pressão turística sobre Rapa Nui.
O filme de domingo, «Entre Ilhas» da realizadora Amaya Sumpsi é um périplo sensorial aos Açores, encantado com memórias antigas dos seus habitantes que só conheciam as viagens de barco.
«Estes filmes falam de realidades diferentes, de outras pessoas e outras ilhas, mas sempre sobre a insularidade e, daí, há exemplos para servir de motivação a outras comunidades com quem têm coisas em comum», explica diz Valentina Muñoz, bióloga marinha da Sciaena e responsável da organização do «entre-maréS».
No domingo dia 25, além das atividades já mencionadas, às 10 horas será organizada uma corrida de barcos. Uma atividade tipicamente Culatrense que fortalece a identidade e cultura da comunidade da Ilha da Culatra.
Fotos: Mário Padinha