Clube Naval da Fuzeta inaugura Escola de Kiteboard

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Clube Naval da Fuzeta conta já com 17 atletas federados e é o primeiro do país focado em exclusivo na formação e na competição. Ambição do clube é tornar a Fuzeta na capital do Kiteboard.

A zona ribeirinha, onde se encontram as instalações da sede provisória do Clube Naval da Fuzeta (CNF), acolheu na manhã de sábado, dia 11 de julho, a cerimónia de inauguração da Escola de Formação de Kiteboard, apadrinhada por Paulino Pereira, um dos melhores atletas do mundo na modalidade.

«O Clube tem 35 anos de existência e muita história. A nossa aposta no kiteboard deve-se ao facto do desporto ter sido incluído nos Jogos Olímpicos. O nosso clube foi pioneiro aí e conseguiu perceber que a aposta tinha de ser na formação e na competição. Temos 17 atletas e, neste momento, somos o clube mais representativo de Portugal em termos de licenças desportivas», começou por explicar ao barlavento Ricardo Magalhães, um dos diretores do CNF e o coordenador da Escola de Vela.

E o que torna a zona da Fuzeta favorável para a prática deste desporto? Magalhães respondeu. «As condições são excecionais porque conseguimos abranger todo o tipo de atletas. Como temos uma parte interior com a Ria Formosa, permite-nos em segurança dar todas as aulas à iniciação. Depois temos o mar. Estamos a 100 metros da barra e a 100 metros do mar e isso é fantástico porque temos todas os requisitos para oferecer. Além disso, em termos naturais, esta zona é fantástica para a prática destes desportos» aquáticos.

António Camacho, António Roquette, José Segundo, Fátima Catarino e João-Alcanena.

Ainda de acordo com o diretor, a ambição do CNF é tornar a Fuzeta na capital do kiteboard. «Assim como a Nazaré está para a onda gigante, queremos que a Fuzeta esteja para o vento». Certo é que os primeiros passos já estão a ser dados. Os atletas mais novos da escola têm oito anos e o vice-campeão nacional de TT:R [uma das classes do kiteboard] treina no Clube. Assim como, o terceiro lugar na classe de kitefoil. «Somos realmente um Clube de kiteboard a nível nacional», acrescentou.

Quem marcou também presença na cerimónia foi António Roquette, presidente da Federação Portuguesa de Vela, que se deslocou do Porto para fazer uma oferta ao CNF. «Temos de reconhecer o trabalho que a Fuzeta tem feito. Em licenças desportivas estamos a falar de 91, o que é realmente muito importante. Por outro lado, sabemos que o Clube tem algumas dificuldades, mas apesar disso tem vindo a criar aqui todo um contexto tanto no windsurf como no kiteboard, que o faz liderar nessa área. A razão que me faz estar aqui hoje presente é porque adquirimos mais de 20 pranchas e oferecemos um pouco por todo o país, incluindo Açores e Madeira. Quatro pranchas serão colocadas aqui», referiu ao barlavento.

Francisco Sousa.

Para o presidente da Federação Portuguesa de Vela, o importante agora é colocar os olhos no futuro, mais concretamente nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, onde os atletas do Algarve parecem ter todas as condições para singrar.

«Queremos levar um representante de kiteboard feminino ou masculino e a base está aqui. É aqui que se vão formar os atletas para o futuro. Eles e nós estamos a apostar nisso. Os 12 clubes do Algarve estão muito bem representados com bastante atividade. É talvez a zona do país com mais atividade neste momento. Há realmente vários clubes bons a nível nacional, mas julgo que a quantidade e qualidade estão aqui na região».

No uso da palavra, João Segundo, presidente do CNF, revelou que «há cinco anos, a juventude começou a tomar conta do clube e desde que estamos instalados nesta sede provisória que se nota um aumento enorme de adultos e jovens porque a nossa aposta é na formação. Temos algumas condições e algumas limitações, mas estamos a ter um incremento muito grande e já temos 46 atletas federados. Hoje reunimo-nos para inaugurar uma escola que não creio que existam muitos clubes que a tenham».

Em representação da Câmara Municipal de Olhão, o vereador António Camacho quis também deixar uma mensagem aos presentes. «É um prazer enorme e uma grande satisfação voltar a ver a Fuzeta com atividade náutica desportiva. Nunca recusámos apoio às atividades e ao desenvolvimento do espaço da sede do CNF, que se insere já num quadro de apoios que a Câmara Municipal tem vindo a atribuir com a celebração de contratos de programa de desenvolvimento desportivo. A nossa disponibilidade é total, assim também a Federação ajude esta atividade e este ressurgimento feliz deste clube, que bem merece».

Manuel Carlos, presidente da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta acrescentou ainda que «o CNF teve uma certa letargia durante muito tempo. Lembro-me perfeitamente e tenho aqui uma pequena percentagem no crescimento do mesmo. O que está aqui hoje já não envergonha ninguém e estamos todos de parabéns».

Por parte da Região de Turismo do Algarve (RTA), representada pela vice-presidente Fátima Catarino, as palavras foram de força e de esperança.

«O turismo náutico é um segmento muito importante. Não é só o sol e o mar, mas também as atividades que no mar se realizam, que são de extrema importância, porque permitem ao Algarve atenuar a sazonalidade uma vez que são desportos que se praticam durante todo o ano. Ativar este clube e dar-lhe uma nova dinâmica é muito importante para a região. Peço aos atletas destas modalidades que continuem. A COVID-19 não nos vai abater. Vamos criar nova dinâmica, nova força e vamos fazer do Algarve novamente um destino importante a este nível».

A maior surpresa da manhã foi o discurso de António Roquette, merecedor de uma grande salva de palmas por parte de todos os presentes.

«A Federação certifica as escolas de vela e estou cá hoje para fazer isso mesmo. É muito importante ter escolas certificadas. Julgo que a Fuzeta está no bom caminho e a maior satisfação que poderia ter era ver algum atleta daqui nos Jogos Olímpicos de 2024. Venho aqui também para ajudar este clube. Além das quatro pranchas que tenho para oferecer, vamos ainda enviar verbas de apoio da Federação para o CNF. Temos estado em contactos e reuniões com as autoridades. Ontem reuni com três capitanias do Algarve. Queremos a possibilidade dos editais contemplarem este tipo de modalidade. Vamos ver se conseguimos uniformizar o edital de forma a que a atividade seja possível nas praias. É fundamental que isso aconteça», reforçou.

A quem quiser experimentar o batismo de kiteboard, ou outro desporto náutico, Ricardo Magalhães lançou o repto. «Basta vir ao CNF, fazer-se sócio e ter uma experiência. O investimento inicial neste desporto é o natural, como em todos os outros, no entanto creio que é até barato tendo em conta o retorno que dá ao nível das sensações e do prazer».

Campeonato Nacional de Kiteboard regressa à Fuzeta

À semelhança do que aconteceu no ano passado, também em 2020 o Clube Naval da Fuzeta (CNF) fica responsável pela organização do Campeonato Nacional de Kiteboard, que terá lugar nos dias 12 e 13 de setembro, na Ilha da Armona.

Segundo explica ao barlavento um dos diretores do CNF e coordenador da Escola de Vela, «este ano a novidade é uma nova modalidade, o wingfoil, onde as pessoas estão em cima da água com um foil e uma asa. Vamos ter a clássico, o TT:R, que é o massivo que toda agente conhece do kiteboard, em formato slalom e ainda o kitefoil, em formato de race, que agora é um olímpico e está a criar uma grande aposta na Federação Portuguesa de Vela».

Trata-se de um trabalho que o CNF está habituado a fazer, uma vez que em dois anos organizou quatro Campeonatos Nacionais. O mais próximo a realizar-se será o de Windsurf Slalom, no final do mês de julho, no Martinhal (Alqueva).

António Roquette, presidente da Federação Portuguesa de Vela prometeu regressar ao Algarve em setembro, de modo a assistir ao Campeonato de Kiteboard, visto que «a Fuzeta tem feito um trabalho reconhecido a nível nacional».