Centro Oncológico de Referência do Sul custará 14 milhões e estará pronto até final de 2024

  • Print Icon

Centro Oncológico de Referência do Sul custará 14 milhões e estará pronto até final de 2024, disse hoje a presidente do conselho de administração do CHUA.

Foi uma «cerimónia simples, mas extremamente importante», como descreveu Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, que desta vez não mostrou «nenhuma primeira pedra», mas «o primeiro de vários passos» para concretizar o projeto do Centro Oncológico de Referência do Sul, que teve lugar esta tarde, no Estádio Algarve, no Parque das Cidades.

A ocasião serviu para assinar o protocolo de cedência de um terreno com cerca de 5.500 metros quadrados (m2), por parte da Associação de Municípios Loulé/Faro ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA).

Ana Vargues Gomes tinha acabado de reunir com o conselho de administração do CHUA, que preside, onde foi aprovado o caderno de encargos para o lançamento do concurso público internacional para a construção e equipamentos de tecnologias de ponta do futuro Centro Oncológico de Referência do Sul.

«Apenas faltava assinar este protocolo. O concurso já tem júri constituído e será lançado de imediato, provavelmente até já na próxima semana», explicou. Espera-se que fique pronto até ao final do próximo ano, «e eventualmente, a funcionar».

«Em relação ao valor total do investimento, o que está previsto são 14 milhões de euros», sendo que o orçamento do CHUA para este ano e para o próximo irá assegurar 40 por cento do total, enquanto contrapartida nacional. Os restantes 60 por cento serão financiados pelos fundos europeus do novo Programa Regional Algarve 2030, que disponibiliza uma verba de 9 milhões de euros, passível de ser aumentada. Será construído junto ao futuro Hospital Central do Algarve, «precisamente para podermos fazer a ligação entre um edifício e outro».

Questionada acerca de futuros profissionais de saúde para trabalhar no novo Centro, Ana Vargues Gomes, estimou que «teremos certamente novos nas áreas de radioterapia, que não há neste momento no CHUA. Temos um concurso a decorrer para profissionais da medicina nuclear, pois temos um equipamento que vai ser instalado em breve. E depois teremos as equipas que se vierem a juntar a nós, porque teremos um polo de atratividade. Não consigo contabilizar, mas seguramente, haverá muitos interessados em vir trabalhar para um equipamento deste tipo. E mais, como uma área dedicada apenas à investigação» cujos projetos poderão vir a ser desenvolvidos por profissionais nacionais ou estrangeiros. «É toda uma outra perspectiva que vamos abrir e dimensionar», previu.

Explicado de forma sintética, o futuro Centro Oncológico de Referência do Sul, «será uma uma solução que não existe neste momento, onde teremos tudo integrado desde o diagnóstico, ao tratamento e ao seguimento dos doentes, como disse, integrando com a investigação. É um projeto inovador, que não existia até agora na região sul e permitirá, também, ter uma componente humana, da humanização dos cuidados. Ou seja, permitirá que os doentes possam ficar durante a realização dos seus tratamentos».

Isto porque segundo a responsável, «temos muitos doentes que vêm de fora e têm de se deslocar, seja em viatura própria ou mesmo em transporte de ambulância, todos os dias, para fazerem tratamentos de radioterapia. Neste centro vai ser possível poderem ficar de segunda a sexta-feira e regressarem a casa ao fim de semana».

Em relação a números e à logística, «aquilo que estimamos é que teremos resposta para os 2000 a 3000 novos doentes/ ano. Poderemos vir a ter alguns do Alentejo e até mesmo do outro lado da fronteira».

«Hoje, por ano, tratamos à volta de 1500 doentes oncológicos que são diagnosticados na região do Algarve. Destes doentes, vários precisam de fazer exames de estadiamento, que podem necessitar de ir a Espanha ou a Lisboa e outros precisarão de fazer radioterapia, radiocirurgia ou braquiterapia. Para todos estes doentes, de alguma forma, isto será uma mais-valia. Além de encurtar o espaço de diagnóstico, que é uma coisa muito importante em oncologia, faremos todo o percurso no mesmo no mesmo tempo e no mesmo local, algo que neste momento, infelizmente, não acontece».

Além disso, «vamos integrar todo este tratamento e vai permitir ao doente uma maior comodidade e seguramente um tratamento muito mais célere e muito mais humanizado», prometeu Ana Vargues Gomes.

Entre os equipamentos de ponta, o Centro Oncológico de Referência do Sul terá um PET-CT «e medicina hiperbárica porque já é uma realidade de inovação e de investigação no tratamento de doentes oncológicos. Vai ter ressonância, vai ter um TAC para estadiamento dos doentes, vai ter um bloco operatório com possibilidade de fazer radioterapia intraoperatória que é uma algo que não existe neste momento. E todas as técnicas de radioterapia e radiocirurgia que neste momento estão disponíveis» na moderna medicina.

Questionada sobre o futuro da unidade de Radioterapia de Faro, «caberá aos privados decidir o que farão com os seus investimentos. Aí não temos qualquer interferência».

Vítor Aleixo deu nota de «grande satisfação» pois «financiamento há, vontade política está aqui patente e apenas depende de nós. Enquanto que o novo Hospital depende da administração central, este equipamento depende apenas das entidades regionais. Não temos aqui escapatória nem maneira de nos iludirmos uns aos outros. Dada a carência da região nesta vertente da atividade médica, portanto é fazer».

E deu nota da segunda cláusula do protocolo que «a propriedade e exploração do Centro Oncológico de Referência do Sul é da competência exclusiva do CHUA, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ao doentes que dele precisem. A propriedade e exploração não podem a título algum vir a ser cedidas a entidades terceiras fora do SNS. Portanto, chamo a atenção a este aspeto para que não haja dúvidas algumas acerca da ativação do equipamento que vai aqui ser construído com dinheiros públicos». Ou seja, em discordância com o modelo do futuro Hospital Central do Algarve que será, ao que se sabe, uma parceria público-privada.

Presente na mesa esteve também Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro e José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, que também impulsionou a concretização deste projeto através da negociação com Bruxelas para a cabimentação de verba no Programa Regional Algarve 2030.

«Foi com muito carinho apresentamos este projeto, desenhado em folhas de papel branco e a partir daí começou a ter outros contornos. Contagiámos os dois autarcas que acharam que seria uma mais-valia para a região. Fomos pedir ajuda a José Apolinário que percebeu o benefício que este centro trará», concluiu Ana Vargues Gomes.