A tragédia de Antígona, com dramaturgia e encenação de Neusa Dias, é segunda criação de Cenas de Teatro. Estreia em Faro.
A tragédia de Antígona, com dramaturgia e encenação de Neusa Dias, é segunda criação de CENAS DE TEATRO. Estreia em Faro na antiga Fábrica da Cerveja.
Depois da estreia de «Morro como país», em dezembro último na Associação 289, em Faro, chega agora à cena a tragédia de Antígona, com dramaturgia e encenação de Neusa Dias, a partir do texto clássico de Sófocles e das «Antígonas» modernas de Bertolt Brecht, Jean Anouilh e António Pedro.
Na peça que se apresenta nos dias 18, 19 e 20 de fevereiro, na Antiga Fábrica da Cerveja, em Faro, assiste-se ao derradeiro momento de vida de Antígona, antes de ser emparedada viva numa caverna, por ter desobedecido às ordens do rei (Creonte).
Para ela é inconcebível negar cerimónias fúnebres a um dos seus irmãos, Polinices, considerado traidor e inimigo da cidade, enquanto a seu outro irmão, Etéocles, tido como propício à cidade, é concedida sepultura honrosa, depois dos dois irmãos perecerem às mãos um do outro. Por transgredir o édito de Creonte, Antígona morrerá.
Não entram neste espectáculo todas as personagens da tragédia que Sófocles criou, nem o Coro é formado por homens velhos.
Nesta adaptação são apenas cinco as personagens que contam a história e, ao contrário do que sucedia na Grécia Antiga, todas são interpretadas por mulheres, sem qualquer transfiguração de género perante personagens masculinos.
Esbatem-se, é certo, os conflitos entre homens e mulheres, entre novos e velhos presentes no texto original, mas, a tragédia maior de Antígona excede a omissão, continuando, 2500 anos depois da sua estreia, a comover-nos e a lembrar-nos que a existência humana e a constância das sociedades se medem perante o que escapa ao controlo por parte do Homem: a Morte.
No elenco participam as artistas Marta Gorgulho e Neusa Dias e dez estagiárias do Curso Profissional de Intérprete/Actor/Actriz da Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro: Alice Velez, Ana Ferreira, Ana Pereira, Catarina Correia, Iara Jesus, Lara Ramos, Lia Férin, Maria Carrajola, Maria Sousa e Sofia Santos.
Antes da estreia do espectáculo, nos dias 10, 11 e 12 de fevereiro, também na Antiga Fábrica da Cerveja, em Faro, realizam-se sessões de LEITURA, cabendo ao público ler em voz alta o texto de Sófocles. Sem qualquer pretensão de actuação performativa, os participantes são convidados a experimentar o chamado «trabalho de mesa» por que passam frequentes vezes os artistas de teatro na criação de um espectáculo.
A leitura conta com a orientação da equipa artística e tem como objectivo divulgar de forma animada o texto e o seu autor, mas também ajudar o leitor/espectador a compreender a situação dramática proposta pelo texto teatral, libertando-o dessa necessidade no momento em que assiste à representação, capacitando, assim, talvez, o espetador para uma melhor atenção aos signos e significados presentes no espectáculo teatral.