Jovem atleta chegou à capital algarvia, na segunda-feira 6 de julho, no final dos 738 quilómetros de uma muito encalorada travessia da mítica EN2.
Gonçalo Bandeira nasceu a 20 de setembro de 2002 na Lousã. Integra, desde 2017, uma equipa profissional portuguesa de DHI, a Miranda Factory Team, patrocinada pela Miranda & Irmão, Lda, uma das mais importantes empresas portuguesas dedicadas à produção de componentes para bicicletas.
Para quem ainda não conhece, DHI é a sigla internacional adotada para o Downhill, uma das principais disciplinas do BTT.
Além de Gonçalo Bandeira, a equipa profissional conta com outros riders de relevo no panorama DHI português, como Vasco Bica e Tiago Ladeira («Yiao»).
A empresa está também na competição de estrada através da equipa profissional Miranda Mortágua.
No seu recheado palmarés o jovem rider detém atualmente o título de Campeão Nacional de DHI no escalão de Juniores masculinos.

Melhor do que o título nacional, Gonçalo Bandeira é também o detentor da medalha de melhor júnior no Campeonato da Europa de Downhill 2019.
No início de 2020, depois da apresentação da renovada formação Miranda Factory Team a 29 de fevereiro, ficou-se a saber que o jovem atleta já não faria a coisa sem grandes ambições.
As suas atenções e apostas estariam todas canalizadas para a Taça e para o Campeonato do Mundo de Downhill. A pandemia, contudo, trouxe um duro golpe ao mundo do desporto e os planos ficaram em suspenso.
O barlavento foi encontrá-lo no Ameixial, concelho de Loulé, na segunda-feira, dia 6 de julho, quase no final dos 738 quilómetros de uma muito encalorada travessia da mítica Estrada Nacional 2 (EN2).

Já em Faro e em exclusivo para o nosso jornal, Gonçalo Bandeira revelou que a ideia para a viagem até nem tinha sido dele.
«Foi uma brincadeira de amigos e o primeiro culpado foi o João Ferreira que nos desafiou no WhatsApp com uma mensagem a dizer: a EN2 está à nossa espera! O Helder super Padilha (antigo piloto de DHI e atualmente mecânico de Gonçalo Bandeira no Miranda Factory Team) disse logo que sim! E portanto, ninguém quis ficar atrás. Viemos sempre a tentar divertirmos ao máximo, no meio de todo este calor, que tornou o challenge bastante difícil. Mas agora está feito!».
A rir, Helder Padilha explicou que não tinha sido assim. «Eu disse logo no grupo que emprestava a minha bicicleta a quem quisesse vir, mas lá acabou o velho de ter de vir» também.
«É indispensável que as diversas autarquias da EN2 se esforcem por melhorar o produto turístico. Por exemplo, perdemo-nos várias vezes porque faltam muitas placas de sinalização, foi sempre difícil encontrar pontos para abastecimento de água potável, faltam locais com sombra para breves paragens. Mas isto é fantástico. Se fosse melhor preparado para o turismo teria muito mais gente, portugueses e estrangeiros».
João Ferreira mostrou as contas da viagem. Cinco etapas: Chaves a Castro Daire (7h32min – 145,89 km; Castro Daire a Góis (5h22min – 144,19 km); Góis a Montargil (6h44 – 174,26 km); Montargil a Ferreira do Alentejo (5h08min – 136,06 km); Ferreira do Alentejo a Faro (5h12min – 142,12 km), inspiradas na muito recente viagem de Maria Martins e Raquel Queirós, atletas olímpicas apuradas respetivamente para Tóquio, em Ciclismo de Pista e BTT.
O trio explicou que fazer a EN2 de bicicleta é um desafio mítico, e que espera outros lhe sigam as pedaladas.

Mas Padilha, com a concordância do grupo, afirmou que «é indispensável que as diversas autarquias da EN2 se esforcem por melhorar o produto turístico. Por exemplo, perdemo-nos várias vezes porque faltam muitas placas de sinalização, foi sempre difícil encontrar pontos para abastecimento de água potável, faltam locais com sombra para breves paragens. Mas isto é fantástico. Se fosse melhor preparado para o turismo teria muito mais gente, portugueses e estrangeiros».
Por sua vez, Gonçalo Bandeira não deixou de acrescentar que «é mesmo muito diferente do DHI, onde eu só tenho de descer, e nestes dias pareceu-me que só havia subidas. Mas, falando a sério, foi um bom complemento de preparação para mim, embora não o considere um treino mas o concretizar um desafio que tinha estabelecido para mim».
A entrevista permitiu também perceber do estado de alma do jovem rider português.
«Este ano era mesmo aquele em que eu estava mais preparado. No início da época treinei muito focado no calendário que estava a ser preparado para mim, totalmente Mundial, onde eu queria mostrar resultados e lutar por vitórias. Acho que estava mesmo a 100 por cento e tudo isto desceu o meu lado psicológico, mas entretanto, acho que já estou de novo forte e preparado para as corridas que ainda podem vir a acontecer este ano, quer na Lousã (que deveria ter recebido a 1ª prova da Taça do Mundo de DHI, em Março passado), quer na Eslovénia, em França e na Áustria.

Em relação ao seu contrato com o Miranda Factory Team, Gonçalo Bandeira explica que «termina este ano porque é o meu último de Júnior. A partir de 2021 serei Elite e não sei ainda se vou renovar ou não. Mas sei que o que mais quero mais é ser um dos melhores do mundo. É por isso que vou lutar para o resto da minha vida. Agora é certo que a Miranda & Irmão, Lda., nos tem apoiado muitíssimo e estou-lhes muito agradecido, quer a eles, quer ao LouzanPark, quer aos meus pais que também muito me apoiaram e apoiam. Por isso, a verdade é que gostaria muito de continuar no Miranda Factory Team», concluiu.