Bubba Brothers: uma «viagem supersónica» que celebra sete anos

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Bubba Brothers, DJ set algarvio liderado pelo empresário Eliseu Correia, celebra sete anos de carreira com lançamento de novo tema e um concerto amanhã, no rooftop do Hotel Eva, em Faro.

Os Bubba Brothers festejam sete anos de vida amanhã, sábado, dia 11 de setembro, com um concerto especial no Rooftop do Hotel Eva, em Faro.

A festa será gravada em direto para o programa de rádio britânico «Nocturnal Radio Show», e inclui no alinhamento os DJs convidados Son of 8, Charmain Love e Neal McClellandl (Mc Lelland).

A grande surpresa, contudo, será a gravação do videoclip do novíssimo tema «No Name Song», lançado hoje pelo grupo algarvio.

«O set dos Bubba Brothers vai ser gravado ao vivo para depois ser transmitido em Inglaterra. É a primeira vez que tenho conhecimento que uma rádio estrangeira se desloca a Portugal para gravar um set na integra de Djs portugueses», desvenda Eliseu Correia, mentor do coletivo, em entrevista ao barlavento.

Sobre o novo tema «No name song» lançado hoje em vários sites internacionais dedicados à música eletrónica, Eliseu Correia explica que «têm três melodias numa só. Cerca de 80 por cento fui eu que escrevi. Tem uma linha de baixo e de sintetizadores muito diferentes da outras. É muito mais trabalhado e muito mais arriscado do que qualquer uma das outras. Mas também é muito ouvivel e dançável».

A ideia é surpreender o público no sábado. «Seja como for, o público vai responder e isso será o video definitivo. Risco total».

Uma brincadeira que se tornou séria

De forma curta e sucinta, o projeto Bubba Brothers começou por ser uma brincadeira em que numa das festas da empresa EC Travel, Eliseu Correia assumiu a tarefa de dar música ao convívio. Sim, tinha alguma experiência, mas de há pelo menos, três décadas.

«Bem, quando tinha 17 anos trabalhei na discoteca A Onda, do Hotel Alfamar, em Albufeira. Estávamos no verão de 1985 e uma das tarefas que eu tinha era passar música. Na altura, os hotéis tinham essa tradição de ter uma discoteca e era uma obrigação profissional», recorda.

Trinta anos mais tarde, «quis contratar um famoso DJ da praça que hoje em dia é meu amigo, e o valor que me foi pedido para tocar um set de 90 minutos, foi de tal maneira» elevado que motivou Eliseu a tomar conta do assunto.

«Queria dar o melhor aos meus convidados, mas era um exagero». E assim, em 2013, regressa à cabine de som e aos discos, no Le Club, em Santa Eulália (antiga Locomia). «Valeu-me o Zé Black que me deu umas luzes e este sempre por perto para eu não dar barraca», brinca.

Depois, em 2014, surgiu o bar «2Beer or not 2Beer» em Montenegro. «Conversa para aqui e para ali, apareceu a oportunidade de ali passar música. Comprei uma mesa de mistura e convidei o meu amigo Justino Santos para me dar uma ajuda a mala com quase 300 CDs que pesava uma tonelada, na seleção e pré-escuta» dos temas.

«Fizemos uma brincadeira, foi um êxito e começaram a surgir convites para irmos tocar. Claro, no início era muito fraco do ponto de vista técnico. Peguei em mim e fui para a capital do Reino Unido tirar um curso de DJ» na prestigiada London Sound Academy, em 2015.

«Procurei as melhor escolas da Europa e ainda pensei em ir para uma da Pioneer em Amsterdão. Escolhi Londres. Quando regressei, não digo que vim um homem novo, mas um DJ novo de certeza! Aprendi a lidar com os pratos, a acertar as batidas, a misturar as músicas e procurar os temas que podem ser um match, e claro a lidar com o material», a tocar fechado numa cave durante várias horas por dia.

Foi difícil? «Foi. Ainda hoje pratico aquilo que me foi ensinado».

A evolução não foi apenas técnica, mas também de conteúdo.

«Eu tocava música dos anos 1980, um parte comercial e uma vertente mais dura (Clash, ZZ Top, The Stranglers, ACDC). Era um revivalismo. Mas percebei que teria de me adaptar às novas realidades, fui evoluindo para a house music», diz.

Quando evoluiu para o digital, Justino Santos já não carrega a mala, mas continua a ser parte do projeto Bubba Brothers.

Eliseu Correia.

Compor ou atuar ao vivo? Eis a questão…

Ávido colecionador de CDs, soma mais de 5000 exemplares na sua discografia pessoal, Eliseu Correia, como DJ, começou a aventurar-se na composição de temas.

Em 2019, lançaram o primeiro tema original «Carla’s beat» que entrou diretamente para o TOP 100 da beatport. «Foi uma surpresa para mim», em 21º lugar e foi considerada uma das melhores músicas do mês de junho.

No entanto, o grande reconhecimento veio com o tema «Karma» que «fez com que isto explodisse. A música correu o mundo. Temos ouvintes no Spotify de 53 países e o alcance das nossas playlists já vai quase em 1,5 milhão de pessoas», estima.

«Tivemos no TOP da music news e no TOP 40 do Reino Unido e tem sido uma viagem supersónica», sublinha.

«Não sou nenhum Beethoven da música eletrónica. Hoje em dia a informática tem ferramentas que permite aos leigos fazer música. Primeiro escolho a batida, depois vou juntando o baixo e o sintetizador. Não se faz de um dia para o outro. Todos os dias trabalho um pouco a mistura. Há milhares de opções e de instrumentos disponíveis. O que tento fazer é transpor uma música que tenho na minha cabeça para dentro do software. É muito difícil porque todas nossas músicas têm de ter uma melodia, um leitmotiv. É como se fosse uma pizza».

E quando a base está pronta «tenho alguns colaboradores que ajudam no trabalho final de produção do tema e cujo trabalho é colocar roupagem sobre a base. E vão enviado propostas», sendo que os Bubba Brothers têm a palavra final.

«Tenho o privilégio de ter grandes profissionais que só fazem isso. Trabalho com alguns em exclusivo cujo trabalho é apenas masterizar. Mas todos os Djs têm ghostwriters cujo trabalho é escrever músicas para eles. Felizmente, os Bubba Brothers já atingiram esse nível em que há pessoas que, mediante um fee (tarifa) se disponibilizam para escrever música original», diz.

Eliseu Correia recebe 20 a 30 originais por dia para avaliar. «A questão é que há sempre mérito quando se escolhe o tema certo, aquele que achamos que pode ser um sucesso. No entanto, quem vai decidir se é boa ou não, não é o DJ, nem o produtor. Quem vai decidir é o público. Tenho muito orgulho nisso, pois tenho muito cuidado» na escrita e produção do repertório original.

«Hoje em dia, sabemos que temos tantas pessoas a seguir-nos que é uma enorme responsabilidade. Acho que somos os amadores mais profissionais que conheço» quer em palco, quer na produção.

Mas, mais do que produzir temas, «o que gostamos mesmo é de estar em público».

Regresso aos palcos

Em 2019, os Bubba Brothers bateram todos os recordes de gigs no verão, sobretudo durante o fim de semana, o que permite conciliar com a vida profissional e a família. O contexto pandémico, contudo, alterou este ritmo.

Eliseu Correia, apesar de este ser um projeto paralelo na sua vida, leva-o muito a sério.

«É uma preciso uma grande bagagem musical.  Ouço quatro a cinco horas de música por dia, habituei-me a ter o cérebro em duas frequências» nas tarefas do dia a dia.

«Um DJ acaba por ser um produto como outro qualquer. A forma como se comunica diz muito sobre isso. Temos a preocupação de arranjar fatores de diferenciação. As pessoas vão ver-nos porque sabem que somos diferentes dos outros todos. Não somos generalistas».

Ainda assim, o grupo não privilegia o material próprio. «Um pouco de humildade nunca fez mal. Quando acho que mediante o público, as músicas dos outros são mais adequadas e melhores que as minhas, não queremos impingir nada a ninguém. Na verdade, muitas vezes até me esqueço que temos o nosso material. Quando estou a pensar num alinhamento, ainda não consegui interiorizar que tenho alguns temas que são nossos».

Claro que «o prazer que temos em passar uma música nossa e o público vibrar» é completamente diferente.

Por fim, enaltece a parceria com o rooftop do Hotel Eva. «Temos a sorte de conhecer os irmãos Gião. Sem nunca terem ouvido os Bubba Brothers, deram-nos logo quatro a cinco datas. É um sinal de grande confiança e as atuações têm sido épicas», conclui.