Autódromo Internacional do Algarve aposta em Parque Tecnológico

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Paulo Pinheiro revela que prioridade do Autódromo Internacional do Algarve (AIA) para 2021 será concluir o projeto do Parque Tecnológico, valência que ainda está por concretizar.

«O Autódromo Internacional do Algarve é um projeto que foi desenhado e pensado ao nível global. Por isso conseguimos sobreviver até aqui, com muitas dificuldades, como é óbvio. O circuito tem uma vertente de eventos corporativos, apresentações e testes que estão diretamente projetados para o mercado mundial», esclarece Paulo Pinheiro, fundador e CEO da Parkalgar, Parques Tecnológicos e Desportivos, SA, empresa que gere o AIA.

Em 2016, a empresa faturou mais de 20 milhões e declarou quase cinco milhões de lucro. Ente 2017 e 2019, a faturação baixou para metade, ainda assim sempre com números positivos. Ou seja, conseguiu provar que é um projeto viável e sustentável do ponto de vista financeiro. Paulo Pinheiro orgulha-se sobretudo de, ao longo dos últimos cinco anos, o AIA ter uma média de 330 dias de ocupação.

O complexo, que emprega cerca de 120 pessoas, ocupa mais de 300 hectares, além da pista principal, inclui pista de karts, parque todo-o-terreno, hotel, apartamentos, complexo desportivo e o ainda por concretizar Parque Tecnológico.

«O Parque Tecnológico será o nosso foco principal a partir de janeiro de 2021. Queremos atrair empresas relacionadas com o ramo automóvel, que tenham aqui centros de desenvolvimento e pesquisa tecnológica. O objetivo é que precisem, em permanência, da pista para testes. Isto faz sentido, porque vai criar a necessidade para o negócio se perpetue», prevê.

Por outro lado, está em cima da mesa uma parceria com Theodoro Fonseca, acionista maioritário da SAD do Portimonense.

«Já temos um campo de futebol em frente ao hotel e um projeto para mais dois suplementares, a construir. Achamos que nos vai dar mais uma valência na parte turístico-desportiva muito interessante porque vai alargar o espectro do tipo de clientes», revela.

Em relação à Fórmula 1 Heineken Grande Prémio de Portugal, no dia 25 de outubro, «nestes últimos tempos tem sido uma avalanche de contactos. As pessoas não tinham noção que, se calhar, há vários anos que fazemos um trabalho meritório. Até parece que agora caiu um raio divino que nos iluminou e nos deu a Fórmula 1. Nada na vida é assim».

«Para acolhermos a Fórmula 1, temos de ter credibilidade, capacidade de trabalho e uma série de condições precedentes. E esse trabalho anterior, de programação e planeamento existe», sublinha.

«Tudo na área empresarial exige muito esforço e muita dedicação. A Formula 1 é corolário de anos de trabalho e de toda uma estratégia», sublinha.

Em boa verdade, «esta situação da COVID-19, que é uma desgraça, foi o que nos abriu uma janela de oportunidade, porque acolher a prova já era apenas uma questão de dinheiro. Houve um conjunto de fatores que se alinharam e conseguimos».

«Para trazer a Fórmula 1, falamos com três a quatro pessoas e as negociações ficaram resolvidas. Há eventos em que lidamos com 30 a 50 pessoas para decidir», como é caso do Campeonato Mundial de Superbikes, por exemplo.

Pinheiro tem agora na secretária uma lista de 10 páginas A4 com tarefas «que temos de fazer. Há um nível de exigência gigante e o circuito ficará imaculado» para receber as equipas.

O traçado técnico da pista do AIA tem sido elogiada por pilotos de todo o mundo e também pela principais autoridades desportivas. O declive natural do terreno proporcionou condições ideais para desenhar um circuito desafiante. Não admira por isso, que em relação à corrida de outubro, o primeiro batch de 20 mil bilhetes tenha esgotado nos primeiros dias.

Foto: Nuno de Santos Loureiro.

Em 30 anos de ligação ao desporto automóvel, «nunca vi um interesse tão grande como o está a haver nesta prova. Vem de todos os quadrantes e de todas as faixas etárias. Superou as expetativas. Recebi mensagens de pessoas que presidem os departamentos de competição das marcas de topo mundiais, muito emocionadas, contentíssimas. A opinião unânime é que vai ser uma corrida fantástica. Todos têm a sensação que há sonhos que se concretizam e este é sem dúvida, um bom exemplo», diz.

Questionado sobre a segurança do evento que acontecerá com o estado de contingência em vigor, Pinheiro apela ao cumprimento coletivo das regas de etiqueta sanitária: «fizemos um trabalho muito bem estruturado, mas têm de ser as pessoas a ter um papel autovigilante, para que os próximos eventos também possam ter público».

Em relação ao futuro, e apesar do calendário do próximo ano ainda não estar fechado, o AIA «provou que o total é superior aos diversos negócios isolados, porque estes vão-se potenciando entre si».