Aurora, em Loulé, aposta em cozinha de autor, de matriz portuguesa. Chef Vitor Veloso dá-lhe um toque de mundo.
No coração da cidade de Loulé, o número 14 da Rua Dom Paio Peres Correia acolhe o restaurante Aurora by Vitor Veloso, um espaço idealizado pelo chef, cujo nome tem um significado especial.
«Prometi à minha avó, há muitos anos, que um dia criaria um restaurante com o seu nome. Uma vez que abri portas em plena pandemia, sempre achei que o renascer do dia seguinte seria melhor que o anterior. Aurora significa ambos. Além disso, dei-lhe também o meu nome para que se perceba de imediato que existe um chef por detrás de cada prato», conta ao barlavento.
Questionado sobre o conceito, «costumo dizer que é uma cozinha de autor com matriz portuguesa e algarvia. Não é o típico restaurante português, porque as minhas receitas têm um twist e uma outra roupagem que lhes dou. A inspiração para cada uma é o sabor e o produto português e algarvio. Também aposto em diferentes sabores, porque tenho alguns anos de viagens. Alho negro, caril vermelho, por exemplo, são ingredientes com os quais me identifico e sei que são uma boa aposta. Portanto, o Aurora não é um restaurante tradicional português, mas em muitos pratos sentimos logo que estamos no Algarve e em Portugal. Faço questão que assim seja e tenho muito orgulho nisso».
Em relação à escolha de Loulé para o seu primeiro projeto no Algarve, o chef afirma que, apesar de não ter sido a sua primeira opção, quando conheceu o espaço, decidiu de imediato.
«Percebi que tem tudo a ver comigo. Este é um concelho que tem um tipo de cliente adaptado a este restaurante que noutras cidades teria mais dificuldades. Gosto muito de Loulé, tem o charme de uma cidade antiga, às portas da serra e quase fora do circuito algarvio de praias. Quem vem a Loulé, quer usufruir da cidade, desfrutar da sua oferta cultural e da sua gastronomia».
Quanto à aposta de inaugurar um novo negócio, com um conceito diferenciador, em plena pandemia de COVID-19, Vitor Veloso salienta que não foi, nem está a ser um período fácil.
«Sou muito teimoso e investi numa altura em que muitas pessoas estão a desinvestir. Assustou-me e continua a assustar-me, porque estamos a ter dificuldades derivado a toda a conjuntura atual e ao facto de ser um espaço diferente. Tudo o que é diferente tem uma dificuldade acrescida. Estou apreensivo por tudo o que está a acontecer. Foi uma pandemia, agora uma guerra e preços a subir. Mas estamos confiantes para o verão e estamos a construir o nosso caminho. Claro que demora até um novo espaço se estabilizar e vamos ter de fazer o trabalho duplamente bem feito», refere.
Ria Formosa à mesa de verão
Desde o início de abril que está em vigor o menu de verão. A premissa para a época alta, segundo o chef, é ter «a Ria Formosa na mesa», daí os choquinhos, as ovas de polvo, a muxama, o camarão da costa e o atum com risoto de cevada e conquilhas. «É o Algarve no seu estado mais puro», aponta.
Nos pratos de peixe, destaca o tártaro de cavala sob filhós de forma com chouriço, abacate e milho frito e o peixe do dia, servido com falso risoto de ervilhas e um ragout de lingueirão. «Estes serão, talvez, os pratos que mais sucesso terão», antecipa.
Para quem prefere carne, Veloso realça a barriga de leitão com puré de abóbora assada e alface romana bebé grelhada com molho do leitão. E nas sobremesas, o ex-libris, também com sabores muito regionais, é a torta de laranja com caramelo de azeitona preta, gelado de lima e coco e pó de azeite.
Em breve, entrará ainda na carta uma tarte merengada de maracujá, que foi um sucesso em fevereiro no menu do Dia de São Valentim. Também na lista, há a opção de cataplana, que será confeccionada consoante o que estiver fresco no mercado. Destacam-se ainda diversas opções vegetarianas, como a cenoura assada com couve fermentada, gema de ovo curada e lascas de queijo de São Jorge, e até propostas veganas, como a beringela com miso, demi glace vegan, cebola caramelizada e favas. Na garrafeira, só há vinhos de castas portuguesas e a aposta é em pequenas produções.
Para o futuro, o chef Vitor conta que o primeiro objetivo é tornar o Aurora numa referência regional. «Depois, gostaria de abrir um segundo restaurante no Algarve. Tenho uma ideia muito bem planeada na minha cabeça há muitos anos», desvenda.
O restaurante Aurora by Vitor Veloso tem capacidade para 32 pessoas no interior e 10 na esplanada. Na mesa do chef, espaço reservado para eventos, degustações e refeições mais privadas, podem sentar-se oito clientes. Está aberto à segunda-feira para jantares, das 19 às 22 horas e de terça a sábado das 12 às 15 e das 19 às 22 horas.
O preço médio de uma refeição ao almoço ronda os 22 euros e ao jantar 32. Para mais informações ou reservas, basta consultar as redes sociais (@aurorabyvitorveloso), enviar email (aurora.restaurant.info@gmail.com) ou contactar por telefone (289035506).